A Abrade, oficialmente, está acéfala

 

Reproduzo a entrevista que acaba de ser publicada pela Gazeta Kardec, editada e produzida pelo jornalista Carlos Barros em João Pessoa, Paraíba, em sua edição de setembro 2015.

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KPC – O que a opinião pública espírita ainda não sabe sobre a Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo?

Wilson Garcia – Tendo sido fundada em 1976, durante o Congresso de Jornalistas e Escritores Espíritas de Brasília com o nome de Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas, com a sigla ABRAJEE, teve ela o seu momento de pujança e depois de declínio, chegando ao ponto de quase desaparecer. Isso ocorreu após o IX congresso, realizado em São Paulo em 1986 e as causas dessa situação eram de visão de suas funções, de gestão deficiente e de ingestões políticas externas. Quando nada mais havia a fazer para mantê-la no seu formato original, os remanescentes da diretoria convocaram uma assembleia para a qual foram convidadas as vozes discordantes, numa atitude deveras fraterna e, assim, em 1994, foi ela transformada em Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo, com a sigla ABRADE. O novo modelo contemplava o estímulo à fundação de associações estaduais como instituições jurídicas autônomas, denominadas ADEs, a quem caberia as ações de comunicação em sua área de atuação e a formalização de laços com a ABRADE e seu Conselho Nacional que funciona como uma espécie da instância maior, cabendo às ADEs a eleição da diretoria executiva da ABRADE e a esta as ações de nível nacional.

A ABRADE, como a sua antiga ABRAJEE, alcançou o seu apogeu, realizou dois congressos nacionais e, depois, encontrou o seu declínio pelas mesmas razões que levaram a ABRAJEE ao ostracismo. Atualmente, a ABRADE é uma entidade fantasma, clandestina, que se encontra na ilegalidade total, pois não renova sua diretoria, não reúne as ADEs remanescentes (são poucas, quatro ou cinco), não atualiza seus documentos legais, em suma, pode ser objeto, a qualquer momento, de uma penalização pelos órgãos governamentais competentes.

Para completar esse quadro, a ABRADE continua se fazendo representar, por livre e espontânea decisão de uma só pessoa, junto ao esdrúxulo Conselho Nacional das Entidades Especializadas da Federação Espírita Brasileira, recentemente fundado, o que implica a própria Feb com a ilegalidade da ABRADE.

KPC – O que levou você analisar com riqueza de detalhes as discrepâncias político-administrativas da ABRADE no movimento nacional?

Wilson Garcia – A resposta a essa pergunta pede um esclarecimento. Fui eu, junto com outros amigos espíritas, participante da ABRAJEE. Fui seu vice-presidente por dois mandatos e participei fortemente na sua mudança em 1994. Senti-me e sinto-me responsável pelos seus caminhos e descaminhos, mas, principalmente, pela oportunidade que a ABRADE tem de preencher o vazio enorme da Comunicação Social Espírita, que é feita, quando feita, por uma maioria de indivíduos de boa vontade, mas carentes de conhecimentos sobre as Ciências da Comunicação. Infelizmente, depois de algumas boas gestões iniciais, a ABRADE foi assaltada por indivíduos vaidosos, interessados em títulos, despreparados para as funções, divisionários. Isto culminou com as ADEs precocemente decrépitas e algumas desaparecendo. Com a ABRADE já no estágio de ilegalidade, sem diretoria efetiva, ainda assim ela se mantinha ligada ao CFN-Conselho Federativo Nacional da Feb, que, então, criou o esdrúxulo Conselho das Entidades Especializadas, onde a ABRADE permanece.

Assim: 1) A presença ali da ABRADE é um absurdo do ponto de vista legal e institucional; 2) O Regimento Interno desse conselho é composto de normas que ferem frontalmente o ideário de independência, autonomia e liberdade da ABRADE e esse regimento só foi apresentado na ABRADE depois de votado e aprovado, ou seja, os poucos remanescentes da diretoria da ABRADE, então, sequer puderam se manifestar em relação ao regimento e tiveram que engolir um documento que jamais seria aprovado se fosse trazido no nível das discussões de projeto. O responsável por isso tem, até hoje, assento no Conselho da Feb, fala em nome de uma ABRADE que não mais existe.

Recentemente, houve uma ação, coordenada por um ex-presidente da ABRADE, Gezsler Carlos West, no sentido de movimentar os interessados em reconstruir a ABRADE. Durante três longos anos fez ele gestões nesse sentido, mas acabou desistindo por perceber que não há, da parte dos poucos indivíduos que ainda ali estão, qualquer interesse nisso. Esta é a realidade nua e crua.

KPC – Em sua opinião, a Entidade comprometeu a sua identidade e independência institucional quando se juntou ao Conselho Nacional de Entidades Especializadas, controlado pela Federação Espírita Brasileira?

Wilson Garcia – Qualquer profissional, especialista, pesquisador ou indivíduo da comunicação sabe que a atuação na área não prescinde do exercício dos princípios da liberdade que permeiam a independência na ação comunicativa. O CFN e o Conselho das Especializadas estão contaminados de duas maneiras: 1) por princípio, ou seja, pertencem à Federação Espírita Brasileira e são por ela dirigidos de maneira autocrática na forma e no conteúdo; 2) seus Regimentos Internos, que são de fato documentos legais, outorgam ao presidente do Conselho, que outro não é que o presidente da Feb, poderes totais, absolutos, superiores aos dos próprios membros dos Conselhos, pois pode aprovar ou vetar qualquer decisão, seja para a aceitação de novos membros, seja para questões gerais. Assim, as instituições participantes não possuem autonomia em relação à Feb enquanto membros dos conselhos, apenas no âmbito regional de sua atuação, ainda assim submetidas ao julgamento da Feb, que pode cassar-lhes a presença caso julgue de interesse da Feb. Ora, que poder teria uma entidade de comunicação de estabelecer análises críticas referentes à Feb ou a quaisquer outros assuntos do movimento espírita comandado pela Feb? Nenhum. Filiando-se ao conselho, aceita-se seu Regimento e submete-se a ele. Simples. Abre-se mão do princípio fundamental que rege a liberdade de expressão e pensamento, o bem mais sublime que a doutrina espírita nos oferece.

KPC – O que dificultou a ABRADE, ao longo dos seus quase 20 anos de existência, a pôr em prática metas e diretrizes adequadas ao movimento de divulgação, tendo como base uma bem elaborada Política de Comunicação Social Espírita?

Wilson Garcia – Qualquer pessoa pode exercer ações comunicativas em seu nome e de forma pessoal, mas ninguém, de bom-senso, pode admitir falsos princípios do tipo “tudo é comunicação”, porque, ao fazê-lo, assina atestado de ignorância do que é comunicação. As pessoas não precisam obrigatoriamente do conhecimento especializado de comunicação, mas se elas integram uma instituição voltada à comunicação, de duas uma: ou elas buscam especializarem-se para melhor exercer seus mandatos ou se fazem assessorar de indivíduos que dominam o conhecimento da comunicação, para que estes possam orientar os planos e as ações. Aliás, isso é o que fazem os gestores das grandes corporações; eles conhecem os princípios da administração e contratam profissionais capazes para as demais áreas. Na ABRADE isso sempre constituiu tabu, ou seja, a maioria é bem-dotada de boa vontade, mas despida de conhecimento de comunicação e altamente orgulhosa quanto a reconhecer isso, daí podermos dizer que nenhuma ADE ou mesmo a ABRADE é capaz de preparar um simples plano de comunicação para sua própria instituição, quanto mais para o movimento espírita tão diverso. Então, são cegos guiando cegos. São como aqueles espíritas místicos, que acreditam na eficácia do passe em qualquer circunstância, não vendo nenhum mal dele decorrente, mesmo em situações de risco. Creem que os espíritos suprem quaisquer deficiências humanas. Não estudaram e não querem estudar. Quer um exemplo? A ADE de São Paulo apresenta um programa de rádio que ajudei a criar há quase 20 anos; até hoje o formato é o mesmo, os participantes são os mesmos, o jargão também. O mundo mudou, a linguagem mudou, o tempo e sua percepção mudaram, mas os espíritas continuam presos a uma fórmula antiga por entenderem que não é preciso mudar.

KPC – Qual o futuro da ABRADE como membro do CNEE?

Wilson Garcia – Com honestidade, não vejo a tal luz no fim do turno. Acho, inclusive, que o interesse dos atuais donos da massa falida é mesmo manter a situação neste estado para conquistar não sei o quê. Acompanho tudo o que se passa pelos canais competentes e não vislumbro sinais outros. Mas, uma coisa é certa: a responsabilidade moral e penal dos que mantém a ABRADE na situação atual é grande.

KPC – O que as Associações de Divulgadores do Espiritismo estaduais devem esperar agora da Entidade para implementar alguma política de comunicação social que contribua com a divulgação espírita em todo o País?

Wilson Garcia – A palavra está com elas. A ADE de Pernambuco acaba de dar um ultimato. As demais, que venham a público revelar sua posição.

KPC – Suas considerações finais, com o nosso sincero agradecimento pela entrevista.

