FEB decide nesta segunda-feira em assembleia a venda da sede do Museu Espírita

Recebido em doação do fundador, museu que a FEB deveria preservar como patrimônio do espiritismo poderá ter uma de suas partes importantes transformadas em moeda, perdendo, assim sua principal destinação.

Acima, a recepção do Museu. À direita, um dos ambientes dedicados a Allan Kardec. (Ver correção ao final da notícia.)

 

A notícia é verdadeira: a Federação Espírita Brasileira, FEB, discutirá nesta segunda-feira, dia 15 de novembro de 2021, a venda (alienação) de alguns de seus prédios, entre eles a sede do Museu Espírita na Capital paulista. A assembleia convocada em caráter extraordinário será realizada no modo virtual e tem o propósito de autorização de venda de parte do patrimônio físico da centenária instituição.

A notícia foi dada em primeira mão pelo ex-presidente da FEB, Antonio Cesar Perri de Carvalho e foi confirmada por documento veiculado entre os membros do Conselho, como adendo à convocação da assembleia, descrevendo os imóveis a serem colocados à venda, sendo principal deles os três prédios doados pelo fundador do Museu, Paulo de Toledo Machado, e onde ele foi instalado, em bairro importante da capital paulista.

O ex-presidente Cesar Perri descreve em post de ontem, 12 de novembro, que o Museu, antigo sonho do fundador, foi inaugurado “com uma série de eventos entre 18 e 25 de abril de 1997. Como um dos dirigentes da USE-SP estivemos presentes ao evento, em bela e ampla sede pertencente à mantenedora Instituto de Cultura Espírita de São Paulo, sito à rua Guaricanga, 357, no bairro da Lapa da capital paulista. O acervo incluía obras raras de primeiras edições de Kardec, um grande acervo bibliográfico com mais de 3.000 títulos, incluindo anais, boletins, anuários, jornais e revistas; também obras de arte”.

O patrimônio foi cedido à FEB em 2012 e no ano seguinte foi realizada a cerimônia oficial de posse na sede do próprio Museu, com a presença de autoridades civis e de lideranças espíritas, entre elas o ex-presidente da FEB, Nestor Masotti, hoje desencarnado. Perri informa que após 2015, quando deixou a presidência da FEB, nada mais se soube sobre o Museu, seu funcionamento e sua manutenção. Entretanto, sabe-se que desde então ele vinha se deteriorando e que parte do patrimônio de Canuto de Abreu, que para lá foi deslocado, sofreu sérios danos por conta da má conservação dos prédios, sendo então retirado de lá às pressas. Posteriormente, o patrimônio de Canuto de Abreu, inclusive o acervo documental, foi entregue à Fundação Espírita André Luis (FEAL), que para isso criou o Centro de Documentação e Obras Raras (CDOR), onde atualmente se encontra devidamente mantido.

Circulam nos bastidores há já algum tempo que a situação econômico-financeira da FEB anda de mal a pior e, sendo essa informação confirmada, depreende-se que a venda do importante patrimônio que foi entregue em confiança à FEB para que cuidasse dele e o mantivesse como de fato é, patrimônio do espiritismo e de sua história, venha a ser utilizado para finalidades totalmente contrárias, o que seria e será fruto de uma irresponsabilidade sem limites dos atuais diretores da instituição.

Haverá, ainda, tempo para se evitar essa tragédia. Que o digam todos aqueles que, de um modo ou de outro, estão envolvidos e têm responsabilidade com este previsível trágico acontecimento.

Correção: sobre a foto acima, à direita, recebi do senhor Gustavo N. Martínez, Presidente da CEA, a seguinte informação: “Sr. Wilson. A fotografia do Museu que o senhor postou pertence ao Museu da Canfederación Espiritista Argentina. Nao é do museu da FEB. Saudacões fraternais”. Escusando-me pelo erro, faço a devida e justa correção.

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