Serão os documentos novos sobre Kardec lançados no jarro de barro, como os evangelhos apócrifos?

 

Se a água não passa duas vezes sob a mesma ponte, qual é a água que passa sob a ponte?

 

Em companhia do pesquisador Ivan Franzolim (na foto à direita), estivemos na FEAL com a assessoria do coordenador do acervo, Paulo Henrique Figueiredo (ao centro).
Um trabalho sério está sendo executado por especialistas, para conservação e digitalização dos documentos.

Quando o espiritismo abriu as portas tão desejadas da espiritualidade com a chave da razão, deixou à mostra um novo mundo de informações, tão vasto que sua absorção demandará um largo tempo de maturação humana.

A quantidade de documentos e Cartas de Kardec, bem como de Chico Xavier, surpreende os observadores.

A uma delas, a que brota das relações entre espíritos e homens de carne, Herculano Pires chamou de interexistencialismo, ou seja, o ser humano vive em dois tempos simultâneos: a vida do corpo conectada com os seus semelhantes, e a vida do espírito, em conexão com aqueles que já viveram por aqui.

As inúmeras possibilidades que esta vida comunicativa em dois planos nos oferece são incalculáveis. Basta refletir sobre o que se passa aqui na Terra, onde a comunicação social demanda permanente esforço de compreensão e de adaptação de todos, visto à sua complexidade. Palavras, imagens, sinais são muito mais do que significam em termos semânticos. São, na verdade, signos simbólicos, cujo significado não está visível, mas contido sob a capa das aparências a pedir significação para cada situação em que são aplicados na comunicação humana.

Multiplique-se isso, ou melhor, eleve-se à potência máxima para descobrir o quão significativa e profunda é a comunicação entre “vivos e mortos” nesta interexistencialidade. E, no entanto, essa comunicação ocorre cotidianamente, na maioria das vezes, com uma total inconsciência por parte dos humanos no corpo. Os espíritos falam com os seres e estes respondem, mas o diálogo se passa nos refolhos da mente, sem que a realidade em que a comunicação ocorre seja percebida pelos humanos daqui, senão em situações especiais.

Por que essa referência às relações diárias entre os homens e os espíritos?

É simples: a grande maioria dessas “conversas” é de consequência imprevisível e imperceptível. Por exemplo, os espíritas estão de frente com uma série de documentos relacionados à Gênese, livro último de Kardec, bem como à própria personalidade do codificador, as Cartas de Kardec. Para chegar à posse desse rico e importante material, os caminhos foram longos, diversos, tortuosos e surpreendentes. Como a presença dos espíritos junto aos homens está assentada de modo racional, temos que considerar e perguntar qual foi a participação deles durante o percurso que esses documentos seguiram.

Está na agenda dos responsáveis atuais por esses documentos esclarecer isso, pelo menos o percurso já agora conhecido. Quando a primeira parte do trabalho, que visa preservar os documentos, estiver concluída, muitas informações históricas e contextuais virão à tona e tais informações nos darão uma base, senão para esclarecer totalmente a participação dos espíritos no processo, pelo menos para perceber o quão eles devem ter sido importantes para o desfecho atual, além de colocar às claras, por meio da participação de médiuns (como é o caso Chico Xavier), mensagens mediúnicas que revelam as preocupações deles na preservação e na manutenção do material histórico. Chico, presente no contexto das Cartas de Kardec deve ser visto como uma grande surpresa, pois até agora esse fato não era do domínio público. Mas os documentos não mentem e são abundantes a respeito disso.

Mas, que se deixe registrado desde já, a participação dos espíritos no caso presente, real, não tem a ver apenas com o fato de serem documentos da história do espiritismo. Esse esforço que se faz por parte deles ocorre, certa e indubitavelmente, em todos os setores da vida, independente de raça, religiões, filosofia de vida e que tais. Basta haver necessidade para que eles, nas suas relações com os humanos de cá, ajam e busquem meios de superar as dificuldades naturais que a verdade encontra para alcançar o seu momento histórico.