Wilson Garcia – A história grandiosa dos Congressos Brasileiros de Jornalistas e Escritores Espíritas começou a ser escrita em 1939 por Deolindo Amorim e seus amigos. Essa história ninguém pode apagar. Teve ela continuidade parcial na ABRAJEE e na ABRADE. Hoje, a comunicação espírita está à deriva. Oxalá possa ser retomada, dentro dos critérios éticos que Kardec utilizou. Obrigado.


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Coordenador da Abrade revela mágoas e leva a questão CNE-Feb para o lado pessoal

Atitude significa fuga à discussão dos pontos fundamentais da infeliz adesão da Abrade ao CNE-Feb e demonstra falta de consciência para com as responsabilidades de quem dirige uma organização destinada a divulgar a doutrina de Kardec.

Agindo como dono ou proprietário da instituição que dirige, a Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo (Abrade), Demerval Carinhana Jr. fez publicar na lista interna daquela a resposta abaixo, a mim dirigida, na qual afirma: “Não pretendo, como defendem alguns, endereçar-lhe uma resposta institucional pública, como assim você o deseja…”. Além de tentar adivinhar meus pensamentos íntimos, coisa por demais difícil, a postura está em flagrante contradição com suas próprias palavras, uma vez que a lista pela qual se manifesta é pública e permite que qualquer pessoa dela participe.

Na verdade, o libelo é um documento que expõe as feridas de um coração atingido e, por isso mesmo, tenta levar a questão para o âmbito da individualidade, quando ela é institucional e transita no difícil terreno da ética que permeia a liberdade de pensamento e expressão e atinge, por conseguinte, a necessária independência da Abrade.

Não, não se trata de discutir as pessoas físicas enquanto tais, nem o seu comportamento moral e social, coisas que pertencem à consciência de cada um. Trata-se, sim, de refletir sobre as pessoas no seu campo de representação, nas suas responsabilidades enquanto indivíduos que detêm o status de um cargo na dimensão do compromisso doutrinário. É disso que se está tratando.

Demerval e os que dividem com ele a condução da Abrade têm o dever de prestar contas à comunidade espírita quanto aos atos que afetam diretamente à instituição e todos que, por compromisso com o Espiritismo, se sentem atingidos por suas ações têm o direito de manifestar-se. Não podem, aqueles, esconderem-se atrás do biombo institucional sob qualquer pretexto, quando o que está em jogo é a doutrina que Kardec arduamente construiu e legou à Humanidade.

A Abrade não é uma empresa privada em que os proprietários agem de acordo com seus interesses capitalistas e muitas vezes fogem à sua responsabilidade de responder por aquilo que produzem e afeta a sociedade. Ao contrário, a Abrade é uma instituição sem fins lucrativos, cujos representantes são eleitos para falar em nome de muitos e de uma doutrina que está na base de sua existência, devendo agir com ética e transparência na condução do destino da instituição. Isso é o mínimo que se espera deles. Sem o Espiritismo não existiria Abrade, portanto ela não se pertence a si, mas à comunidade espírita.

Quando preferem resolver seus profundos conflitos institucionais, de consequências amplas, no silêncio das reuniões fechadas demonstram padecer dos mesmos males que infestam a parcela da sociedade dominada pelo egoísmo individualista. Quando pedem para que essas discussões sejam feitas nos mesmos ambientes restritos é porque não são responsáveis o suficiente para responderem por seus pensamentos e atos.

Portanto, a discussão é necessária e deve ocorrer no campo e na dimensão em que se situa. Fora destes, será concordar com sentimentos mesquinhos, que não condizem com a grandeza da Doutrina Espírita.

ÍNTEGRA DO E-MAIL PUBLICADO POR DEMERVAL CARINHANA JR.

Caro Wilson Garcia,

Escrevo-lhe como pessoa, como espírita, como leitor de seus livros, dentre os quais, o belíssimo “Cairbar Schutel, O Bandeirante do Espiritismo”, que tanto me inspirou, e me inspira, dentro e fora do ambiente espírita.

Não pretendo, como defendem alguns, endereçar-lhe uma resposta institucional pública, como assim você o deseja, simplesmente porque não acredito que se deva dar mais publicidade aos muitos erros, sejam os por desconhecimento, por descuido e até mesmos os propositais, expostos ao longo do seu texto sobre os acontecimentos envolvendo a ABRADE.

No entanto, gostaria sim de discutir os muito acertos contidos nele.

Não creia que eles passaram despercebidos por mim, ou por outros companheiros de Campinas desde há muito tempo.

Para isso, temos uma lista própria, formada pelas pessoas que, em maior ou menor grau, interessam-se pela ABRADE.

Se, por algum motivo, você necessita de mais espaço para expor suas ideias, fique absolutamente à vontade para solicitar sua indicação como Coordenador do CNDE.

Você tem minha palavra que eu o apoiaria integralmente.

Se, como outros a quem foi ofertada tal tarefa, acreditar que isso possa lhe atrapalhar outros projetos em andamento, indique alguém que você julgue ser mais capaz. Estou certo de que há muitos outros comunicadores com maiores disposições psicológicas e mais tempo do que eu.

Se acredita que as ADEs atuais não honram o passado glorioso da ABRADE, funde uma, duas, três, tantas ADEs quanto achar por bem, a fim de que você e outros companheiros que lhe sejam afins possam permear suas ideias.

Mas, para que tudo isso torne-se realidade, e não uma interminável discussão filosófica, entenda apenas que não é necessário você enviar um longo texto a dezenas, a centenas de pessoas, procurando desqualificar quem quer que seja.

Se você quer realmente fazer algo, apenas faça-o com as ferramentas que tem à mão, no caso, a própria ABRADE.

Apenas não espere que os outros o sigam cegamente. É preciso dialogar.

Como o companheiro já leu outras vezes, o tempo mostrará de que lado a razão está.

Dermeval

Para compreender o assunto, leia também os seguintes posts: http://www.expedienteonline.com.br/?p=616 e   http://www.expedienteonline.com.br/?p=1004

Protagonista e cooptada, Abrade cede e se integra ao Conselho das Entidades Especializadas da Feb

Decisão era esperada e revela o despreparo teórico dos atuais membros da Abrade, falta de consciência da comunicação social espírita e do fundamental princípio de liberdade de pensamento e expressão.

Na Revista de Estudos Espíritas editada pelo atual Coordenador (presidente) da Abrade, Demerval Carinhana Jr. que circula em nome do Instituto de Estudos Espíritas Wilson Ferreira de Mello, de Campinas, SP, edição março-abril de 2014, há um interessante diálogo mediúnico entre o orientador e o espírito comunicante, pelo qual o espírito manifesta sua indignação com o fato de só vir a saber dos erros cometidos em vida quando estava nos estertores da morte. Então, pergunta: porque esses problemas conscienciais não ocorreram em momento em que poderia rever suas ações e mudar os rumos de sua vida?

A pergunta é ingênua, logo se vê, mas ao mesmo tempo significativa, porque a consciência interior de cada indivíduo é uma presença permanente e também uma espécie de defesa da personalidade encarnada. O indivíduo jamais está apartado dela, de maneira a agir sem sua participação em algum momento ou de alguma forma.

Tomo o exemplo para aplicá-lo à própria decisão da Abrade, oficializada recentemente, de aceitar os termos do indigesto Regulamento Interno do CNE-Feb[1] e confirmar sua posição gloriosa no grande cenáculo em que se reúnem em Brasília. Logo mais, quando de sua morte institucional (a moral acaba de ocorrer e parece que a consciência aí não se manifestou), que se dará mais dia menos dia, pode ser que ela mesma pergunte porque a consciência não anunciou o absurdo que estava cometendo antes que tal ocorresse, como aquele espírito acima mencionado.

A Abrade, apesar de envolvida na trama de uma rede ideológica, teve tempo para livrar-se das amarras, mas viu-se enredada de tal forma que preferiu olvidar um futuro de liberdade e ação e aceitar os laços e mordaças que implicam facilidades e poder.

A Abrade, como digo no título, foi protagonista e não apenas coadjuvante no evento. Nos dias 6 e 7 de abril de 2013 seu representante, Marcelo Henrique, como coordenador que era do Fórum das Especializadas, participou ativamente da preparação do anteprojeto do Regimento que ali seria aprovado mais à frente. Marcelo poderá dizer se o fez por conta própria ou sob a orientação ostensiva da Feb. E deveria, também, antes que a consciência o solicite no derradeiro instante da vida, esclarecer porque sugeriu, trabalhou e votou pelo absurdo Regimento sem dar qualquer informação aos demais membros da Abrade, na ocasião[2].

É certo que os membros da Abrade eram três ou quatro, então. É certo, também, que a Abrade estava esfacelada. Mas Marcelo só estava naquele CNE porque ostentava o título de representante da Abrade e falava em nome dela. Logo, devia prestar constas, publicamente e institucionalmente. Não o fez. Quando, porém, o assunto tomou proporções maiores que exigiam o documento oficial de aceitação por parte da Abrade, às vésperas da reunião que deveria referendar o Regimento, Marcelo então o apresentou à Abrade e pediu sua aprovação, com uma observação crucial: nada poderia ser mudado, senão vírgulas e acentuações gráficas, porque o documento já estava aprovado e dele só restava tomar conhecimento.

