A loucura sob o mesmo prisma

Veja fez mais uma: publicou uma matéria sobre Divaldo Franco onde a clareza, a objetividade e a concisão foram engolidas pelo espaço e pela incompetência.

Divaldo P. Franco, médium

Pessoas que se dizem espíritas e não passam de espiritóides estão enviando mensagens para este blog desancando a figura deste escriba e tantos outros dedicados estudiosos do espiritismo. Tudo isso por causa de uma opinião que dei na magra publicação de Veja São Paulohttps://vejasp.abril.com.br/cidades/medium-divaldo-franco/?utm_source=whatsapp – sobre o médium baiano, Divaldo Pereira Franco, e o filme que resvala na sua história de vida, cujo título exalta “o mensageiro da paz”. Chamo-os de os loucos do Divaldo.

Deram à repórter que assina a matéria – ou ela mesma pautou – a incumbência de noticiar o lançamento do filme num espaço que não cabe mais do que a própria notícia, mas ela desejou fazer o que Veja – quiçá em fase terminal – sempre foi pródiga: “causar”. Saiu um arremedo de matéria, que nem noticia nem conta uma história.

De minha boca tiraram o que a repórter chamou de “acusação”: “Ele recebe os temas de sua mentora, Joanna de Ângelis, mas desenvolve as ideias e escreve os livros de acordo com a própria mente”. Pediram-me o depoimento sobre o pensamento de Herculano Pires a respeito do médium focado, mas a repórter “esqueceu-se” do assunto principal da entrevista, inclusive, de que desejava a opinião de Herculano, sobre a qual disse esta bobagem: “Falecido em 1979, Pires passou boa parte da vida questionando a mediunidade de Divaldo”. Para os que não sabem e os loucos do Divaldo, Herculano Pires, em sua vida de quase 65 anos, teve uma opinião clara sobre dois aspectos em Divaldo Franco: a sua espalhafatosa e teatral forma de falar sobre a doutrina espírita nas tribunas, e a psicografia, da qual apontou objetivamente as falhas. Herculano foi enfático quanto aos prejuízos à compreensão da doutrina que estes comportamentos causavam. Longe, porém, de passar “boa parte da vida” preocupado apenas com isso porque tinha mais o que fazer.

Pode-se imaginar que Geraldo Campetti e Dora Incontri estejam na mesma situação que eu: foram cerca de 50 minutos de conversa via celular para uma frase malfeita e sem contexto. Nesse particular, o que fiz foi uma comparação entre as psicografias de Chico Xavier, estas muitas vezes contendo elementos de identificação autoral, e Divaldo Franco, que não oferecem tais elementos. São psicografias distintas, portanto. Divaldo tem estilo pessoal, próprio, típico daquele que recebe o tema e sobre o qual escreve, enquanto Chico guardava mais relação com o estilo pessoal de cada autor espiritual.

Sobre o filme nada posso dizer, pois não o assisti e quando o fizer certamente terei uma opinião a dar. De qualquer forma, sou antipático a esses filmes exaltação de personalidades, sejam quais sejam, para os quais os próprios exaltados concorrem e se vangloriam de suas qualidades, pois entendo que mais atendem às suas vaidades pessoais que aos interesses e objetivos do espiritismo. E uma verdade não pode ser negada: Divaldo tem sido de uma irresponsabilidade muito grande quando expressa opiniões sobre fatos diversos, como em questões sexuais e políticas. Não adianta dizer, como ele o faz, que tem direito às suas opiniões, porque se coloca como liderança espírita e, portanto, o homem do povo e os líderes espíritas deslumbrados com ele o exaltam como líder maior, a ponto de confundirem tais opiniões como sendo da doutrina espírita. Divaldo não tem e nunca teve mandato para tanto.

Em relação à revista Veja mais um detalhe: quem quiser conhecer um pouco de sua história, recomendo ler o meu livro Estratégia, linguagem, informação – O modelo linguístico da revista Veja, a publicidade e as expressões populares – que resultou de minha dissertação de mestrado pela Faculdade Cásper Líbero.

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