OPÚSCULOS RAROS


35 OPÚSCULOS – OU A HISTÓRIA EM PEQUENOS TEXTOS

O casamento e o divórcio – Contendo apenas oito páginas, o escritor espírita pernambucano Djalma Farias trata do tema em texto do final dos anos 1940, quando a instituição do divórcio não havia chegado ainda ao país. Utiliza-se ele de reflexões com base, especialmente n’O Evangelho segundo o Espiritismo e nos princípios expostos em O livro dos espíritos, de justiça, igualdade e liberdade e na defesa do direito ao divórcio que a lei civil deveria reconhecer. O autor, que teve grande conceito em Pernambuco, deixou a vida física em 6 de maio de 1950 e, para destacar a data do primeiro ano de sua desencarnação publicou-se esse opúsculo.


 Cairbar Schutel em dois tempos –  O reconhecido e admirado líder espírita da cidade paulista de Matão, Cairbar Schutel, reflete em dois opúsculos sobre o que denomina no primeiro deles A questão religiosa e no segundo Liberdade e progresso. Questão religiosa teve sua 4ª edição em 1933 e é o exemplar aqui utilizado. Trata o autor da necessidade, diz ele, de conhecer como se estruturam as religiões para então poder possuir o entendimento de como o Espiritismo se insere nesse contexto. Diz textualmente: “O estudo da religião se impõe atualmente a todas as gentes: velhos, moços e crianças. Não se pode estudar só uma religião, é preciso fazer um confronto das religiões para se chegar a uma solução clara e lógica da Verdade”. Cairbar passa ligeiramente pelo Catolicismo, Protestantismo, Budismo, Masdeísmo e Xintoísmo, Cristianismo Primitivo e finaliza com o Espiritismo. Clique para ler


Em Liberdade e progresso, de cuja 1ª edição, sem data, nos utilizamos, Cairbar desenvolve um olhar sobre o ser a partir de reflexões sobre textos dos Evangelhos, afirmando: “Assim como sem instrução intelectual não há saber nem conhecimento, sem instrução espiritual não pode haver elevação moral, dignificação do espírito, santidade”. Duas coisas: o emprego pelo autor do termo “instrução” tem nitidamente o significado de “educação”, sendo o primeiro o reflexo da cultura predominante na época, década de 1930; Cairbar cita os Evangelhos, mas tem como base para reflexão a doutrina espírita. O autor desenvolve quatro temas: elevação e decadência do materialismo, Espiritismo e materialismo, ciência e religião oficiais e o cumprimento da lei, concluindo que do mesmo modo que Jesus não veio destruir a lei também o Espiritismo não veio, senão cumpri-la.


Espiritismo para crianças em dez lições – De um autor pouco conhecido – Jozsef Diamantstein – o opúsculo trata do ensino religioso nas escolas e tem no prefácio uma página de Emmanuel por Chico Xavier, datada de fevereiro de 1975. O autor relata suas experiências, dificuldades e soluções no ensino do Espiritismo em aulas que denomina de “Moral Espírita Cristã” desde o ano de 1954, no centro espírita que havia fundado dois anos antes. Mas também relata a intenção de que as aulas fossem estendidas ao ensino público e as barreiras que enfrentou para alcançar esse objetivo. Diante da legislação então vigente, o autor demonstra como alcançou o seu objetivo através de autorização obtida junto aos órgãos competentes, indo, depois, obter a autorização dos pais para ministrar aulas sobre Espiritismo. Diz que de 800 cartas que expediu aos alunos e pais da Escola Estadual de 1º Grau Prof. Julieta Nogueira Rinaldi, recebeu de volta 225 autorizações de pais concordando com que seus filhos assistissem às aulas. Foi dessa experiência que o autor formulou uma cartilha com o título deste opúsculo.


 Pedagogia e educação mediúnica – O opúsculo assinado pelo conhecido professor Newton G. de Barros traz duas teses apresentadas ao Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas, uma delas aprovada e a outra sem informação sobre a aceitação. O título do opúsculo se refere às duas teses. A primeira delas é intitulada neste livreto por “ Manual de educação de médiuns” e recebeu a aprovação do VII Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas realizado em 1979, na cidade do Rio de Janeiro. A comissão que a aprovou era composta por pessoas, uma delas Deolindo Amorim, que assim se expressou: Neste trabalho, o autor encara, direta e objetivamente, o problema da mediunidade deseducada. É um roteiro muito bem elaborado”. Os dois outros integrantes da comissão seguiram o parecer de Deolindo e a tese vem reproduzida integralmente. A segunda tese foi apresentada ao mesmo congresso, porém, em sua V edição, realizada em Niterói no ano de 1972 e não registra parecer da comissão de teses.  Seu título – Metodização e racionalização do estudo doutrinário – deixa claro seu objetivo de oferecer um projeto para o estudo da doutrina nos centros espíritas, o qual vem a seguir.