Mesmo enredada nesta trama, a Abrade, tivesse por parte dos seus componentes um pouco mais de compromisso com a verdade, poderia assumir uma posição contrária, firme, à situação formada. Bastava perguntarem-se, os seus membros, porque deveriam aceitar um documento que não foi debatido internamente, com todas as absurdidades que continha e que, acima de tudo, ia de encontro à sua proposta original, de criação de um CNE completamente paritário, livre de amarras, autônomo. E mais, um documento que a amordaça e a coloca sob o poder maior do papa espírita que hoje serve à Federação Espírita Brasileira.

Olvidaram, mais uma vez, o compromisso com a liberdade de expressão e pensamento. Esqueceram-se de que a doutrina espírita precisa muito mais de bons exemplos do que de fisiologismo, esse terrível mal que assola a política brasileira, entronizado na sua cultura pátria e do qual os próprios espíritas não conseguem se apartar.

A Abrade jogou para debaixo do tapete o problema para não expor o seu infeliz representante. Ele próprio poderia, num gesto de humildade e compromisso com a verdade, ter revelado o engano cometido ao propor e aprovar um documento sem dividir as responsabilidades com seus pares. Com isso, deixaria a Abrade a soberano para uma atitude mais digna e menos submissa.

Ao contrário, Marcelo Henrique preparou um documento interno em que defende sua atitude e defende a adesão da Abrade ao CNE-Feb, não se importando com as terríveis ambiguidades e contradições que o documento revela em relação ao seu próprio modo de ver e pensar, dado por ele a conhecer publicamente, apenas e tão somente para manter um agir que em momento de pouca prudência adotou.

Sob o comando de Demerval Carinhana Jr., a Abrade poderá – com certeza o fará – vir a público para dizer que o processo foi amplamente debatido de forma democrática dentro do seu Conselho, antes que a decisão fosse tomada e comunicada à Feb. Mas não poderá contestar que o processo não foi tão democrático assim.

Analisemos:

  1. O debate na Abrade só teve início depois que o Regimento Interno do CNE-Feb estava aprovado, por decisão de um só e único indivíduo, à revelia de todos os demais membros dela, Abrade.
  2. As discussões giraram, não mais sobre o teor do Regimento, mas sobre se a Abrade deveria ou não continuar no CNE-Feb e, portanto, aceitar o Regimento como se encontrava.
  3. A esfacelada Abrade, quando deste episódio, encheu-se de brio e decidiu que faria a discussão apenas no âmbito do seu Conselho, repelindo proposta diferente que pedia a discussão aberta, com a participação de todos os abradeanos. Amparado pelo Estatuto, Carinhana, diligente, impediu que a verdadeira democracia, tão comum à Abrade em tempos idos, fosse praticada.
  4. O Conselho atual da Abrade está realmente com uma composição de fazer inveja, de tal modo que justifica a decisão de Carinhana. Nele está representado o País continental brasileiro, de forma inequívoca, dispensando o parecer dos espíritas outros, que, não representando nenhuma Ade, não possuem capacidade para pensar e raciocinar e, portanto, sua opinião está despida de valor. Ou seja, as quatro ou cinco vozes ali presentes falam com autoridade por milhões de espíritas…
  5. Quantos votaram? Cinco pessoas, em nome de suas Ades.  São elas: Marcelo Henrique, pela ADE-SC; Wilson Czerski, pela ADE-PR, Eder Fávaro pela ADE-SP e Demerval Carinhana pela ADE-Campinas, todos a favor do malfadado Regimento. Como se vê, o Estado de São Paulo foi bafejado com dois votos. O único voto contrário foi dado por Marcus Vinicius Ferraz Pacheco, pela ADE-PE, que preferiu manter-se fiel ao projeto inicial, que foi atirado no lixo pelo Marcelo Henrique. O placar? 4 x 1 a favor da permanência, da aceitação do Regimento do CNE-Feb.
  6. Por que outros estados não votaram? Porque, hoje, a Abrade é quase somente uma sigla, corroída que foi pelo tempo e pela falta de lideranças capazes de compreender o verdadeiro sentido da comunicação social espírita.
  7. Como se vê, a água contrariou o ditado e passou duas vezes debaixo da mesma ponte. O que Américo de Souza Borges fez com a Abrajee, antecessora da Abrade, ao aderir unilateralmente ao CFN da Feb nos anos oitenta, Marcelo Henrique repetiu em 2013. E da mesma maneira que os espíritas da época de Américo não tiveram hombridade para exigir que lhes fosse garantido o seu direito de opinar, os de agora também o fizeram.

Os argumentos a favor da aceitação do CNE-Feb nos termos colocados são pífios e muito parecidos com os que foram utilizados depois que a Feb impôs o CFN ao Brasil e o chamou de Pacto Áureo. Entendem que o tempo lhes dará condições de alterar o Regimento e dotá-lo dos princípios democráticos fundamentais que lhe falta. Assim como o fizeram, há mais de sessenta anos, os presidentes das Federações Espíritas estaduais. Que, aliás, estão esperando até hoje uma oportunidade de mudança ou, quiçá, se esqueceram delas. Tudo igualzinho ao que ocorre no Vaticano, onde padres e bispos progressistas aguardam, há mais de mil e setecentos anos, por mudanças democráticas.

Mas não se pode deixar de anotar outros argumentos igualmente interessantes. Como aquele, defendido por Marcelo Henrique e aceito pelos outros três representantes de suas ADEs (Paraná, Campinas e São Paulo), segundo o qual a Feb deve comandar o CNE por possuir condições financeiras para arcar com passagens aéreas e hospedagens dos representantes, além da infraestrutura para as reuniões, aí incluídos os lanches, as secretárias e todas as demais mordomias. Só não menciona o prazer de estar no poder, onde bulas preparadas por “especialistas” (como bem anotou Herculano Pires) ditam o que devem e não devem fazer os espíritas no movimento.

Enquanto isso, seguimos com o modelo febiano de democracia e de produção de conhecimento. A democracia onde tudo é decidido por alguns escolhidos e referendado pelo eleito de Ismael, o presidente da Feb, sem cuja palavra final nada pode ser colocado em prática. A produção de conhecimento modelada e modulada por congressos espíritas obesos, cujo único objetivo é “ensinar” a doutrina, nos quais a tribuna é confiada apenas aos da casa, considerados que são os únicos capazes de cumprir o objetivo mas que, afinal, outra coisa não fazem senão reproduzir o pensamento hegemônico.

Neste tipo de congresso não há espaço para o conhecimento produzido fora dos limites febianos, espaço que exigiria o diálogo, o senso crítico, a abertura, coisas por demais perigosas para quem detém e manipula o poder.

Vê-se, portanto, que Kardec tem todos os motivos do mundo para confirmar que sua previsão de progresso doutrinário está de fato se realizando em plenitude pela Feb. Ela não tem mais oposição, não precisa se preocupar senão em exercer o poder. Todos aqueles que poderiam conduzi-la a uma atitude científica em termos de conhecimento estão calados, seja porque atravessaram os portões da morte, seja porque foram colocados à margem do movimento. O último deles, a Abrade, ela que era herdeira da tradição iniciada por Deolindo Amorim, de luta pela liberdade de pensamento e expressão, está agora quase exaurida em suas energias. Tornou-se um espectro do tipo wildiano, que se já não mais assusta ninguém serve ainda para fazer graça.

A CONFIRMAÇÃO

A seguir, a nota publicada no Reformador, da Feb, em 26 de fevereiro de 2014, oficializando a criação do CNE-Feb. O texto é enfático e explícito. A Feb faz questão de deixar claro que a iniciativa de criar o CNE e dotá-lo do Regimento Interno nos moldes do documento de igual teor que rege o CFN-Feb foi das próprias especializadas e, embora não o afirme, sabe-se que Marcelo Henrique, pela Abrade, esteve à frente deste desiderato, conforme comentamos acima. A nota esconde, porém, o fato de que a Abrade nada sabia do assunto até o momento em que, vindo à tona, o Regimento Interno já estava aprovado e nada poderia modificá-lo. Um golpe fatal, que foi assimilado pela Abrade como um sopro leve de uma brisa primaveril.

A certa altura, o trecho que diz que “Em seguida, a minuta de Regimento Interno foi analisada pelas Entidades Especializadas, pela Assessoria Jurídica da FEB e, finalmente, houve a aprovação pela FEB” é capcioso e pretende dar a entender que após 12 de outubro de 2013 as Especializadas analisaram a minuta do Regimento Interno, quando, na verdade, apenas tomaram ciência do texto definitivo e aprovado.

Por derradeiro, está claro no texto abaixo que o poder central, a decisão final está nas mãos do presidente-papa, aquele que pode e de fato exerce o poder de homologar e aprovar o Regimento, a criação e tudo o mais que diga respeito à vida e ao destino dos espíritas brasileiros.