Sabe-se, hoje, que os documentos em referência passaram por momentos difíceis e muitas vezes curiosos. Há até informações correntes a respeito que são mais fantasiosas do que reais, enquanto que as verdadeiras são desconhecidas da maioria. Assim como os evangelhos apócrifos de Nag Hammadi surgiram ao sabor do acaso e estiveram escondidos por mais de 1500 anos, sem que se saiba com certeza quem os enterrou, quando o fez e por quais razões, as Cartas de Kardec, à semelhança, viajaram por caminhos tortuosos e passaram por situações de perigo, chegando ao ponto de estarem ameaçadas de ir para o fundo do cofre, impedidas para sempre de serem tornadas públicas, como deveria ocorrer.

A previsão de que a publicação delas venha a acontecer, de forma gradual e ordenada, é para o primeiro semestre de 2019. Antes, será preciso garantir a sua perpetuidade através de tecnologia de ponta hoje empregada nos melhores museus do mundo, operada por um corpo de colaboradores e profissionais capacitados. É o que está ocorrendo. Após essa fase, entraremos na da leitura, interpretação, tradução e publicação. Os curiosos e, principalmente, os ansiosos deverão se conter. Os responsáveis pelo trabalho estão conscientes de que não se pode precipitar e publicar de qualquer forma, tamanha a responsabilidade que recai sobre eles.

Há muita desinformação por aí sobre o assunto. Há até mesmo pessoas mal informadas ou interessadas por “ene” razões disseminando mentiras sobre o assunto, como se tais documentos não existissem ou não contivessem nenhuma coisa nova, nada que pudesse valer a pena. Engano e maldade o comportamento desses. Quem quer que seja que queira falar sobre o assunto antes precisa se munir de ética e buscar o conhecimento verdadeiro sobre os fatos para então vir a público. É imoral falar do que não se conhece e é estranho que haja entre os próprios espíritas quem assume tal atitude condenável. Terrível contradição comportamental própria do homem comum que o homem moral do espiritismo deve se esforçar para repelir com vigor.

Veja-se o que ocorre com o livro A Gênese. Há documentos novos e incontestáveis sobre o assunto, evidenciando a adulteração da obra. O mundo inteiro está engajado nisso e assim documentos novos vão aparecendo, especialmente vindos da França. Mas alguns espíritas, entre estes os próceres da Federação Espírita Brasileira, FEB, que por conveniência preferem manter a postura do avestruz em lugar de tomar conhecimento da realidade para melhor se orientarem. Assinam publicações em que reforçam as conclusões do passado, quando os documentos em referência não eram conhecidos, mantendo-se fieis à tradução da obra a partir da sua 5ª edição, agora claramente condenada em vista das intervenções espúrias que sofreu. Muitos querem dar crédito ao que essas pessoas equivocadamente afirmam, confiando em sua condição e liderança. Caminham todos para o mesmo incômodo isolacionismo, à solidão dos orgulhosos. Teimosia insana.

Mas todo esse esforço envidado para proteger e dar publicidade ao material tem um custo elevado. Parte grande desse custo está sendo feito pela Fundação André Luiz, a Feal, de São Paulo. Aqueles que podem e devem colaborar estão sendo convocados, por uma medida de caridade cultural, a dar sua colaboração. Todo espírita consciente, que sente o quanto a doutrina contribui com conhecimentos para libertar o ser humano da sua apatia moral está convocado a participar desse grande esforço. O caminho para contribuição monetária é o site Catarse, (clique para colaborar) especializado em buscar apoio para os projetos, à semelhança do Cartas de Kardec. É verdade que alguns maus espíritas andam espalhando mentiras a respeito da destinação dessa arrecadação. Deixemo-los com suas parvacionices. Alistemo-nos aos dedicados companheiros que com seu esforço pessoal empregam tempo e suor a fim de ver a doutrina espírita no seu inamovível caminho.

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