Os livros dos Espíritos

Livro-pesquisa de Luís Lira, publicado pela Editora EME com apoio do CPDoc e do CCDPE, terá semana de lançamentos em São Paulo.

Uma pesquisa original motivada pelas alterações nas primeiras 16 edições do livro básico do Espiritismo, alterações feitas diretamente por Allan Kardec ainda encarnado, levou o estudioso espírita Luís Jorge de Lira Neto a escrever sua primeira obra intitulada Os livros dos Espíritos. Trata-se de um trabalho que não apenas demonstra como Kardec agiu desde a edição inicial, especialmente com as modificações e ampliações introduzidas já na segunda edição, quando O livro dos Espíritos praticamente dobrou sua quantidade de questões, mas mostra, também, aprimoramentos posteriores e com isso facilita grandemente os interessados, curiosos e estudantes, na compreensão dos fatos.

O autor apresentou seu estudo, de modo resumido, no Encontro da Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas ocorrido em agosto de 2019 em Fortaleza, Ceará, bem como o discutiu amplamente em apresentação no Centro de Pesquisas e Documentação Espírita (CPDoc), em Santos, onde colheu subsídios e sugestões que o levaram a dar o texto definitivo ao livro.

O lançamento oficial do livro está marcado para o período de 9 a 14 de março de 2020 e será feito em três cidades paulistas: na Capital, em Campinas e em Santos. O programa elaborado em conjunto pela CEPA e o CPDoc, começa na segunda-feira, dia 9, no Centro de Estudos e Desenvolvimento Espiritual Os Caminheiros da Luz, Rua Conde Prates nº 368, Parque da Moóca, São Paulo/SP. Na twrça-feira, 10, e evento acontece no Grupo Espírita Manoel Bento, Rua Alfredo Pujol nº 79, Santana, São Paulo/SP. Na quarta-feira, 11, o local será o Grupo Espírita Casa do Caminho, Av. Francisco José de Camargo Andrade nº 945, Jardim Chapadão, Campinas/SP. Na quinta-feira, 12, ele estará de volta à capital paulista, no Centro de Estudos Espíritas José Herculano Pires, Rua Alicante nº 389, Vila Granada, São Paulo, SP. Na sexta-feira, 13, o autor vai ao litoral paulista para o lançamento no Centro Espírita Allan Kardec, Rua Rio de Janeiro nº 31, Vila Belmiro, Santos/SP. Finalmente, no sábado, dia 14, o lançamento ocorrerá no Centro Espírita Nova Era, Rua Martim Afonso nº 78, Belenzinho, São Paulo/SP. O evento de encerramento ocorrerá à tarde, às 16h. Todos os demais serão às 20h.

O livro encontra-se à venda nas livrarias espíritas ou pelo site da Editora EME. Os direitos autoriais foram doados ao Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa Espírita Eduardo Monteiro de Carvalho (CCDPE-ECM) e ao Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc).

 

 

Nova casa precisa e merece seu apoio

“QUERO IMPACTAR” – NOVA CASA

O Lar Paulo de Tarso, uma instituição idônea da cidade do Recife, Pernambuco, sob a direção competente do casal espírita Gezsler e Glauce, apoiado por uma equipe de colaboradores, continua inserido com o seu Projeto Nova Casa no site “Quero Impactar” da Prefeitura do Recife. Agora estamos em uma nova fase, que pretendemos concluir ou reduzir a parcela que foi financiada por 15 anos na recente aquisição de uma casa.

Depois de anos realizando o trabalho junto às crianças em situação de risco, em projeto integrado com o Juizado de menores, tendo por local uma casa simples alugada, o Lar Paulo de Tarso conseguiu, finalmente, realizar o sonho da casa própria e adquirir um imóvel no mesmo bairro onde já se localizava. A aquisição, entretanto, foi feita com parte considerável do valor financiado em parcelas mensais. Sua campanha, agora, visa minimizar ou mesmo extinguir o financiamento para tornar mais adequada a sustentação da meritória obra. Todos são convocados a dar sua ajuda através de uma forma segura, espontânea e livre, sem valor fixo ou determinado senão aquele que o doador escolher. (mais…)

Os disfarces de uma postura frente à questão política*

Ser de esquerda, de direita, de centro ou de qualquer outro ponto do espectro político é diferente do agir político que todo ser humano naturalmente se impõe, independente de quaisquer crenças ou ponto de vista espiritual.

As tecnologias da comunicação avançam, mas as questões éticas e morais permanecem como elementos indispensáveis ao bom jornalismo.

