Modos de ver o espiritismo

Carlos Vereza, um desastre – No que transformaram a doutrina! – A reportagem da vida – Colônias espirituais: afinal, ¿existen? – O Sr. Marketing

É verdade que na linha do sofisma há muitos espiritismos, sendo que o espiritismo da codificação e o espiritismo do movimento espírita é o mais visível – alguns acadêmicos entendem que o espiritismo real é o que nasce das práticas, não importa o que ensinem os postulados doutrinários. Ao seu lado, vigora o espiritismo popular, que soma o espiritismo das práticas com o entendimento que dele fazem os seus praticantes, o qual se expressa hoje, muito fortemente, nas redes sociais.

A bem da verdade, há apenas um espiritismo: o que está exposto na filosofia organizada por Allan Kardec e com base nessa ideia muitas lideranças expressivas defendem, com razão, que o espiritismo popular resulta de um só fato: ausência ou conhecimento impreciso da filosofia espírita.

Mas não se pode remar contra a maré o tempo todo, haja vista para o fato da presença diuturna das manifestações populares sob o guarda-chuva do logotipo espiritismo. Digo logotipo para enfatizar que a sua presença, nesse caso, é mera condição “mercadológica”, mero signo utilizado para dar força de marca ao que se diz ou se expressa. Visa, pois, direcionar a produção de significados, como se o que se escreve ou se expressa fosse de fato decorrente do ensinamento espírita.Pois essa presença diuturna das manifestações populares significa que precisa e deve contar com o seu contraditório para proporcionar uma oportunidade de produzir uma base mínima de conhecimento àqueles que o desejam de fato. Contrapor o argumento doutrinário ao senso comum, se assim se pode dizer, permite cumprir o dever de agir e de participar do mundo da vida, esse que está manifesto nas ações do dia-a-dia.

Carlos Vereza, um desastre

Há muito, o consagrado ator se declara espírita e participa de práticas doutrinárias. Publicamente, porém, Vereza tem se mostrado contraditório, como o fez recentemente, em matéria publicada nos jornais e no Facebook, onde debate com um jornalista e deparamos com a seguinte discussão: … “O ator da Globo disse, ao fim da entrevista, ter sentido uma “áurea de petismo” no repórter. “Eu sei que eu não estou te agradando, você é petista, porque eu sou médium e eu estou vendo no teu perispírito que você é petista”, disparou”. Ora, ora, seu Vereza, então o senhor como médium se sente no direito de dizer uma coisa dessas? Além de ser um tremendo equívoco dizer que quem vê o perispírito de alguém é por isso médium, o médium verdadeiro e consciente de seus deveres jamais se aproveitaria de uma situação semelhante para usar o espiritismo como defesa de suas questões meramente pessoais. Isso se chama desonestidade, Sr. Vereza. Além de estudar melhor a mediunidade, o senhor precisa trabalhar mais as questões éticas.

No que transformaram a doutrina!

Leio, hoje, 20/04/18, o seguinte: “HOJE, SEXTA-FEIRA, 19,30, TRABALHO MEDIÚNICO NA “MESA DA CARIDADE”, COLOQUE NOME E PEDIDO PARA VIBRAÇÕES!

Se tem “FÉ”, a Hora é esta, momentos antes, VISUALIZE A “MESA DE TRABALHOS, coloque uma “Vasilha com Água”, faça uma “Prece” pedindo ajuda, leia um trecho do “Evangelho”, ou um Livro da sua preferência, que eleve o “Padrão Vibratório” do Lar, faça seu “PEDIDO”, visualize-o mentalmente sendo atendido, “Acredite” na Infinita Bondade e Misericórdia de Deus, na convicção que está sendo socorrido, faça a “Prece” de encerramento do “CULTO DO EVANGELHO NO LAR”, agradecendo a Deus e aos Mentores Espirituais, pelas Bênçãos recebidas! Receberá sempre de acordo com sua “FÉ” e “MERECIMENTO”! GRUPO SOCORRISTA OBREIROS DO SENHOR JERÔNIMO MENDONÇA RIBEIRO!” Leia aqui.