 O “ABC” das obsessões – Publicado em 1980 e tendo como autora Helena M. Craveiro Carvalho, este opúsculo aborda basicamente o que se conhece como obsessão simples, a primeira das quatro estudadas por Allan Kardec. Os outros tipos são: fascinação, subjugação e possessão. Helena Carvalho, muito atuante em seu tempo, tendo escrito livros autorais e mediúnicos e desencarnado em 1998, aos 70 anos, neste opúsculo prossegue a linha que deu início com outros três publicados em 1979. O estilo adotado se baseia em perguntas e respostas, o mesmo de O livro dos espíritos, feitas todas elas pela própria autora. A intenção era alcançar um público mais variado através de um texto didático, objetivo, conciso e claro.


 Livre-se das perturbações espirituais – Este é mais um opúsculo escrito por Helena Craveiro Carvalho para a série “Conheça o Espiritismo” e publicado em 1979, dentro da linha perseguida pela autora de popularização de temas espíritas, ou seja, tratar de assuntos pontuais em linguagem acessível ao maior público possível, sem intenções proselitistas e sem dispêndios monetários altos. Helena, bastante culta, aborda aspectos das relações Inter existenciais, ou seja, aquelas que se dão no cotidiano dos seres humanos com os espíritos, na linha kardequiana de que todos somos médiuns, sem deixar de pontuar os benefícios e os malefícios naturalmente resultantes dessas relações.


 A visão de Edgard Armond – Conhecido por Comandante Armond no espiritismo paulista, esse líder teve grande influência em seu tempo nos destinos do movimento espírita nacional. São de sua autoria os dois opúsculos seguintes, ambos lançados pela Editora Aliança, braço da associação Aliança Espírita Evangélica, fundada por ele após deixar o comando da Federação Espírita do Estado de São Paulo no final dos anos 1960.  O primeiro – Separações conjugais à luz do Espiritismo – retoma esse assunto que autor abordou num também opúsculo de 1949 e depois o relançou outras duas vezes alterando o título em todas elas, inclusive na atual, a quarta edição, de 1980, ocasião em que a legislação brasileira já havia acolhido a lei do divórcio fazia três anos. Edgard Armond segue a linha rígida, ou seja, a da não aceitação do divórcio senão em casos de adultério, ainda assim passível de superação, por entender que a união ou casamento de duas pessoas de sexos diferentes por desejo mútuo deve seguir o curso da vida frente a todos os percalços, basicamente por questões de ajuste espiritual. E para isso apresenta argumentos que podem ser contestados, mas não deixam de ser interessantes ao conhecimento por conta do contexto em que foram escritos. Entre outras, pode-se questionar: ao colocar-se nessa posição, Armond estava sendo coerente com o que ensina Allan Kardec?


No segundo opúsculo, Armond reproduz uma série de páginas assinadas mediunicamente por Bezerra de Menezes, com a “cooperação mediúnica – segundo escreve – de Ayesha Spitzer em 1966”. Informação um tanto obscura e certamente só conhecida por quem privou de sua intimidade, porque não define exatamente essa colaboração. Todos os textos atribuídos a Bezerra versam sobre questões morais com base em citações evangélicas. O que leva um Espírito como Bezerra a participar dos problemas humanos via mediunidade em tantos locais e momentos diferentes? O que há de comum e conflituoso do ponto de vista da linguagem e do pensamento atribuídos a ele, relativamente às diversas outras mensagens que também assina? Os estudiosos têm aqui mais material comparativo.


O poder do voto e da participação  – Escrito por Osman Neves de Albuquerque e publicado em Recife no ano de 2.000 pelo IPEPE, Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco, este opúsculo trata de pontos capitais da cidadania, como a importância do voto e da participação na construção do bem comum. Em 12 itens, o documento resume os principais aspectos que envolve o ato de votar e as consequências do voto numa sociedade ainda incapaz de valorizar adequadamente a capacidade de transformar a sociedade com a expressão do direito de votar. Dezessete anos após a sua publicação, este opúsculo se mostra ainda mais atual.