Eis a nota:

Surge o Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas

O Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas da Federação Espírita Brasileira, abreviadamente CNE-FEB, surgiu a partir das reuniões realizadas entre estas Entidades e a FEB. A proposta começou a se delinear em Reuniões Ordinárias das Entidades Espíritas Especializadas de Âmbito Nacional na sede da Federação Espírita Brasileira, em Brasília-DF, nos dias 06 e 07 de abril, e, principalmente no dia 12 de outubro de 2013. Em seguida, a minuta de Regimento Interno foi analisada pelas Entidades Especializadas, pela Assessoria Jurídica da FEB e, finalmente, houve a aprovação pela FEB.

O presidente da Federação Espírita Brasileira Antonio Cesar Perri de Carvalho, fundamentado no Estatuto da Entidade (Art. 32, incisos X e XIII; Art.39, inciso XIII), homologou a decisão do Conselho Diretor e Diretoria Executiva da FEB – em reunião conjunta realizada no dia 24/2/2014 -, e aprovou a criação do Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas da Federação Espírita Brasileira, como órgão de Apoio e Orientação Técnica da FEB. O novo Conselho será instalado no final do mês de abril com a presença das Entidades Especializadas fundadoras: Abrame, ABEE, Abrade, Abrape, Abrarte, AJE, AMEBr, CME. Veja: Resolução FEB no 01/2014.

 

http://www.febnet.org.br/blog/geral/conheca-a-feb/surge-o-conselho-nacional-das-entidades-espiritas-especializadas/


[1] Ver o artigo “A posse, o poder, o silêncio” em http://www.expedienteonline.com.br/?s=abrade .

[2] Leia a seguir a íntegra da ata da reunião de 6 e 7 de abril de 2013 e observe, entre outros detalhes, nos grifos meus, a articulação entre o presidente e alguns dos membros da assembleia “sugerindo” que o Regimento estivesse alinhado com o documento de igual teor que rege o Conselho Federativo Nacional, órgão subalterno da Feb.

 

ATA DA REUNIÃO ORDINÁRIA DAS ENTIDADES ESPECIALIZADAS DE ÂMBITO NACIONAL

 

