Mês: fevereiro 2019

Período do livre pensamento. Estamos nele?

O caro amigo Milton Medran, do jornal Opinião Espírita, na edição presente, janeiro/fevereiro de 2019 sugere/propõe que a atual fase do espiritismo seja reconhecida como o período do livre pensamento. Argumenta, com propriedade, que Kardec havia apontado seis períodos para a doutrina, nomeando os quatro primeiros e o sexto, mas deixando ao quinto, que seria o atual na visão do Milton, em aberto sua denominação. Ao quarto período, Kardec denominou religioso e para o quinto propõe Milton seja denominado período do livre pensamento.

A conclusão do Milton é interessante e desperta reflexões diversas, uma delas podendo ser analisada no seguinte questionamento: temos, de fato, um período religioso em andamento ou alcançando seu final? E quais seriam os sinais a sustentar que um novo período, o quinto, estaria marcado pelo livre pensamento?

Em primeiro lugar, a demarcação por períodos do andamento da doutrina espírita, que Kardec de fato fez, é sempre um exercício muito complexo, seja para ele, em seu tempo, seja para qualquer outro em qualquer tempo. Qual era a motivação de Kardec quando estabeleceu aqueles períodos? Suas reflexões a respeito indicam um esforço de compreensão dos fatos e o tempo deles, com vistas a enfrentar o momento por que passava e preparar-se para o futuro. Naquele instante, Kardec enfrentava uma tempestade de granito formada pelos contestadores da doutrina espírita. Tinha, pois, razão para denominar aquele o período de lutas para sustentação da obra em curso. Neste pé, ficava mais tranquilo entender que o seu marco inicial estava no aparecimento do fenômeno mediúnico em largas proporções (mais…)

Manifesto é mais uma ação por um espiritismo sem donos e sem danos

Lançado com assinaturas individuais e institucionais, é ele mais um brado contra o religiosismo, o poder hegemônico, a negação da diversidade e as práticas absurdas.

 

Sob a coordenação da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita (ABPE), mais de 150 espíritas e instituições assinam o documento – Manifesto por um espiritismo kardecista livre – que promove um espiritismo de livres-pensadores capitaneado por Allan Kardec. O conteúdo desse manifesto deixa claro sua oposição a uma série de pensamentos de instituições e lideranças que se distanciam e distorcem a doutrina espírita ou fazem dela uma escada para a promoção de vaidades e personalismos, como também de práticas que atentam contra o bom senso destacado pelo fundador.

Nesse instante de avassaladoras atitudes populistas nos meios doutrinários, com congressos de voz única dominante, eventos exploratórios da credibilidade pública e assentados em arrecadações financeiras, exaltação do nome de Jesus como bandeira, sufocamento da razão kardecista, abusos das crenças ingênuas, tentativas de restabelecimento de textos ultrapassados e autoritários em sua essência, distanciamento do conhecimento como suporte do progresso e tantos outros sinais de engessamento doutrinário, o documento representa uma postura digna e necessária. (mais…)