Um ensaio sobre espiritismo e política – Este opúsculo também foi publicado pelo Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco, IPEPE, em 1998.  O autor, Osman Alves de Albuquerque, utilizou como referência básica o livro O Espiritismo e a Política para a Nova Sociedade, de Ailton Paiva, e desenvolve suas reflexões embasado nas obras de Kardec e autores espíritas conceituados, entre eles Deolindo Amorim. De Kardec, em O livro dos espíritos, trabalha sobre as 10 Leis Naturais, entrelaçando seus propósitos com a participação dos espíritas enquanto adepto da doutrina e a sociedade.


Assistência social e serviço social – Opúsculo publicado na década de 1960, tem por título Subsídios para o estudo da assistência social espírita e do serviço social e por objetivo desenvolver o assunto que foi tema Simpósio Centro-sulino realizado em Curitiba em 1962, no âmbito da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, USE. Assina o prefácio o então como diretor do Departamento de Assistência Social da USE e também membro da comissão que discutiu o assunto o conhecido espírita José Gonçalves Pereira, que por muitos anos foi também diretor da Federação Espírita do Estado de São Paulo e gestor da Casa Transitória, obra social que ajudou a fundar. O trabalho busca fazer distinção entre assistência social à luz do espiritismo e serviço social, tendo este último o seu valor, pelo que oferece em termos de técnicas para a aplicação da assistência social pretendida pelos espíritas, mas também se deve considerar que uma das preocupações que permeia o trabalho e que resultou daquele simpósio de Curitiba foi marcar o fato de que muitos trabalhos sociais não espíritas deviam ser considerados trabalhos paralelos que, entre outras coisas, tinham uma coisa inoportuna que era desviar os trabalhadores espíritas para obras sociais que, conquanto bem direcionadas, não utilizavam o propósito espírita do ser imortal. Esses “movimentos paralelos” eram, pois, nocivos desse ponto de vista. Mais tarde, a ideia de movimento paralelo acabou deixando o seu eixo inicial e passou a significar qualquer coisa que desviasse trabalhadores espíritas de um setor para outro, dentro da própria comunidade espírita, bem como de uma instituição para outra, sendo ambas espíritas, ganhando, assim, uma amplitude que não tinha ligação com o sentido inicial da expressão.


Vida e obra de Allan Kardec – Escrito por Jorge Rizzini, este opúsculo, sem data de publicação – foi produzido, porém, na segunda metade dos anos 1970 – serviu de roteiro para a produção dramatizada que foi transformada em disco compacto e vendido nas lojas tradicionais com o mesmo título. Participaram da gravação diversos artistas, entre eles o conhecidíssimo casal Dionísio Azevedo e sua esposa, Flora Geny, então admiradores da doutrina espírita. Dionísio protagonizou a figura de Allan Kardec e Flora Geny, a esposa, Amélie Boudet. O opúsculo, hoje muito raro, foi escrito em estilo romanceado e começa descrevendo uma reunião de Espíritos Superiores e a decisão por eles tomada de fazer encarnar aquele que seria o organizador da nova doutrina, o Espiritismo. A partir daí o roteiro percorre a infância e a juventude da Kardec, então ainda apenas Denizard, passa por seus estudos na Suíça, como aluno de Pestalozzi, seu retorno à França, os primeiros tempos de sua afirmação como pedagogo, as lutas de uma França em que movimentos revolucionários pipocavam, até alcançar a obra maior da vida do biografado, a Doutrina Espírita.


Deve o Espiritismo atualizar-se? – Escrito por Rubens Policastro Meira, um espírita livre-pensador na classificação clara de Allan Kardec, este opúsculo discute a questão da atualização da doutrina espírita, tema que foi o desafio proposto pelo XVIII Congresso Espírita Pan-americano, realizado em outubro de 2.000 em Porto Alegre e ao qual o autor o endereçou. Embora não estivesse presente ao evento, o autor teve seu trabalho incluído nos anais. Rubens é incisivo ao responder que a atualização da doutrina é necessária e deve ser feita permanentemente. Este seu opúsculo cuida de analisar a questão com base na “Introdução ao estudo da doutrina dos espíritos” e nos “Prolegômenos”, ambos de O livro dos espíritos. E utiliza-se de transcrições das partes em destaque de forma bilingue, ou seja, em francês e português, contando com as traduções de Canuto de Abreu.


