As Pessoas de Bem e a Corrupção Política

por Gezsler Carlos West (Geo)

Recife, PE

 “Seja esta a vossa linguagem, Sim-Sim, Não-Não!” (Mt 5, 37) – Jesus

 É difícil mensurar com precisão os efeitos nocivos de um processo de corrupção. Recentemente foi publicado na mídia um estudo técnico, citando que se a corrupção fosse “zero” no Brasil a sociedade em no máximo cinco anos teria os seguintes benefícios simultâneos:

– Poder de compra do salário mínimo quadruplicado;
– 25 mil escolas construídas;
– 30 mil UPA (Unidade de Pronto Atendimento) efetivadas;
– 01 milhão e quatrocentas mil casas construídas.

Se acrescentarmos que o ato corruptivo agride os valores sociais no campo da honestidade, justiça social, credibilidade, valorização do trabalho, dignidade, estrutura familiar, espiritualidade entre outros, ficará mais complicado dimensionar o “tamanho do estrago”.

A honestidade é um valor ético, que deve preceder qualquer ação nos diversos campos da vida. As nossas posturas devem transitar mergulhados nesse “éter”, assim como os peixes no mar. Se assim não o for, todos perderemos no aspecto social, individual e consciencial.

Há algum tempo eu conversava com uma pessoa que estava bem ativa dentro de um partido político no Brasil. Eu dizia para ela que a postura mais ética, cidadã, honesta e fraterna na sua atuação político partidária, não seria defender o indefensável, proteger quem não merecia, esconder corrupto para não expor o partido, colocar todas as mazelas nos partidos adversários ou em outro setor da sociedade, justificar acordos esdrúxulos em nome do “futuro”, sem qualquer senso crítico olhando para dentro do seu próprio partido. Isso não seria uma postura político partidária saudável, mas sim um preocupante sintoma de fanatismo.

 Disse-lhe que ela tinha que ser firme e imparcial diante da corrupção independente da coloração partidária e, deixar claro para a sociedade, sem discurso superficial, que antes de qualquer projeto partidário ela não declinaria da ética, que deveria ser uma premissa apartidária. Não existem fins éticos, sem meios éticos.

 Com um discurso e postura excessivamente corporativista um filiado político partidário, mesmo com sinceridade e boa intenção, termina incoerentemente ajudando a criar dentro do seu próprio partido um campo fértil para que os inescrupulosos ganhem espaço e se protejam debaixo desse irracional guarda-chuva protetor, desgraçadamente mantido por sinceros, idealistas, mas invigilantes filiados.

 Não importa saber quando, onde e com quem começou a corrupção, mas importa sim combatê-la tenazmente em qualquer tempo, local e de forma apartidária. Não importa saber quem roubou menos ou mais, mas sim que todos sem exceção respondam diante da justiça como qualquer outro cidadão.

Não sou adepto da antiga e desastrosa frase “rouba, mas faz”. O agente público não pode roubar e tem obrigação de fazer, pois é para isto que ele lá se encontra. O agente público não faz caridade nem filantropia, ele simplesmente tem que cumprir honestamente com a sua obrigação constitucional de servidor público. Ele administra temporariamente um recurso que não lhe pertence.

 A melhor tática para os “agentes da corrupção” é passar a ideia de que todos também o são, que o Brasil sempre foi assim, que ninguém é perfeito, que não adianta … e com isto continuarem roubando.

 As pessoas de bem devem estar uníssonas no primeiro passo, que significa não abdicar dos chamados valores éticos universais. Garantido este insubstituível patamar, então democraticamente e alteritariamente cada um caminha pelas suas preferências político partidárias.

 Não nos iludamos e fiquemos muito vigilantes. Já dizia Peter Drucker: a melhor forma de gerenciar o futuro, é criá-lo.

Criemos todos um futuro ético e socialmente justo para o nosso Brasil. Tenhamos a coragem do “sim, sim e não, não”.

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