No dia 06 de abril de 2013, às 9 horas, teve início na sala do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira – FEB – em Brasília, a reunião ordinária das Entidades Especializadas de Âmbito Nacional, com o objetivo de tratar dos assuntos relacionados às atividades da citada entidade. Estavam presentes: Fabíola de Fátima Zanetti de Lima, da Associação Médico Espírita – AME do Distrito Federal, representando a Associação Médico Espírita do Brasil – AME Brasil; o Presidente da Associação Brasileira de Arte Espírita – ABRARTE, Cláudio Miranda Marins e Lucas de Pádua Mendes Gonçalves – assessor; Célio Alan Kardec de Oliveira, presidente da Organização Social Cristã Espírita André Luiz – OSCAL, entidade convidada a participar da reunião; Weimar Muniz de Oliveira, Presidente da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas – ABRAME e Kéops Vasconcelos – assessor; Waldir Antonio Silvestre representando a Associação Brasileira de Esperantista do Brasil – ABEE; Hélio Ribeiro Loureiro, representando o presidente da Associação Jurídico Espírita do Brasil – AJE-Brasil; Marcelo Henrique Pereira representando a Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo – ABRADE; Ercília Pereira Zilli Tolesano, Presidente da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas – ABRAPE e Gilda Andrade, Diretora Administrativa; Maria Amélia B. Serrano, Vice-Presidente, representando Cesar Reis, o presidente do Instituto de Cultura Espírita do Brasil – ICEB e Ronaldo Serrano, diretor; Danilo Carvalho Villela e Eloy Carvalho Villela representando a Cruzada dos Militares Espíritas. Dando início à reunião, foi lida, por Hélio Ribeiro Loureiro, a mensagem “No Serviço Cristão”, do livro Vinha de Luz, de Emmanuel, psicografado por Francisco Candido Xavier. A prece inicial foi proferida por José Valdo, Diretor e Secretário Geral da FEB. A seguir, o Presidente da FEB, Antonio Cesar Perri de Carvalho, dando as boas vindas, agradeceu a presença de todos e informou sobre o estado de saúde do ex-Presidente da FEB, Nestor João Masotti e apresentou os integrantes da equipe da FEB: Marta Antunes de Oliveira de Moura, Vice-Presidente da FEB e responsável pela Área Federativa do CFN e Entidades Especializadas; José Valdo, Diretor da FEB e seu Secretário Geral; Roberto Fuina Versiani, Diretor e Secretário do Conselho Federativo Nacional – CFN, Célia Maria Rey de Carvalho, Diretora da FEB e Secretária do Conselho das Entidades Especializadas de Âmbito Nacional e Aston Brian, Vice-Presidente da Federação Espírita de Goiás e Secretário da Comissão Regional Centro. Antonio Cesar Perri de Carvalho informou que no dia 5/03/2013, em função de necessidades de tratamento de saúde, o Sr. Nestor João Masotti renunciou ao cargo de Presidente da FEB. Com a renúncia, o Conselho Superior da FEB se reuniu no dia 16-3-2013 e ele foi eleito o novo Presidente da FEB. Esclareceu que a reunião das Entidades Especializadas de Âmbito Nacional foi deslocada da reunião ordinária do CFN para que 2
houvesse mais tempo e disponibilidade para se discutir os assuntos pertinentes a esse âmbito de ação. Acentuou a importância do assessoramento das entidades especializadas à FEB e ao CFN quanto a ações que devam ser robustecidas no Movimento Espírita Brasileiro. A título de exemplo, citou a manifestação de repúdio à nota emitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) a favor do aborto até 12 semanas de gestação, salientando que não caberia à FEB como entidade religiosa se dirigir ao CFM, entretanto ela divulgou e apoiou a manifestação da AME-Brasil. A seguir, o Presidente da FEB anunciou informações gerais sobre o andamento de alguns trabalhos desenvolvidos pela FEB: A perspectiva da FEB de ampliar ações em nível nacional tendo em vista, com a presença de representantes da FEB, apoiar e estimular ações no Movimento Espírita. Destacou a visita do Sr. Edmar de Almeida, Presidente da AJE-DF e Vice-presidente da AJE/Brasil, que apresentou trabalho produzido por autores diversos e coordenado pelo Presidente da AJE-Brasil, o qual originou a publicação do livro “Direitos Constitucionais e Espiritismo”. Informou que o Conselho Espírita Internacional – CEI elaborou um trabalho que será disponibilizado para download no portal da FEB até o final da próxima semana relacionado à Campanha em Defesa da Vida. Esclareceu que o material é composto por filmes sobre o tema da campanha, produzidos pela Federação Espírita Portuguesa. Sobre as atividades das federativas, destacou o Presidente que atualmente o Movimento Espírita, em diversos temas, vive um momento muito delicado devido a várias pressões de origem governamental, como: A proposta do governo de marco regulatório das ações religiosas, que gerou preocupação por parte das entidades religiosas e que a próxima reunião do comitê inter-religioso que ocorrerá em Brasília terá como pauta a discussão do texto da proposta do governo. Destacou que a regulamentação do ensino religioso no Brasil é muito diversificada. Esclareceu que há Estados em que o Conselho Estadual de Educação definiu que as aulas seriam de religiosidade e em outros Estados que seriam especificamente sobre religião e estes abriram para participação das entidades religiosas, o que gerou um problema de difícil solução. Citou como exemplo o caso do Estado do Rio de Janeiro que, para um professor poder ministrar aulas de ensino religioso, precisa ter licenciatura e ainda ser credenciado como espírita. Informou, também, que tramita no Congresso Nacional proposta de projeto que permite às entidades religiosas o direito de propor ações de inconstitucionalidade junto ao STF. Cientificou a todos sobre o problema gerado pela interferência direta do Estado sobre as organizações religiosas. Informou que o Conselho Nacional de Assistência Social e alguns Conselhos Estaduais estão sendo forçados, para atender a legislação federal, a terem um CNPJ diferente para a prática da assistência social. Mencionou sobre a crescente demanda pela participação da FEB em audiências, comitês ou reuniões e a dúvida seria se o convite é para a FEB ser ouvida e colaborar nas ações governamentais ou se seria apenas para validar tais ações. Anunciou que a FEB está assumindo o Instituto de Cultura Espírita do Brasil – ICEB, bem como o Museu Espírita do Estado de São Paulo e que haverá uma cerimônia solene para marcar essa passagem no dia 18 de abril/2013 em São Paulo. Esclareceu o Presidente que, antes de assumir a direção do ICEB e do Museu, a USE de São Paulo foi ouvida e que inclusive neste processo de transição administrativo/financeira para a FEB uma comissão foi formada e a própria 3
Presidente da USE-SP é membro integrante. Informou, também, que a partir do mês de abril estará funcionando uma filial da FEB na cidade de São Paulo, por necessidade de funcionamento da editora da FEB. Explicou o Presidente que a editora passou “praticamente por uma recriação” para atender as necessidades do mercado brasileiro e as da própria FEB. Com a desativação da gráfica na cidade do Rio de Janeiro, em fev./mar de 2012, as edições passaram a ser terceirizadas e a grande maioria das impressões foi realizada no Estado de São Paulo, onde se situam as maiores gráficas, distribuidoras e empresas de logística, assim como o maior mercado da América do Sul para os livros, e que com essa mudança a impressão, assim como a distribuição dos livros ficou mais célere e barata. Esclareceu, também, que o atraso na publicação dos livros da FEB, que já está se normalizando, não foi motivado pela terceirização e sim pela necessidade prévia de revisão de todos os originais dos livros por garantia doutrinária. Seiscentos originais foram revistos. Hoje a FEB está imprimindo uma média de 10 livros ao mês entre títulos já editados e novos para normalizar essas impressões. Informou, também, o êxito da parceria histórica com as federativas estaduais para a publicação de edição do Evangelho segundo o Espiritismo com 200 mil exemplares e que novas negociações estão ocorrendo para o lançamento de outros livros. Quanto ao Congresso em Cuba, informou que houve 2.012 inscritos, sendo quase 600 do Brasil, 1.200 cubanos e o restante representantes de 31 países. Informou que também houve em Cuba um pré-congresso no extremo leste da ilha, onde se concentra a maior quantidade de entidades espíritas – são 574 entidades registradas como Centros Espíritas em Cuba – no qual houve a participação de 1.300 cubanos e alguns estrangeiros. Disse que o evento foi tão marcante para a religião em Cuba que o próprio governo cubano esteve presente na abertura, assim como em vários outros momentos. Os representantes do governo cubano informaram que o congresso foi, com exceção à visita do Papa, o maior evento religioso em Cuba. O Presidente, Antonio Cesar Perri de Carvalho, também informou que a FEB, junto com o CEI, imprimiu edição especial de O Evangelho segundo o Espiritismo, em espanhol, que foi doada a todos os participantes do congresso e aos espíritas cubanos. Também disponibilizou um contêiner de livros em espanhol, formado principalmente com doações da FEB e do Instituto de Difusão Espírita de São Paulo. A seguir, passou-se à discussão dos itens da pauta. 1) Aprovação da Ata da reunião realizada em 08 de novembro de 2012. Após solicitações de correções realizadas e a nova versão entregue a todos, a ata foi aprovada por unanimidade. A pedido do sr. Marcelo Henrique Pereira, representante da ABRADE e coordenador provisório das especializadas, e com a aprovação de todos, foi antecipado o tópico “Discussão sobre o Formato Organizacional das Especializadas e demais ações” da pauta. Também por solicitação de Marcelo Henrique Pereira e com a aprovação geral foram referendados os representantes, antes eleitos provisoriamente, pelos integrantes da Coordenação das Entidades Especializadas: Ercília P. Zilli Tolesano, representante da ABRAPE, Hélio Ribeiro Loureiro, representante da AJE-Brasil e Marcelo Henrique Pereira, representante da ABRADE e como responsável pela secretaria das Entidades Especializadas Célia Maria Rey de Carvalho, representante da FEB, para continuarem representando a entidade na reunião do CFN de novembro de 2013. O Presidente da FEB perguntou à equipe se as propostas de ações das Entidades 4 Especializadas, estabelecidas na reunião anterior, foram desenvolvidas. O sr. Marcelo Henrique Pereira, coordenador das especializadas, informou que as seguintes ações foram realizadas: criação de uma lista de e-mail, organizada inicialmente por um colaborador da ABRARTE, que está em pleno funcionamento. Esclareceu que todas as entidades especializadas estão recebendo informações pelo grupo de e-mails especializadacfn@googlegroups.com. Aproveitando esta oportunidade a sra. Célia Maria Rey de Carvalho, representante da FEB junto às entidades especializadas, esclareceu que a FEB ficou responsável por realizar a hospedagem e refeições dos representantes das entidades especializadas na presente reunião, mas que encontrou dificuldades para realizar tal