A educação na era do espírito – Publicado em 1977, foi escrito pelo incansável batalhador pela educação espírita, José Carlos Pereira, presidente do Instituto de Educação e Cultura da cidade mineira de Divinópolis, onde hoje existe uma escola municipal que leva seu nome e onde, também, seu filho criou o Instituto de Educação e Cultura José Carlos Pereira. O autor reproduz dois textos de autoria de J. Amaral Simonetti (um dos vários codinomes utilizados por J. Herculano Pires), ambos publicados na extinta revista Educação Espírita, da editora Edicel, São Paulo. O primeiro texto tem por título “Quando…” e o segundo “A educação espírita”, respectivamente, de 1972 e 1974. Ao final, o autor introduz uma página de título “Estranha contradição”, em que apresenta críticas aos espíritas que não possuem consciência clara da importância da educação espírita.


O Écho d’Alem-Tumulo – Aquele que é considerado o primeiro jornal espírita publicado no Brasil ganhou uma edição fac-similada por ocasião dos 120 anos de sua fundação. O esforço importante foi feito pelos integrantes da associação Teatro Espírita Leopoldo Machado, de Salvador, sob o comando do incansável Carlos Bernardo Loureiro, hoje desencarnado. Em forma de opúsculo, a edição pode ser, portanto, lida em sua forma original e de modo integral por curiosos e historiadores. Foram produzidos 2.000 exemplares dessa edição.

 


A história continua em 1968 – O opúsculo que tem por título “Oportuna proposta da Federação Espírita do Estado de São Paulo” e por complemento “Em torno do movimento de unificação dos espíritas” se constitui em importante documento da história do espiritismo em terras de Piratininga. Publicado em 1968, setembro, contém ele uma proposta feita pela Federação à USE no sentido de formalizarem um movimento unificado no Estado de São Paulo. Na prática, o documento pretende retomar um acordo que já fora feito em 1947, por ocasião do congresso que fundou a USE, acordo esse que não fora implementado por todas as federativas participantes, ou seja, que à USE, somente, caberia o trabalho de gestão do movimento espírita estadual e as demais federativas cessariam suas atividades nesse campo. A ideia contida na proposta se assenta na formação de um Conselho Estadual Unificado – CEU, de caráter informal, ou seja, sem a burocracia das pessoas jurídicas, destinado apenas a gerir o movimento espírita no Estado. Tudo o que fosse necessário, de ordem legal, para o funcionamento do CEU seria de responsabilidade da Federação, ficando atribuído ao Conselho os cuidados específicos do que dissesse respeito às demandas dos centros e instituições espíritas que se filiassem a ele. A Federação arcaria com a cessão do espaço físico para o funcionamento do CEU, bem como com as eventuais despesas financeiras que este necessitasse. Na prática, a USE desapareceria e apenas a Federação prevaleceria.O documento deu origem à formação de uma comissão mista que, então, ficou conhecida como comissão da fusão USE-FEESP, a qual foi extinta em 1974, por ocasião da negativa da USE de prosseguir com os entendimentos.


A fusão que fracassou – Este opúsculo tem ligação imediata com o anterior, que apresenta a proposta de criação de um Conselho Estadual Unificado-CEU. Em agosto de 1972, a comissão mista das duas instituições, USE e FEESP, elaborou um anteprojeto de fusão e o submeteu à aprovação dos seus respectivos quadros. A proposta de 1968 sofreu profunda modificação e, em lugar da criação pura e simples de CEU foi proposta a fusão das duas federativas e a permanência do nome Federação Espírita do Estado de São Paulo. A comissão mista ofereceu, na verdade, duas propostas, a primeira oriunda dos representantes da Federação e a segunda contendo alternativas propostas pelos representantes da USE, deixando perceptível o distanciamento entre ambas, haja vista para as diferenças que são perfeitamente notáveis entre o pensamento useano e o federacionista. Com o tempo, esse desacordo se aprofundou e dois anos depois, em assembleia da USE bastante tumultuada, a maioria dos seus membros rejeitou, em caráter definitivo o prosseguimento das tratativas estabelecidas desde 1968.


