Dia: 20 de dezembro de 2018

O humano, o sagrado e as verdades da experiência mediúnica

 

Diante de fatos condenáveis relatados na imprensa, envolvendo médiuns, muitos perguntam por que os bons espíritos permitem que tais coisas ocorram e alguns vão além e questionam se esses bons espíritos, inclusive os mentores, participam dessa trama horrível.

 

Estudos sobre a mediunidade, desde Kardec, não só desvelam o quadro da sua integração com a natureza, mas, também, o desafio colocado ao ser humano ao lidar com o fenômeno mediúnico.

Ninguém pode fugir da realidade mediúnica que existe na natureza humana. A mediunidade está no ser terreno assim como estão os sentidos físicos e, como estes, aperfeiçoa-se ao longo da experiência milenar da civilização. Os sentidos físicos ligam o corpo material à terra e a mediunidade coloca a alma na relação comunicativa com os espíritos, relação permanente e cotidiana, mas ainda incompreendida pela maioria.

Quando a mediunidade assume a condição de mediunato, como interpretou Herculano Pires, ela se constitui ferramenta de experiência específica, dando ao seu portador condições para subir um degrau acima na escada de Jacó em que todos seres humanos se encontram. Trata-se de um compromisso reencarnatório para trabalhar em prol do bem de todos. Quem assim renasce logo será denominado médium, diferenciando-se dos demais seres humanos não por possuir poderes especiais e privilégios, mas por conta de um compromisso livremente assumido e válido para a vida atual.

A diferença entre os médiuns e os demais seres humanos está em que estes também possuem mediunidade, mas em grau diferente, suficiente, apenas, para a relação com os seres invisíveis, os espíritos ditos desencarnados, no nível de uma comunicação pelo pensamento. Explicando: há um diálogo permanente entre encarnados e desencarnados, com trocas de ideias, sugestões, solicitações, conselhos, etc., assim como ocorre com os encarnados entre si. A diferença está no fato dos encarnados, (mais…)

O mercado editorial espírita comporta o idealismo doutrinário?

 

(Publicado por Kardec.com, ed. 12/2018)

 

Feira do livro espírita no Riopreto Shopping em março de 2018.

A pergunta foi feita ao jornalista e escritor Wilson Garcia, que conhece como ninguém os aspectos do mercado editorial. Os desdobramentos da questão serviram de estudo feito pelo competente pesquisador Ivan Renê Franzolim (São Paulo, SP). Segundo Garcia, autores, editores, distribuidores e livrarias espíritas estão “no olho do furacão capitalista e a sobrevivência do ideal da difusão do Espiritismo pelo livro parece comprometida pela dura imposição do lucro sem medidas”. Leia a entrevista e tire as suas conclusões. Depois acesse o blog de Franzolim para ver o resultado de sua pesquisa.

 

Ivan – O que é ou deveria ser uma Editora Espírita?

WG. Os tempos mudaram e muito. No campo editorial espírita, essas mudanças foram colossais, não só em termos de mentalidade como, também, em termos tecnológicos. Nas décadas de 1960 / 1970, uma editora espírita deveria ser aquela que fosse comandada por espíritas com amplo conhecimento doutrinário, capazes de escolher apenas obras que tivessem aderência plena ao espiritismo. Em parte, isso ocorria. Mas, em termos editoriais, os livros sofriam com capas feias, papel de miolo ruim e uma divulgação de alcance limitado. Só era encontrado nas poucas livrarias espíritas, com alguma exceção. Os títulos disponíveis nas estantes eram também reduzidos em número. Os editores espíritas dedicados se foram, o capitalismo ampliou seus braços e dominou a tudo, a área editorial espírita, inclusive. Com isso, a força da alta concentração em grupos econômicos mundiais passou a exercer seu domínio e as editoras espíritas não fugiram disso. Foram cooptadas pela realidade dura de uma economia que concentra o poder e mata aquelas empresas que não conseguem crescer segundo o padrão dominante. Assim, falar em editores espíritas hoje é quase uma heresia. O que temos são editoras com visão capitalista, norteadas pelo lucro, balizadas por pesquisas de mercado. Com isso, os livros passaram por um enquadramento no que tange ao gosto do público, capas belíssimas, papel de miolo ecológico, ampla atenção ao marketing, grande quantidade de títulos e pouca ou nenhuma preocupação com o conteúdo em termos doutrinários. Todo o poder de crítica (mais…)