Não há dúvida de que a ação do pensamento e sua união com os bons espíritos podem produzir resultados extraordinários. Porém, o que vemos aqui? A materialização dos cultos, o emprego de rituais e a demonstração de que o conhecimento é colocado em segundo plano. Apela-se para a fé, sem que dela se ofereça um significado coerente com a razão. Ensina-se que seguindo essas “normas” – ler um trecho do Evangelho, colocar água, fazer prece, mentalizar a mesa, etc. – os indivíduos terão resultados positivos e mesmo quando se afirma que receberão segundo a “fé e o merecimento”, uma maneira de eximir de possíveis ausências de resultados esperados, mantém a fé cega e remete o indivíduo à ideia de que o não obter bênçãos significa não as merecer, ou seja, além de sofrer o indivíduo tem sua pena aumentada com o sentimento de culpa. Como diria Herculano Pires, os comportamentos místicos que o espiritismo vem esclarecer se mantém à margem da doutrina. Ele mesmo, Herculano, perguntaria: continuar com um sofrimento não seria também uma forma de merecimento pela oportunidade de progresso que ele, sofrimento, oferece? Dizer que ausência de cura de uma doença se explica pelo não merecimento é estar tomado pela doença da ignorância doutrinária que, afinal, precisa ser curada.

A reportagem da vida

“Fui com a minha mente para o último dia em que estive com meu pai e pela primeira vez na vida me lembrei daquele momento sem chorar. Vi as roupas que ele vestia. Eu o vi, vi tudo o que aconteceu naquele dia. Senti paz e tranquilidade que a justiça tinha sido feita por sua morte.”

A colombiana Diana López viu o pai pela última vez na data do aniversário de dez anos dela, em 1997. Cerca de um mês depois, Diana recebeu a notícia de que ele, próximo de completar 40 anos, havia sido assassinado. O trauma foi tão grande que ela sequer aceitou ver o pai morto no caixão. Aos 18 anos, decidiu estudar jornalismo como meio para tentar descobrir os assassinos de seu pai, que tantos anos depois continuavam desconhecidos e andavam à solta, praticando outros crimes.

A frase entre aspas acima foi dita por ela, no encerramento da reportagem que circulou no Facebook, em abril de 2018, após a sentença de 55 anos de prisão para o mandante do assassinato, o então prefeito da cidade em que o pai era vereador. O prefeito ganhou notoriedade, virou governador de província e tornara-se uma figura reconhecida na Colômbia. Enfim, foi enviado à prisão.

A atuação de Diana foi decisiva para desvendar e punir o principal culpado, mas ela vive com proteção policial mantida pelo Estado e anda com colete à prova de bala aos 31 anos de idade. O crime, ocorrido no país vizinho, é bem o reflexo do que ocorre no mundo todo, onde política e poder fazem surgir criminosos constantemente, criminosos que a justiça não pune e os homens que conhecem as circunstâncias dos crimes se escondem no silêncio protetor e covarde. Leia a notícia aqui.

Diana López, nesses anos todos em que esteve voltada à ação de descoberta do criminoso andou sozinha? Certamente, não. Nem só de amigos, embora poucos, decididos ajuda-la na empreitada, nem só de espíritos, que, enfim, são companhias constantes das pessoas em suas jornadas terrenas.

Colônias espirituais. Afinal, ¿existen?

A imagem a seguir merece uma análise? Sem dúvida.

Sabe-se que a questão é antiga, até mesmo anterior ao livro Nosso lar, de André Luiz. Mas uma afirmação tão contundente condenando-a é no mínimo exagero. Mas está aí e circula pelo Facebook. Alguém entrou na discussão, que parecia tender para apoiar a afirmação, e sugeriu um bom trabalho publicado na Revista Ciência Espírita, edição de setembro de 2017, que pode ser acessada aqui. Vale a pena conhecer. E compreender que certas afirmações feitas de modo enfático pedem muito mais do que as significações que lhe querem fazer sentir, porque caminham pela generalidade e fazem perder o foco principal.

O Sr. Marketing

Esta é minha: Com a aproximação das eleições, que já se mostram conturbadas, entro em alerta máximo. Entre as perguntas que faço, desde já, está esta: amigo candidato, as afirmações e promessas que faz são de fato suas ou foram criadas pelo marketing especialmente para você? Sim, porque na era das tendências, o verdadeiro candidato é o marketing e não o político. Lembra-se do muro do Trump a separar EUA e México? Pois é, foi uma criação do marketing. Lembra-se da voz do Maluf nos anos 1970? Era anasalada e irritante. O marketing a modelou e remodelou, tornando o Maluf um ator mais do que candidato. Marketing é filho do capital, portanto, não importa quem é o candidato nem sua ideologia, seus projetos. E o capital, todos sabemos, não tem cor, sexo, ética, religião, nada, senão o lucro. A “responsabilidade” ou objetivo do marketing é eleger o candidato, não importa quem ele é e a que custo for. E o dever do homem de bem é eleger homens de bem e não atores-fingidores-ilusionistas maquiados, vestidos e comandados pelo Sr. Marketing.

 

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