Criacionismo e evolucionismo – Escrito por Pedro de Camargo, Vinícius, em 1954, este opúsculo reflete sobre um tema bastante presente no cotidiano das religiões da época. O autor vai direto ao ponto e diz: “Os que rejeitam a reencarnação não admitem tampouco a encarnação. Adotam o dogma criacionista, pretendendo que Deus vai criando as almas à medida que os corpos são concebidos. Semelhante doutrina, porém, peca pela base, é insustentável à luz da razão e dos fatos”. Como se vê, Vinícius, que durante sua existência batalhou pela implantação da educação espírita, adota os argumentos oferecidos por Allan Kardec em sua obra, assentado que está na lei da evolução ou progresso, onde a outra lei, a da reencarnação encontra espaço fundamental para explicar o porquê da vida, do ser e da dor.


O Espiritismo e o elemento humano – Este conhecido texto de autoria de Deolindo Amorim foi distribuído na forma de opúsculo em duas oportunidades: em maio de 1974 e em abril de 1986. Trata-se do resumo de uma palestra por ele realizada no Centro Espírita Léon Denis, do Rio de Janeiro. Deolindo inicia com a transcrição de duas frases: “O Espiritismo caminhará com os homens, sem os homens e apesar dos homens” e “O Espiritismo será o que os homens dele fizerem”. A primeira é atribuída a Allan Kardec, mas Deolindo prefere não a referendar, dizendo: “justamente porque ainda não conseguimos localizá-la nos livros do Codificador do Espiritismo, como também na Revista Espírita”. Fez bem, pois, mais tarde se descobriu que a frase foi escrita, com ligeiras diferenças, pelo ex-presidente da FEB, Wantuil de Freitas, em seu livro Introdução ao estudo da doutrina espírita, onde está grafada assim: “o Espiritismo cumprirá sua missão de transformação do mundo: com os homens, sem os homens ou apesar dos homens”. Quanto à segunda frase, Deolindo, confessando ter esquecido onde ela foi escrita por Denis, confessa que sabe que foi dita, sim, pelo grande continuador da obra de Kardec. Toda a palestra de Deolindo Amorim se desenvolve em torno dessas duas frases, refletindo nos seus sentidos e possíveis significações.


Verdade e Liberdade – Ainda Deolindo Amorim nos apresenta mais um texto que resultou de uma palestra por ele feita no Centro Espírita Léon Denis, do Rio de Janeiro, motivada pela passagem de uma Sexta-feira Santa e transformada em opúsculo publicado no mesmo ano, 1975. Foi o texto dividido em duas partes, a primeira abordando Jesus e a tradição, os ensinos evangélicos e posição espírita. Na segunda parte trata do livre arbítrio e determinismo, conquista da liberdade e esforço próprio. Foram publicados e distribuídos gratuitamente 1.800 exemplares pelo centro onde a palestra ocorreu.


Auto de fé em Barcelona – Escrito pelo espírita argentino Florentino Barrera, este opúsculo de 1980, em língua espanhola, traça um caminho histórico sobre o evento de triste memória ocorrido ainda na época de Kardec, 1861, ocasião em que o clero espanhol, com toda formalidade e pompa, mandou queimar em novembro de 1864, em plena praça pública, uma encomenda de livros espíritas enviada por Allan Kardec a um livreiro em Barcelona. Florentino Barrera faz um importante levantamento histórico-cultural, contextualizando o fato e suas repercussões, inclusive após 100 anos, quando em diversas partes do mundo foram realizados atos relembrando o nefasto acontecimento.


Síntese de uma carreira no Espiritismo – Tendo por título Edgard Armond, a Editora Aliança publicou em dezembro de 1998 um opúsculo em que traça o perfil do seu fundador e narra a história de sua vida para destacar a importância que Armond teve na evolução do espiritismo em São Paulo. O objetivo visava, também, resolver o problema da falta de conhecimento que se percebia entre os dirigentes dos centros espíritas filiados à Aliança Espírita Evangélica, fundada por Armond quando decidiu deixar a Federação Espírita do Estado de São Paulo em fins dos anos 1960. Dessa forma, busca destacar os cursos criados por Armond – Escola de Aprendizes do Evangelho e Curso de Médiuns, a Fraternidade dos Discípulos de Jesus, que em tese abrigava aqueles que completavam a Escola de Aprendizes do Evangelho, a organização da Assistência Espiritual e o que ficou conhecido como passes padronizados e outras informações.