tarefa devido ao atraso ou a não confirmação por parte dos representantes das especializadas em relação à sua presença para a reunião, e pediu encarecidamente atenção por parte de todos solicitando que, com antecedência de um mês, confirmem presença para as próximas reuniões e informem quantos dias ficarão, se precisarão de hotel, de translado para o aeroporto e outras necessidades. Solicitou, também, esclarecimento de sua função junto às especializadas e também dos outros integrantes da coordenação. O coordenador das especializadas informou que gostaria que a sra. Célia Maria Rey de Carvalho fizesse todo o trabalho de assessoramento, como a organização da vinda dos representantes, a logística, a secretaria e a condução da pauta. Em continuidade às apresentações das ações das entidades especializadas, o sr. Marcelo Henrique Pereira recordou que na reunião anterior foram oficializadas quatro comissões temáticas das Entidades Especializadas: I) Direito e Acompanhamento Legislativo (ABRADE, ABRAME e AJE); II) Saúde e Espiritualidade (AME-Brasil, ABRAPE e OSCAL); III) Comunicação (ABRADE, ABEE, CME) e IV) Educação (ABRARTE, ABRAPE, ICEB, OSCAL). Criticou de forma construtiva e coletiva o fato de nenhuma das comissões terem apresentado qualquer trabalho. Informou que a Comissão de Direito e Acompanhamento do Legislativo, como início de seu trabalho, apresentou um levantamento preliminar sobre projetos de lei em tramitação no Senado Federal no que se refere a assuntos da mais absoluta relevância para o Movimento Espírita Nacional e Internacional. O sr. Hélio Ribeiro Loureiro, representante da AJE-Brasil, pediu a palavra para mencionar que foi elaborado pela AJE um produto para ser disponibilizado às federativas estaduais que é um mini seminário, com uma linguagem acessível a todos, sobre a questão do Estatuto do Nascituro e do novo Código Penal e que esse material seria disponibilizado ainda na reunião. Outro assunto apresentado na reunião foi a proposta da coordenação das entidades especializadas de transformar o fórum em uma instância dentro do organismo FEB, ou seja, a transformação da Coordenadoria das Entidades Especializadas em um Conselho Nacional das Entidades Especializadas Espíritas (CNE). Este conselho teria uma estrutura parecida com a do CFN, ou seja, teria uma atuação em paralelo ao próprio CFN e em apoio à FEB. Para a compreensão de todos diferenciou o porquê da troca da denominação coordenadoria para conselho e esclareceu que como coordenadoria o grupo tem apenas uma função de departamento coligado diretamente com a presidência da FEB. Frisou que a estrutura de ação continuaria a mesma, bem como a participação democrática de todos os entes. Como conselho, por sua vez, continuaria ligado à FEB, porém já possuiria uma posição em relação à estrutura federativa, bem como frente à estrutura diretiva do próprio CFN. 5
Assim, assumiria uma posição de horizontalidade, continuando com a incumbência de assessorar, de ser um ente supletivo às necessidades do Movimento Espírita como um todo. Em resumo, deixaria de assessorar apenas a FEB para assessorar o Movimento Espírita em nível nacional e internacional. O presidente da FEB, Antonio Cesar Perri de Carvalho, solicitou a palavra para esclarecer sobre a necessidade, no que se refere à extensão da atuação do Conselho, de considerar as diretrizes do estatuto da FEB e do regimento interno do CFN. Disse que pelo estatuto, quem compõem o CFN, são as entidades federativas. Entretanto, argumentou que é interessante a idéia de assessorar a FEB e o CFN, bem como as comissões regionais, mesmo que não esteja o Conselho Nacional das Entidades Espíritas integrado ao CFN como um membro efetivo. Enfatizou que esse tipo de serviço de assessoria é exatamente o que o Movimento Espírita necessita como destacou na sua fala inicial em relação aos problemas que se apresentam em âmbito nacional, principalmente pelo fato desses problemas perpassarem assuntos relativos a algumas Entidades Especializadas. Disse que o ideal é pensar na organização das Entidades Especializadas sem que no momento o estatuto da FEB e o regimento do CFN precisem ser alterados. Salientou que o Conselho pode sim ser criado, mas a forma de ligá-lo com a FEB é que precisa ser estudada. Sugeriu que o Conselho passe por um período experimental, porém atuando no momento ainda como uma representação. Também esclareceu que a ligação do Conselho com a FEB provavelmente será mais fácil de ser realizada, dado que, como destacou o sr. Hélio R. Loureiro da AJE-Brasil, o estatuto da FEB é omisso no que se refere à criação de um conselho, portanto a proposta para sua criação poderia ser levada diretamente para a avaliação da diretoria da FEB e que no CFN as entidades especializadas participassem por meio de um único representante, para não alterar a razão de ser do CFN. O sr. Marcelo Henrique Pereira (ABRADE) retomou a discussão sobre a importância do reconhecimento das entidades especializadas pelas federativas não como um movimento paralelo, mas como parte da organização oficial do movimento espírita. Disse acreditar que com a formalização do conselho as entidades especializadas estaduais se aproximarão e o conselho irá incentivá-las a trabalharem em apoio aos órgãos estaduais federativos. Para exemplificar a importância da ação sincronizada entre as entidades especializadas e a FEB, Antonio César Perri de Carvalho informou que no ano de 2005, quando o assunto aborto estava para entrar em pauta no Congresso Nacional, houve uma ação sincronizada entre ABRAME, FEB e AME-Brasil. A FEB fez um trabalho doutrinário para a mobilização e conscientização do movimento espírita. A ABRAME fez um documento à luz da ciência do direito. A AME-Brasil elaborou um documento à luz do conhecimento médico. Esses dois documentos foram entregues pelas duas entidades e a FEB aos ministros e congressistas. Segundo a opinião do Presidente da FEB, foram esses documentos fundamentados na ciência jurídica e médica que tocaram os parlamentares, sensibilizando-os no sentido de não avaliarem a ação como um produto sectarista, puramente religioso. Enfatizou que a somatória de esforços é muito importante e por isso, como Presidente da FEB, incentivava a criação do conselho. Quanto ao trabalho das entidades especializadas estaduais, disse Antonio Cesar Perri de Carvalho que o conselho será muito útil principalmente porque algumas especializadas estaduais agem de forma extremamente autônoma em relação às entidades 6 especializadas nacionais e com a organização do conselho espera-se que o diálogo entre ambas seja mais fácil e que possam em conjunto estabelecer parcerias a favor do Movimento Espírita. O sr. Lucas de Pádua Mendes Gonçalves (ABRARTE) perguntou ao Presidente se a decisão de aprovação pela diretoria da FEB é suficiente para criação do conselho, ou se seria preciso também a aprovação do CFN. Antonio Cesar Perri de Carvalho esclareceu que para criar basta a aprovação da diretoria da FEB e sugeriu que o primeiro passo do grupo seria organizar as idéias e elaborar a minuta do regimento interno do conselho e na sequência encaminhá-la para apreciação e aprovação da diretoria da FEB. Aprovada pela diretoria da FEB, esta informará o CFN da sua criação e comunicará que a partir de determinada data o mesmo será representado por um relator no CFN e este representante participará do CFN na categoria de observador, sem direito a voto. O sr. Lucas de Pádua Mendes Gonçalves (ABRARTE) sugeriu que a presidência da FEB elabore uma carta dirigida às entidades federativas estaduais, incentivando-as a buscarem se aproximar das entidades especializadas estaduais, para que as ações que se almeja alcançar em nível nacional também possam ser alcançadas em nível estadual. Antonio Cesar Perri de Carvalho disse que esta carta seria mais oportuna depois da decisão da diretoria da FEB quanto à criação do conselho, pois assim ganharia mais força. A sra. Ercília P. Z. Tolesano (ABRAPE) sugeriu que, uma vez criado o conselho, este já tenha à disposição uma série de produtos iniciais para apresentar. Produtos que as entidades especializadas já possuem e que poderiam ser colocados à disposição, colaboração nos temas em que as mesmas já tenham avançado, com abertura para ouvir novas demandas. Finda a apresentação dos pontos de vista sobre o assunto da formação de um conselho, o sr. Marcelo Henrique Pereira (ABRADE) encaminhou a discussão para votação das seguintes propostas: (a) manutenção da formação do Fórum das Entidades Especializadas; (b) converter o Fórum em um Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas. Ficou aprovada, por unanimidade, a segunda proposta. Na sequência foi sugerida a nomenclatura e sigla do conselho ficando aprovado o nome: “Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas”. Sigla: CNE-FEB. No andamento das discussões sobre o conselho, o sr. Keóps Vasconcelos (ABRAME) sugeriu utilizar o modelo do regimento interno do CFN para a elaboração da minuta e a partir dele fazer adaptações. A FEB disponibilizou a todos a versão do arquivo em formato de processador de texto. O sr. Hélio Ribeiro Loureiro (AJE-Brasil) sugeriu a nomeação de uma comissão temporária para elaboração da minuta de regimento interno e que esta comissão de trabalho faria uso da lista de e-mails para debater a minuta, finalizando a mesma para aprovação na próxima reunião do conselho. O Presidente da FEB sugeriu que a comissão pensasse sobre como será o critério para que novas entidades especializadas integrem o conselho. Disse que as atuais Entidades Especializadas entram como fundadoras, mas é necessário caracterizar a relação com as futuras. Sobre esse ponto o sr. Marcelo Henrique Pereira (ABRADE) sugeriu que, aprovada a minuta, o conselho conversará com as entidades que quiserem aderir a ele para apresentarem um pedido de inscrição formal ao mesmo. Como procedimento regular para novas adesões, seria elaborado um parecer sobre o pedido, que seria encaminhado à diretoria da FEB para aprovação. O sr. Weimar Muniz de Oliveira (ABRAME) reforçou a importância de não 7 excluir do processo de adesão de novas Entidades Especializadas a apreciação da FEB. Feitas essas considerações, foram escolhidos os integrantes da comissão temporária para elaboração da minuta de regimento interno: Hélio R. Loureiro (AJE-Brasil), Marcelo Henrique Pereira (ABRADE), Waldir A. Silvestre (ABEE) e Kéops Vasconcelos (ABRAME). Decidiu-se que a minuta será apresentada em reunião extraordinária do conselho, marcada para 12 de outubro de 2013 (sábado), das 9h às 18h, e que em até 120 dias, a contar da presente data, uma versão preliminar será disponibilizada na lista de e-mail para ser discutida por todas as entidades especializadas. O sr. Antonio Cesar Perri de Carvalho, dando seguimento à pauta da reunião, passou ao item sobre o Relato das Entidades Especializadas – atividades que ocorreram entre novembro de 2012 e abril de 2013. Antes do relato, a sra. Célia Maria Rey de Carvalho, solicitando a palavra, informou