O debate in movimento espírita sobre política utiliza desvios e disfarces, mas não esconde opções e idiossincrasias. Na revista eletrônica O Consolador, edição de 22 de dezembro/2019, Jorge Hessen discute seu ponto de vista no artigo “O espírita diante do debate político e ideológico – “esquerdista” ou “conservador”?” Não vai bem o autor, por misturar coisas distintas e fazer interpretações capciosas. Antes, por dever, impõe-se distinguir duas coisas quando se trata de Doutrina Espírita: desde Kardec, tem-se por obrigação separar o Espiritismo da Política enquanto setor importante da Sociedade e, por extensão, jamais pretender criar no meio espírita qualquer forma de junção com a política partidária, não fazendo sentido, portanto, um velho anseio de alguns espíritas do passado pela criação de um partido político espírita.

O único partido que interessa à doutrina espírita se denomina Espiritualidade e, como se vê, este partido não é político. Contudo, o agir político não é estranho ao tema Espiritualidade e a toda a sua abrangência, porquanto, é o Ser Humano, que é ao mesmo tempo um ser político, o ator implicado com a Espiritualidade, que estabelece formas e define ações fundamentalmente políticas nas suas relações sociais.

Isto posto, resta esclarecer: qualquer espírita é livre para optar por seguir os caminhos da Política, tanto como o é por decidir adotar e integrar-se nos estatutos de um partido político que lhe seja afim. Em o fazendo, utilizar-se-á do direito à autonomia que possui e nem por isso deverá ser classificado como mal indivíduo, ou por qualquer que seja o adjetivo (mais…)

Espíritas à esquerda. E eu?

Apenas quem está no interior pode buscar saídas laterais; ninguém sai se não estiver no interior, mas a entrada, esta, sim, pode ser feita pelas laterais.

Ademar Chioro dos Reis entre os ex-ministros Carlos Gaba e Miguel Rosseto.

O assunto, espiritismo e política, vem de longe, da época em que se lançaram alguns a refletir sobre o quanto há de identidade entre as propostas sociais espíritas e os pensamentos fundadores dos diversos movimentos filosóficos, sociológicos e outros, tornados públicos ao longo dos tempos. Alguns enlaces, como marxismo e espiritismo, causaram arrepios em muitos, enquanto outros, como os movimentos de fundação de partidos políticos espíritas, impuseram fortes discussões de intensidade elevada que acabaram abortados. O tema – a política e as ideologias que a orientam – passaram pelo movimento espírita jovem e pelo movimento espírita dos velhos, assim mesmo, no sentido pragmático da anotação. Os jovens, em seus arroubos naturais à idade, com louváveis capacidades de se lançarem aos novos ideais, impendentemente dos “perigos” e os velhos, em sua imatura decisão de implantar projetos inexequíveis, incompatíveis e desnecessários como aquele da fundação de um partido político espírita pelos idos de 1960, ou outros tipos de inflexões extremadas.

O movimento espírita nasceu nas elites e se expandiu para a classe média, especialmente no Brasil, onde essa classe é por muitos vista por seus comportamentos conservadores das conquistas e modos de vida consumista, (mais…)

A loucura sob o mesmo prisma

Veja fez mais uma: publicou uma matéria sobre Divaldo Franco onde a clareza, a objetividade e a concisão foram engolidas pelo espaço e pela incompetência.

Divaldo P. Franco, médium

Pessoas que se dizem espíritas e não passam de espiritóides estão enviando mensagens para este blog desancando a figura deste escriba e tantos outros dedicados estudiosos do espiritismo. Tudo isso por causa de uma opinião que dei na magra publicação de Veja São Paulohttps://vejasp.abril.com.br/cidades/medium-divaldo-franco/?utm_source=whatsapp – sobre o médium baiano, Divaldo Pereira Franco, e o filme que resvala na sua história de vida, cujo título exalta “o mensageiro da paz”. Chamo-os de os loucos do Divaldo.

Deram à repórter que assina a matéria – ou ela mesma pautou – a incumbência de noticiar o lançamento do filme num espaço que não cabe mais do que a própria notícia, mas ela desejou fazer o que Veja – quiçá em fase terminal – sempre foi pródiga: “causar”. Saiu um arremedo de matéria, que nem noticia nem conta uma história.