As recomendações de Lins de Vasconcelos – Reconhecido como um grande benfeitor do Espiritismo, Lins de Vasconcelos é recordado neste opúsculo de título Recomendações…, publicado pela Federação Espírita do Paraná em agosto de 1977, por ocasião das comemorações dos seus 75 anos de fundação. Recomendações é, na verdade, um texto escrito por Lins de Vasconcelos nas horas que antecederam a sua desencarnação, aos 61 anos de idade, na cidade de São Paulo, texto que é dirigido aos espíritas do Paraná e ao seu amigo João Ghignone, então presidente daquela instituição. Lins lamenta a falta de condições para fazer mais do que realmente fizera até então, em parte por conta de não poder dispor inteiramente da fortuna que amealhou ao longo da vida, como confessa, mas é amplamente sabido que Lins de Vasconcelos ajudou inúmeras instituições pelo Brasil. O texto oferece conselhos diversos sobre obras e atividades que deveriam estar na pauta dos espíritas paranaenses e, afinal, expressa seu desejo de ter seu corpo enterrado nos jardins do Sanatório Bom Retiro, na capital paranaense, hoje Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, obra que ajudou a fundar e para a qual forneceu muitos recursos financeiros. A segunda parte reproduz matéria de Carlos Imbassahy, publicada em 1952 no jornal Mundo Espírita, na qual exalta a figura generosa e prestativa de Lins, um homem que, segundo Imbassahy, buscava permanentemente a união entre os homens de forma geral e, particularmente, entre os espíritas.


A medicina dos espíritos – Publicado pela Editora Pensamento a 8ª edição deste opúsculo traz a data de 1936, a assinatura autoral do Espírito Humanitário e tradução feita por Bráulio Prego. Nada informa a respeito do idioma original nem o médium que o teria psicografado. O espirito-autor faz uma série de observações a respeito das doenças e suas causas, das curas, do magnetismo, das vidas pregressas, da participação do médium, etc., numa linguagem paternal e conselheira. Embora não apresente em seu conteúdo nenhum grande problema interpretativo em relação à doutrina espírita, é em alguns instantes um pouco ingênuo, como quando aconselha o abandono total da ingestão de carnes, “especialmente as sangrentas”, como o afirma, o que demonstra que seu autor invisível é mais bem-intencionado do que dono de um saber seguro sobre medicina espiritual.


O pensamento filosófico de Léon Denis – Deolindo Amorim escreveu e a Federação Espírita do Paraná publicou em 1977 este opúsculo, como homenagem ao cinquentenário de desencarnação do conhecido espírita francês. Na verdade, o trabalho surgiu em 1956, por ocasião da posse, por Deolindo Amorim, na cadeira número 8 da Sociedade Brasileira de Filosofia, no Rio de Janeiro e foi escrito para justificar a escolha que o autor fizera, do nome de Léon Denis para aquela cadeira. Alguns meses depois, em 1957, a revista Estudos Psíquicos, de Lisboa, Portugal, o publicou em primeira mão. Deolindo Amorim faz um estudo substancioso do pensamento daquele que, em seu tempo, foi considerado o verdadeiro continuador da obra de Allan Kardec, além de grande defensor da inteireza do texto e do pensamento do fundador da doutrina espírita.


Doutrina Social Espírita – Realizado em fevereiro de 1985, em Santos, o I Encontro Nacional sobre a Doutrina Social Espírita contou com a participação de 104 inscritos originários de 6 estados brasileiros e teve suas conclusões publicadas nesse opúsculo. Como se lê na introdução, o temário do encontro foi dividido em quatro áreas: Educação, Organização Social, Comunicação e Valores Humanos. Durante o evento, foram propostas e aprovadas duas moções, a primeira a favor da eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte e a segunda sugerindo que o IX Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas, programado para o ano seguinte, na capital, São Paulo para que “na sua programação seja dada ênfase à literatura espírita que desenvolva a temática social sob a visão do espiritismo”.