aos membros do conselho que uma das decisões aprovadas na reunião passada, foi de que a secretaria receberia de cada entidade especializada o material de suas atividades em formato de CD e os acoplaria em um único CD para ser distribuído nesta reunião e questionou se essa decisão, da reunião passada, permaneceria. O Sr. Hélio Ribeiro Loureiro (AJE-Brasil) propôs que a secretaria encaminhasse às Entidades Especializadas um e-mail análogo ao que é enviado às federativas e que se tornou um relatório padrão. Após receberem as perguntas, as Entidades Especializadas vão inserir as informações e reencaminhar para secretaria, evitando disparidade no documento. Ficou acordado entre os participantes da reunião que esse questionário seria encaminhado para a próxima reunião ordinária, que ocorrerá em abril de 2014. O relato das Entidades Especializadas foi iniciado pela ABRARTE, por meio de seu representante Cláudio M. Marins. Marins destacou a publicação de dois cadernos de arte espírita pela ABRARTE, cuja edição se esgotou, e informou que este material foi disponibilizado no site da ABRARTE para download. Fez menção à participação da entidade na 36º CONFERN, local: Jundiá/RN, tema: “Brasil coração do mundo, pátria da arte espírita”, evento realizado pela Federação Espírita do Rio Grande do Norte no feriado de carnaval, no qual a ABRARTE participou com a realização de palestras, seminários e oficinas durante o evento. Anunciou o lançamento em nov./2012 do 1º livro da ABRARTE: “Dançando com a alma – diálogos sobre dança espírita”. Disse que a obra é uma contribuição da ABRARTE no sentido de iniciar uma postura de diálogo sobre o assunto, dadas as diferentes posturas que existem no momento, uma de proibição e outra muito permissiva sobre o tema dança. Informou que o livro é formado por vários artigos e que não visa finalizar o assunto, mas sim iniciar um diálogo, buscando a construção de soluções sobre o tema. Marins comentou que, após o incentivo da FEB na reunião de abril/2012, a ABRARTE iniciou a construção de materiais sobre o tema “Arte no Centro Espírita – como fazer?”. São subsídios aos dirigentes e trabalhadores espíritas, para as atividades de arte no centro espírita. Informou que na reunião que antecedeu o CFN de 2012 foi entregue o esboço da minuta deste trabalho e ele está sendo cuidadosamente trabalhado com vistas a possibilitar um norte na implantação da arte na casa espírita de forma prática. Destacou que a atividade mais recente é a produção do DVD intitulado “Senhor, que arte queres que eu faça?”, contendo seminário com Haroldo Dutra Dias sobre o tema Arte Espírita, e que um piloto desse material será entregue nesta reunião a todos os presentes. Por fim, 8
distribuiu a todos um calendário com as atividades principais de arte que estão acontecendo no Brasil. Na sequência a ABRADE, representada pelo sr. Marcelo Henrique Pereira, apresentou seu relato. Destacou primeiro o compromisso da ABRADE na busca por especializar a comunicação espírita e seu intuito de colaboração junto à FEB, ao CFN e a qualquer especializada que tenha essa necessidade de trabalho de divulgação. Destacou que a ABRADE tem atuado como um consultor gratuito na área de web-rádio, web-TV, produção jornalística, no uso dos informativos digitais e outros produtos que compõem a comunicação social espírita. Disse que a ABRADE, no momento, não está presente em cada Estado, mas atua na busca de se implantar. O sr. Marcelo informou que no momento a ABRADE possui dezessete e-listas na internet e que nos últimos meses tem atuado intensamente no Facebook. Aproveitou para sugerir que este conselho tenha uma página no Facebook para divulgar suas produções. Informou também que a ABRADE vem procurando trabalhar temas específicos e citou que em dezembro de 2012 ela publicou uma série de artigos sobre o tema “O espiritismo e o fim do mundo”; e atualmente está publicando uma série de artigos especiais sobre o tema “O verdadeiro papel de Allan Kardec na codificação espírita”. A AME-Brasil, representada pela sra. Fabiola F. Z. Lima iniciou seu relato informando sobre o papel da AME-Brasil na manifestação contra a posição do Conselho Federal de Medicina – CFM. Disse que a AME-Brasil esta estimulando todas as associações médico-espíritas a fazerem campanhas divulgando esta posição. Destacou que a decisão do CFM não passou devidamente por um conselho maior de médicos e que, portanto, a AME tem trabalhado estimulando todos os médicos a se manifestarem via associação médico espírita ou via CRNs. Ressaltou que neste ano ocorrerá o IX Congresso da Associação Médico-Espírita do Brasil (Mednesp), em Maceió/AL do dia 29 de maio a 1º de junho/2013, com o tema “Desafios do paradigma médico-espírita: no ensino, na pesquisa, na prática clínica”, evento este que tem atraído participantes não só os profissionais da área de saúde, mas de outras áreas também, e que, por isso, o evento programou seminários com uma linguagem mais fácil direcionada para público geral, bem como seminários para tratar de temas específicos da área da ciência. Finalizando sua fala, informou que todos receberam o folder do evento para conhecimento e divulgação. A OSCAL, representada pelo sr. Célio Alan Kardec de Oliveira, iniciou seus relatos informando que a OSCAL dirige uma escola cristã, o Educandário “Humberto de Campos”, em uma comunidade rural, e esta é inteiramente filantrópica. A escola conta com 230 alunos e todos os professores são espíritas. Informou que a OSCAL já há alguns anos vem desenvolvendo um encontro de jovens espíritas denominado “Encontro de jovens espíritas do Brasil”, que ocorre no período de carnaval e conta com a participação de aproximadamente 400 jovens. E esse ano o encontro separou um dia inteiramente para os jovens que estudam no Educandário, com oficinas e outras atividades. Informou que a OSCAL esta atuando em auxilio ao Hospital Espírita André Luiz de Belo Horizonte, que esta passando por dificuldades financeiras, colaborando com a doação mensal de alimentos para 120 pacientes que são atendidos gratuitamente. Sugeriu que este conselho refletisse na possibilidade de como auxiliar entidades como hospitais e escolas que estejam comprometidas com o ensino moral, talvez fazendo um levantamento dessas instituições em todo o país, e que de alguma 9
forma apoiasse tais atividades. O Presidente da FEB solicitou a palavra para se manifestar sobre esse assunto e comunicou que todos receberam um artigo intitulado “Instituições de ensino espírita”, publicado no reformador em set./2011. Disse que infelizmente Chico Xavier tinha razão quando alertou há mais de 40 anos atrás que o compromisso dos espíritas não era com o crescimento de entidades assistenciais, em razão de futuras pressões do governo que levariam essas instituições a serem descaracterizadas. O sr. Antonio Cesar Perri de Carvalho disse que a legislação do Brasil mudou e que a CF/88 alterou toda uma ordem legal. Disse que a partir de agora não haverá mais liberdade alguma de ação dentro de escolas e hospitais porque a regulamentação é do governo. Assim, hoje uma escola não tem condições de funcionar mais como escola espírita de acordo com a legislação, assim como um hospital espírita. As exigências impostas pela legislação são tão altas que no Estado de São Paulo quase todos os hospitais espíritas foram fechados. Disse que o assunto, hospital e escola espíritas, teria que passar por outra discussão, sendo preciso saber qual é o ordenamento legal e frente a ele ver se a instituição tem capacidade e competência para atender. Se não tiver, acabará fechando. Informou que a partir de agora o que sobra para o Movimento Espírita é o trabalho de assistência espiritual, moral e ético, o trabalho de atendimento fraterno e o tipo de assistência social que não resvala nas exigências do governo. Finalizou dizendo que todas as instituições espíritas terão que rever e se adequar à situação econômica e conversar com a área jurídica. Esclareceu que a própria FEB sofreu mudanças após passar por uma auditoria externa. Ainda sobre esse tópico, houve outras manifestações de participantes da reunião, referentes aos riscos da dependência de recursos governamentais para o exercício da assistência social e à tendência a que o movimento espírita dê cada vez mais ênfase à assistência espiritual e à família. Ercília Pereira Zilli Tolesano, representante da ABRAPE, em sua manifestação, saudou o novo presidente da FEB e apresentou as principais atividades conduzidas pela entidade: participação em evento espírita no Estado do Maranhão; cursos de formação ofertados a psicólogos espíritas voluntários; organização da equipe para a produção de relatos relacionados ao curso; grupo de estudos sobre saúde espiritual; fundação de novos núcleos da ABRAPE pelo país e compilação de estudos de referência sobre psicologia e espiritismo. Foi destacado o convite feito à ABRAPE para participar de um ciclo de palestras e debates a respeito do tema “Psiquiatria Forense”. Ercília Pereira Zilli Tolesano também discorreu sobre a natureza dos estudos promovidos pela ABRAPE, dando como exemplo a análise do caso “maníaco do parque”, em que um dos laudos revelou que o criminoso alegou escutar vozes e sofrer influências que o incitaram à prática dos crimes. Em relação aos cursos, foi apontado o aumento da oferta, com temas como “ética do psicólogo e religiosidade”. A seguir, falou o sr. Weimar Muniz Oliveira em nome da ABRAME. Primeiramente, parabenizou a AME pela moção de repúdio ao posicionamento do CFM sobre o aborto. Enfatizou a importância de opor resistência à pretensão de descriminalização do aborto presente na proposta do novo código penal e informou que a argumentação da AME-Brasil e da ABRAME sobre a questão será publicada conjuntamente em revista de circulação nacional e internacional. Após divulgar o mais recente número da Revista da ABRAME, passou a palavra a Kéops Vasconcelos, também representante da ABRAME. Dando continuidade ao relato, o sr. 10