De minha boca tiraram o que a repórter chamou de “acusação”: “Ele recebe os temas de sua mentora, Joanna de Ângelis, mas desenvolve as ideias e escreve os livros de acordo com a própria mente”. Pediram-me o depoimento sobre o pensamento de Herculano Pires a respeito do médium focado, mas a repórter “esqueceu-se” do assunto principal da entrevista, inclusive, de que desejava a opinião de Herculano, sobre a qual disse esta bobagem: “Falecido em 1979, Pires passou boa parte da vida questionando a mediunidade de Divaldo”. Para os que não sabem e os loucos do Divaldo, (mais…)

A proposta espírita e os caminhos transversos da doutrina

(Especial para a Revista Evolución)*

Luz e trevas, silêncio e som, liberdade e prisão. As grandes verdades encontram mais facilmente o seu oposto, as mentiras, quando os homens se concedem a ser heterônomos.

Lendo ainda no textão entregue à editora, com seus rabiscos e indicações de primeira revisão, tenho diante de mim o livro cuja capa ilustra este artigo, assinado pelo amigo Paulo Henrique Figueiredo, em lançamento no Brasil neste mês de agosto de 2019. Seu título começa com uma palavra de fundamental importância: autonomia, ou seja, o antônimo de heteronomia. No espiritismo, a distância entre as duas palavras não se resume aos sentidos semânticos, mas à própria história da doutrina, escrita sob a permanente luta entre a liberdade e a prisão. Daí o subtítulo do livro incorporar a expressão “a história jamais contada”.

Autonomia resume muito bem o objetivo espírita de conceber o homem como ser capaz de construir o próprio destino sob o amparo do livre-arbítrio e de utilizar esse mesmo caráter em sua procura incessante pelo conhecimento como base de sua superação pessoal e das amarras que o retêm ao chão do planeta. As doutrinas heterônomas propõem exatamente o contrário: a submissão e a dependência a um poder dominante e limitador.

Ao dizer isso, não estou apenas elogiando o autor de mais uma obra de importância nos caminhos da doutrina legada por Allan Kardec, que todos os admiradores do mestre conhecem o altíssimo valor, mas, com a flama da convicção a tremular, afirmo que a obra traz a marca da reescrita da história da doutrina, seja em seu percurso no Brasil, no continente americano ou no velho mundo, de onde veio altaneira e livre, sobranceira e bela. Em especial no Brasil, pelo que essa história contém. Para tanto, o livro está amparado em documentos relevantes que permitem, já agora, lançar um novo olhar para os fatos desde os anos 1850 até os dias atuais, e com isso superar os conflitos dos caminhos transversos pelos quais passou e passa ainda o espiritismo.

Para espíritas brasileiros e estrangeiros que desconhecem os fatos a que aludo – e brasileiros são a maioria devido à proliferada atitude das instituições dominantes de contar a história ao sabor da ficção – os caminhos transversos apontados se constituem em desvendamento, em retirada do véu colocado sobre a verdade, com vistas a recontar tal história, desnudando a efígie, afinal as vestes com que é mostrada não fazem parte de seu corpo escultural. (mais…)

Espiritismo, complementações e cuidados

A obra de Chico Xavier surgiu de forma tão avassaladora quanto sua partida deixou um misto de admiração e respeito, mitificação e aceitação plena de sua produção mediúnica, como se não precisasse de mais nenhuma análise à luz da razão espírita e pudesse substituir as obras básicas no estudo do espiritismo.

Entre Freitas Nobre e sua esposa, Marlene, Chico Xavier em evento em São Paulo

A doutrina do espiritismo, tão logo se consolidou, enfrentou todos os desafios que uma teoria revolucionária enfrenta, mas poucos, na atualidade, podem entender isso na sua amplitude real. Já após a partida de Allan Kardec surgiram com mais destaque movimentos de reforma e acréscimos, complementos e supressões que hoje ficam claros ante as pesquisas e podem passar por reavaliações sob o suporte de documentos inquestionáveis.

Não se pode olvidar que a ação humana é capaz de enriquecer e empobrecer, fortalecer e enfraquecer, a depender dos interesses em jogo no campo do conhecimento. Da mesma maneira, não há como colocar de lado as imensas dificuldades que o ser humano possui para sustentar com bom-senso as verdades que se mesclam às ideias sem o lastro das provas, num cenário de decisões a serem tomadas, inevitavelmente. Quase sempre muitas verdades são aceitas em meio a mentiras ou falsas teorias, compelidos que os seres são a manter, em meio aquilo que se expressa por bom conhecimento, crenças baseadas apenas na emoção ou na ilusão e, para aproveitar uma expressão desses nossos tempos, juntos e misturados. Ou seja, o joio sufocando o trigo que luta por frutificar. (mais…)

Uma nova casa para o Lar. Com o seu apoio

Entre as obras sociais respeitáveis e de trabalho eficiente em prol de uma sociedade mais justa e fraterna, o Lar dirigido pelo amigo espírita Gezsler Carlos West e equipe, em Recife, Pernambuco, deve e precisa merecer o apoio de todos.