Herculano e a divulgação espírita – O opúsculo assinado por J. Herculano Pires é a reprodução da tese que o autor havia apresentado ao V Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas realizado em Niterói no início de 1972, tese essa aprovada por unanimidade. Herculano justifica a publicação do opúsculo em virtude de a tese não ter sido devidamente considerada, explicando que ela “não chegou ao conhecimento do público” e mais: “A própria Secretaria do Congresso não a remeteu aos destinatários nela consignados. Nas resoluções do congresso não figuraram as desta tese. Não foi nomeada uma Comissão Permanente do Livro Espirita”. A tese acolhida por aquele congresso toca em “problemas da divulgação espírita”, especialmente em três: o livro espírita e sua distribuição; obras mediúnicas e direitos autorais; a questão Francisco Cândido Xavier. No centro de tudo estava a FEB que, então, fazia, segundo Herculano, uma distribuição precária dos livros que editava, o que prejudicava o acesso a eles pelo público em geral e, em consequência, a divulgação da doutrina. Além disso, a FEB dificultava ao máximo às poucas editoras espíritas da época qualquer acesso a obras de Chico Xavier, mesmo quando aquelas apresentavam projetos mais amplos de distribuição dos mesmos. Terá sido por isso que a tese ficou engavetada após o término do congresso?


 A prática espírita e as normas federativas – Depois de haver revisto a publicação feita em 1943, republicado em 1955 e novamente em 1962, a Federação Espírita do Rio Grande do Sul lançou pela quarta vez, em 1968, as suas Normas para os trabalhos práticos e doutrinários, tendo como público alvo os centros espíritas federados. Como o próprio título afirma, o documento é normativo, ou seja, estabelece regras a serem seguidas pelas instituições federadas em relação às diversas atividades que podem ser realizadas, tais como sessões privativas, de estudos, mediúnicas, assistenciais, de efeitos físicos e outras. Detalhista e detalhada, a edição de 1968, baseada no livro Conduta Espírita, de André Luis / Chico Xavier, preocupa-se tanto com questões formais e estruturais das atividades, quanto com as doutrinárias e comportamentais dos seus participantes. Em seu artigo 5º dispõe: “Os trabalhos de uma Sociedade Espírita deverão seguir rigorosamente a orientação do respectivo Departamento Espiritual que, por sua vez, baseará sua orientação nas presentes normas”. No artigo 6º, apresenta um esquema rigoroso para todas as reuniões e em seu parágrafo único aconselha sobre como as preces devem ser conduzidas. São, ao todo, 188 artigos distribuídos em 28 páginas.


 Espiritismo e materialismo – Este opúsculo de autoria de Cairbar Schutel diz respeito à sua segunda edição publicada em 1925 na cidade de Matão, São Paulo. Cairbar, em seu estilo de combatente em prol da Verdade, ocupa-se em boa parte do texto a discutir questões religiosas e o dogmatismo implícito nos discursos de padres e pastores e passa rapidamente pelos princípios sobre os quais assenta o materialismo ou a crença existencial do nada. Leia aqui

 

 

 


Os espíritas e suas responsabilidades – Quem conheceu de perto a figura de Leopoldo Machado afirma que se tratou de um dos mais entusiasmados espíritas do Brasil. Neste opúsculo apresenta ele a tese que levou a Belo Horizonte, em 1944, no 1º Congresso Espírita Mineiro, onde esteve como representante de várias instituições espíritas. Aprovada, a tese mereceu, posteriormente, uma apreciação crítica de Carlos Imbassahy, publicada na revista Vanguarda e reproduzida neste opúsculo. A tese, contudo, é mais um estudo histórico que começa com o povo Hebreu e termina no Brasil, com a então florescente árvore do Espiritismo. O texto revela por inteiro o estilo convicto e destemido do autor que, nele, afirma: “É o espiritismo de vivos para vivos…”, forma encontrada para destacar que a doutrina deve ser vista como algo a ser compreendido enquanto o ser está encarnado em suas experiências no planeta.


O poder e o movimento espírita – Embora o opúsculo não registre o nome do autor (uma lamentável falha), o texto pertence a Jaci Régis e foi primeiramente publicado no jornal Espiritismo e Unificação em abril de 1981, causando grande repercussão na época. Devido a isso, o Clube do Livro Espírita de Fortaleza sugeriu a sua transformação em opúsculo, incumbindo-se de arcar com parte dos custos e a distribuir gratuitamente os exemplares que lhe couberam. Trata-se de uma visão sobre o poder com base em autores consagrados e sua relação com o espiritismo, os espíritas e o movimento estruturado. Para ler na íntegra, clique aqui.


 Luciano dos Anjos e sua obsessão por Roustaing – Publicado em 1990, o opúsculo intitulado “Os mais novos argumentos contra Roustaing”, de autoria de Luciano dos Anjos foi redigido com a finalidade de rebater as opiniões daqueles que condenam a obra “Os quatro evangelhos”, opiniões que tiveram um recrudescimento ao final da década de 1970 e durante toda a década de 1980. Moveu o autor uma edição do jornal Correio Fraterno do ABC, de julho de 1990, que apresentava duas matérias contrárias a Roustaing, uma subscrita pelo conhecido pesquisador espírita Henrique Rodrigues. Luciano o desclassifica, dizendo que lhe faltam conhecimentos precisos de O livro dos espíritos e acrescenta que ele, Henrique, fora até pouco tempo atrás um declarado defensor de Roustaing. Não considera, no mínimo, que as pessoas podem mudar de opinião ao longo da vida. Contra o autor da segunda matéria, Antonio Espeschit, então um jovem e promissor articulista, Luciano atira com suas famosas ironias e diz que a única coisa nova que ele apresenta era um box em que se declara o encalhe da edição única de Os quatro evangelhos na França. Luciano, então, reconhece que o box apenas reproduz um apêndice que o livro, O corpo fluídico, de minha autoria, havia apresentado, ou seja, como a edição desse meu livro fora publicada havia anos, só então Luciano resolveu responder. Mas… estranhamente não o faz. Passa a maior parte do tempo desqualificando um texto assinado por Carlos Imbassahy, contrário a Roustaing e apenas de passagem entra na questão do encalhe, sem conseguir reafirmar com fatos e argumentos lógicos por que não houve encalhe, pois defendia que a obra tivera uma segunda edição. Para quem gosta dessa discussão antiga e sempre nova, vale a pena escorregar os olhos pelo opúsculo.


 A natureza do corpo de Jesus Cristo – Publicado no Rio de Janeiro em 1930, este opúsculo assinado por Gustavo Macedo é mais um dos inúmeros trabalhos que discutem a questão do corpo fluídico atribuído a Jesus e estimulado nos meios espíritas desde a França de Roustaing. Em nota datilografada na segunda página, a mim endereçada, Francisco Klörs Werneck diz: Gustavo Macedo foi frade católico (Frei Solano), que passou para o Protestantismo e se tornou ateu. Mais tarde, pela influência do espiritismo, se tornou espírita e fundou a Cruzada Espiritualista”. No opúsculo, porém, Macedo adverte: “O autor deste folheto não é espírita, e sim um espiritualista absolutamente independente, sem nenhuma ligação sectarista, porém, sem também nenhuma incompatibilidade religiosa. Sente-se à vontade no culto de todos os templos”. Como se pode observar, era um livre-pensador assumido e isto ficará mais explícito ainda no texto da obra. A motivação de Macedo para escrever sobre o assunto surgiu da publicação, segundo ele mesmo afirma, de “um folheto com o título – O Cristo de Deus – de M. Quintão, figura de destaque da Federação Espírita Brasileira…”. Quintão faz afirmações como a de que a Bíblia prova que o corpo de Jesus não era humano e, sim, fluídico, mas Macedo no opúsculo vai desmontar essa crença.


Espiritismo, kardecismo e roustainguismo – Quem assina este opúsculo é Sousa Prado. Publicado em 1926 no Rio de Janeiro, afirma em sua segunda página que foi “impresso por subscrição entre espíritas para distribuição gratuita. Nasceu de uma palestra feita pelo autor dois anos antes, em 1924, na qual, embora afirme que para ele não importa se o corpo de Jesus foi material ou não, é categórico em dizer que acredita com Roustaing que de fato o corpo teria sido fluídico. E mais, garante que a obra de Roustaing é uma grande contribuição à de Kardec.

 


Homenagem a Allan Kardec – Este opúsculo data de 1938 e foi publicado em Belo Horizonte, MG pelo Instituto Educacional Leopoldo Machado. Contém três textos sobre a doutrina, todos partindo da afirmação de que o espiritismo é ciência, defendido por Rubens Romanelli; filosofia, por Engenio C. Monteiro, e religião, por Cícero Pereira. Os três autores foram batalhadores da divulgação espírita e atuaram por muitos anos no movimento espírita brasileiro.