Gezsler em palestra no Instituto Gabriel Dellane, Recife.

A instituição faz um trabalho de amparo a crianças em situação de risco na cidade de Recife. Em convênio com o Juizado de Menores, que encaminha as crianças, o Lar Paulo de Tarso as recebe, cuida, promove a educação, assistência à saúde, apoio psicológico e toda uma ação com vistas a reintegrá-las à sociedade, seja colocando-as de volta à família, seja encontrando famílias dispostas à adoção.

Nestes anos todos, sem alarde e de modo muito discreto, inúmeros são os casos de crianças que para lá são enviadas, em situação de necessidades extremas. São recuperadas de lixões, de locais de consumo de drogas, largadas por pais que vivem em situações semelhantes, crianças que muitas vezes beiram à condição animal de vida.

A casa onde o Lar está instalado há já bons anos é um imóvel alugado, simples, localizado em bairro periférico da cidade. Diante das condições atuais e das necessidades futuras, o Lar precisa de apoio para enfrentar esse desafio, uma vez que sua sustentação é feita por um punhado de gente que se sensibiliza com a situação, mas cujo apoio tem servido quase sempre as o custeio das necessidades básicas.

Reproduzo, a seguir, o texto disponibilizado pelo amigo Gezsler e sua equipe, descrevendo o projeto para uma sede nova e própria e convido a todos a emprestarem seu apoio à causa, certos de que estarão destinando recursos para uma instituição séria, honesta e merecedora.

Campanha nova casa

O Lar Paulo de Tarso está dando um passo importante, necessário e desafiador: comprar uma casa. Nestes 28 anos de existência o Lar funcionou em imóveis alugados, que possuíam espaços físicos limitados, custos mensais adicionais e desgastantes mudanças de endereços. 

Em uma análise criteriosa e realista das nossas necessidades presentes e futuras, definiu-se pela compra de uma casa. (mais…)

A festa, o embate e a razão

No espiritismo, a autonomia prevalece sobre a heteronomia.

Como fica a doutrina espírita após a retirada, neste dia 10 de agosto de 2019, do artigo sobre as obras de J.-B. Roustaing, dos Estatutos da Federação Espírita Brasileira? 

Em 1904, quando a FEB realizou no Rio de Janeiro, então capital da República, o evento para comemorar os 100 anos do nascimento de Allan Kardec, a defesa da obra Os quatro evangelhos dentro daquela instituição já estava estabelecida e foi este o motivo para que a instituição tentasse, com êxito parcial, introduzir a aceitação de tal obra nas conclusões do evento. O objetivo, então, era colocar a doutrina de Roustaing como a indicada para os estudos “relativos à fé” no que diz respeito ao espiritismo, considerando-a como superior aos Evangelhos segundo o espiritismo.

Diz-se que o êxito foi parcial porque a reação contrária à obra de Roustaing impediu a aceitação simples da proposta, determinando-se que ficaria a critério dos espíritas utilizar ou não Os quatro evangelhos, permanecendo, pois, com o estudo de O Evangelho segundo o espiritismo. Reconheça-se, mesmo que o êxito tenha sido parcial, foi uma vitória para os líderes da FEB de então e um desastre de grandes proporções para a doutrina espírita. (mais…)

Justiça social não cobre em extensão o sentido de Caridade

Justiça social é uma construção moral e política baseada na igualdade de direitos e na solidariedade coletiva. Em termos de desenvolvimento, a justiça social é vista como o cruzamento entre o pilar econômico e o pilar social. (Wikipédia)

Fez-se recentemente uma conjectura sobre a presença de Kardec reencarnado nos dias atuais, admitindo-se que, neste caso, ele possivelmente daria preferência ao termo Justiça Social em detrimento ao termo Caridade. Assim, teríamos “fora da justiça social não há salvação” em lugar de “fora da caridade não há salvação”. Certamente, para que tal mudança ocorresse, teríamos de convir que também os Espíritos que assessoraram o codificador assim pensariam, de modo a ocorrer o que no século XIX aconteceu: a opção de Kardec pela definição do paradigma “fora da caridade não há salvação”. Mas tal decisão, hoje, não teria por motivação a oposição ao que pregava, então, a Igreja Católica, que afirmava “fora da Igreja não há salvação”, uma vez que as lutas contemporâneas já não mais se concentram com igual força nas religiões, mas, sim, nos conflitos sociais, que por si mesmos são conflitos políticos e econômicos, em que o espectro social assenta-se nos extremos da injustiça e afrontam violentamente, por isso, a individualidade humana nos seus direitos mais simples. (mais…)