Kéops informou sobre a realização do 7º Congresso Nacional de Magistrados Espíritas, a ocorrer na cidade de Poconé, no Estado do Mato Grosso entre os dias 13 e 15 de setembro. Comentou que participou do Congresso Espírita da Paraíba, no qual foi solicitada a redação de manifesto de cunho jurídico sobre a questão do aborto para ser entregue a parlamentares paraibanos, e também da Jornada Médico-Espírita do Piauí. O Presidente da FEB Antonio Cesar Perri de Carvalho pediu desculpas por precisar se ausentar para comparecer a evento espírita fora de Brasília, passando a condução da reunião ao diretor da FEB e Secretário Geral do CFN, Roberto Fuina Versiani. Antes de sair, lembrou a todos que o próximo Congresso Espírita Mundial ocorrerá na cidade de Lisboa, Portugal, com o tema “Em defesa da vida”. Prosseguindo com a fala, a ABRAME, discutiu a questão da harmonização entre as Entidades Especializadas e as federativas. O sr. Weimar Muniz Oliveira solicitou o apoio da FEB para conscientizar as federativas estaduais de que as entidades especializadas devem ser apoiadas. Roberto Fuina Versiani concordou e disse que a criação de um espaço exclusivo para entidades especializadas na estrutura da FEB já é um incentivo nesta direção. A seguir, o representante da AJE-Brasil, Hélio Ribeiro Loureiro informando que a representatividade da entidade tem crescido em todo o país. Apesar do desafio de reunir diferentes agentes do universo jurídico, quase metade dos estados já possui núcleos da AJE, com o apoio da AJE-Brasil que, dentre outras formas de suporte, disponibiliza um estatuto padrão aos interessados. Quanto a eventos, nos anos pares é realizado o CONJURESP no Estado de São Paulo. O último evento ocorreu no ano passado na cidade de Campinas, com a presença do presidente da OAB, que tem reconhecido o trabalho da associação. A partir deste ano, ocorrerá nos anos ímpares o congresso fluminense, que em 2013 na cidade de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. Ainda no que diz respeito a eventos, a AJE também tem atuado em encontro em parceria com as AMEs. Hélio Ribeiro Loureiro ainda disse que a AJE-Brasil tem prestado assessorias jurídicas às federativas estaduais, orientando as AJEs locais para atuarem em conjunto com as federativas. Representando a ABEE, Sr. Waldir Antonio Silvestre felicitou Roberto Fuina Versiani pela condução da reunião, em razão dos antigos laços entre ambos na atuação junto ao Movimento Espírita. Manifestou gratidão ao ex-Presidente da FEB, Nestor João Masotti, por todo o apoio dado aos esperantistas espíritas, em especial na organização do Congresso Brasileiro de Esperanto. Waldir Antonio Silvestre colocou-se à disposição para auxiliar o conselho na redação do regimento e no que mais fosse necessário, destacando que reside em Brasília. Relatou que a ABEE tem continuado a oferecer cursos e a participar de congressos internacionais. Esclareceu que no último ano não houve o Congresso Brasileiro de Esperantistas Espíritas, pois não conseguiram apoio na região em que ocorreu o Congresso Brasileiro de Esperanto e os dois congressos sempre ocorrem em data contígua. Mas informou que no próximo ano haverá o evento, que ocorrerá em Florianópolis, e pediu o apoio dos espíritas da região, ao que Marcelo Henrique Pereira, como membro da Federação Espírita Catarinense, se colocou à disposição para ajudar. Por fim, Waldir Antonio Silvestre registrou sua emoção em participar desta histórica reunião. A representante do ICEB, sra. Maria Amélia B. Serrano, relatou que nos primeiros meses do ano o Instituto esteve dedicado à sua mudança de sede, do CEERJ para a Cruzada dos Militares Espíritas, no “Lar de 11
Tereza”. No momento estão retomando seu programa de estudos tri-anual, que está no segundo período desenvolvendo o tema “Sociedade”. Outras atividades destacadas foram a publicação da Revista Cultura Espírita e a TV ICEB, que é assistida inclusive em outros países. Por fim, sra. Maria Amélia B. Serrano apontou o trabalho de integração dos institutos de cultura espírita do país. Pela Cruzada dos Militares Espíritas Espíritas, o sr. Eloy Carvalho Villela destacou que o trabalho da entidade é endógeno de levar a doutrina espírita para dentro do meio militar. Enfatizou a relevância do ponto de vista espírita para humanizar os profissionais como os policiais militares, que vão ao confronto em nome do Estado e devem ter referências para não se embrutecer. A Cruzada faz visitas a quartéis e escolas militares, além de ter um centro espírita mais voltado para os militares, mas que também conta com a frequência de muitos civis. A importância do trabalho da Cruzada dos Militares Espíritas foi ressaltada por Hélio Ribeiro Loureiro (AJE-Brasil), que comentou o pedido feito por um comandante da PM de estender aos policiais o trabalho de assistência espiritual desenvolvido pelo CEERJ junto a presos, e por Waldir Antonio Silvestre, que relatou uma circunstância em que foi auxiliado por um tenente membro da Cruzada na época em que prestou serviço militar. Após dar por encerrada a etapa de relatos, Roberto Fuina Versiani passou a discutir o item 03. Relato e Discussão das Comissões Temáticas. Solicitando a palavra, Weimar Muniz de Oliveira, Presidente da ABRAME, leu texto dos artigos 3º e 4º do Tratado Internacional dos Direitos Humanos, enfatizando que todos têm que lutar contra a descriminalização do aborto. Marcelo Henrique Pereira, da ABRADE ponderou que é necessário produzir documento em nome das Entidades Especializadas, com o aval da FEB e com fundamentação jurídica, médica e outras. Que o mesmo deve ser robusto, para ser apresentado às comissões do legislativo e judiciário. Antonia Marilene da Silva, representando a AME-DF, informou que ABRAME E AME já têm documento com fundamentação científica e jurídica. Esclareceu que o maior índice de mortalidade do nacituro, não é o aborto, mas a falta de assistência médica. Marcelo Henrique Pereira, retomando a palavra sugeriu estabelecer o compromisso da AME-Brasil e da ABRAME de repassar todos os documentos às outras Entidades Especializadas e estabelecer um prazo de 60 dias, para ser apresentado documento em nome de todas e repassado à FEB. O Documento deverá ser elaborado pela Comissão do Direito e Acompanhamento Legislativo, assessorada pelas demais comissões. Weimar Muniz de Oliveira leu os art. 5º e 60 da Constituição Federal e informou que é inconstitucional a votação do assunto pelo legislativo. Após esses esclarecimentos ficou aprovado por todos que em relação ao trabalho das Comissões Temáticas haveria uma troca de idéias entre todos sobre os temas a serem trabalhados por cada Comissão e depois cada uma se reuniria para elaborar um plano de ação e definir prioridades. Que seria de importância fundamental sair desta reunião com propostas de trabalho claras e definidas. Após a manifestação dos representantes das Entidades Especializadas presentes, chegou-se às seguintes sugestões temáticas: I – Direito e Acompanhamento Legislativo. (ABRADE, ABRAME e AJE) Relator: Keóps Vasconcelos. Aborto – defesa da vida (código penal e estatuto do nascituro). Estatuto da Juventude. União Homoafetiva. Sistema Carcerário-penitenciário e Execução Penal. II – Saúde e Espiritualidade. (AME-Brasil, ABRAPE e OSCAL). Relator: Antônia Marilene da Silva. Dependência química. Eutanásia e Distanásia. 12
Infância, juventude e religiosidade (transcendência ou fé). Medicamentos – prescrição sem análise integral. Saúde integral. Espiritualização dos médicos. Terapêuticas espíritas e terapias alternativas. A arte na saúde e espiritualidade. III – Comunicação. (ABRADE, ABEE, CME). Relator: Marcelo Henrique Pereira. Manejo das novas mídias. Popularização das técnicas e ferramentas de comunicação. Violência na mídia – ética dos veículos de imprensa e de propaganda. Regulamentação da liberdade de imprensa e da propaganda. Arte na divulgação espírita. Visão espírita das notícias. Temas atuais ou polêmicos segundo o espiritismo – fronteiras do conhecimento. IV – Educação. (ABRARTE, ABRAPE, ICEB, OSCAL). Relator: Lucas de Pádua Mendes Gonçalves. Educação religiosa formal. Projeto humanizar: infância, juventude e transcendência (valores). Desenvolvimento de valores morais – desenvolvimento do ser integral. Filosofia espírita da educação. Missão espiritual dos pais na educação – amparo à maternidade e à paternidade. Educação para a recepção no Centro Espírita. Espiritismo e sexualidade. Amparo ao idoso. Educação dos sentimentos – vivendo valores morais. Às 18 horas foi dada por encerrada a reunião com a prece proferida por Weimar Muniz de Oliveira. Aos 07 dias do mês de abril de 2013, às 8h e 45minutos teve reinício a reunião ordinária das Entidades Especializadas de Âmbito Nacional, com a leitura da página “A Língua”, do Espírito Emmanuel, do livro Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, realizada por Kéops Vasconcelos. A prece inicial foi proferida por Célio Alan Kardec de Oliveira. A seguir, Roberto Fuina Versiani, substituindo o Presidente da FEB na direção dos trabalhos, dividiu os participantes em grupos para analisarem as áreas temáticas e elaboraram um plano de ação e seleção de três temas prioritários da lista já elaborada no dia anterior, com o seguinte roteiro de trabalho: 1. o que vai ser feito (definir as prioridades); 2. como vai ser feito; 3. quem vai fazer; e 4. quando os resultados vão aparecer. Após o trabalho em grupo, os resultados apresentados pelos grupos foram: I – Comissão de Acompanhamento Legislativo. – Integrantes: ABRAME/AJE/ABRADE/ABEE. – Temas Prioritários: Aborto e Defesa da Vida (Código Penal e Estatuto do Nascituro); Estatuto da Juventude; e Sistema Carcerário-Penitenciário e Execução Penal. – Atividades a serem desenvolvidas: 1. Aborto e defesa da vida: Participação efetiva em audiências públicas a respeito do Projeto do Novo Código Penal e do Estatuto do Nascituro. Acompanhamento dos Projetos de Lei no Congresso Nacional. Publicação de notas públicas da posição da Doutrina Espírita a respeito dos temas relacionados (aborto/eutanásia/defesa da vida). Participação nas redes sociais apresentando o ponto de vista da Doutrina Espírita. Interlocução direta com os parlamentares nos Estados, buscando o comprometimento com a causa da defesa da vida (possivelmente com a participação de representantes católicos, evangélicos etc.). Café da manhã com os parlamentares. Moções de apoio e outros modos de comprometimento individual. Seminário conjunto. Seminário com a participação de todas as Entidades Especializadas integrantes do CNE, de preferência na sede da FEB, para apresentação desse novo Conselho, tendo como tema central “A Defesa da Vida”, sob a ótica de cada entidade integrante. Recomendação via Presidência da FEB e/ou CFN, de intensificação da campanha de esclarecimento e divulgação no Movimento Espírita Nacional em todos os níveis, em sobre o tema do Projeto de Lei do Novo Código Penal, do PL do Estatuto 13
do Nascituro e da Resolução do Conselho Federal de Medicina – CFM sobre a autorização para o aborto até a 12ª semana de gestação. 2. Sistema carcerário: Pesquisa e mapeamento da legislação pertinente e projetos de lei de alteração, bem como de práticas e serviços existentes nas federativas e entidades especializadas a respeito do tema. 3. Estatuto da Juventude: Pesquisa e mapeamento da tramitação do Projeto de Lei de Estatuto da Juventude. Elaboração de estudo para propositura de eventuais alterações, inclusões ou supressões no texto legislativo. Cronograma de Atuação: 1º Semestre: Estatuto do Nascituro: ações de apoio e eventos. Novo Código Penal. Prazo: 60 dias: Elaboração e publicação de obra conjunta (AME/ABRAME/AJE/ABRAPE). Contatar senadores buscando o comprometimento como a causa, nos Estados. Incentivo à realização de seminários/palestras, inclusive no meio não-espírita. Participação em campanhas na internet (Comitê Brasil Sem Aborto, Petição Pública etc.); 2º Semestre: Visitas às lideranças no Congresso. Manifestações públicas inter religiosas e com as sociedades civis. Distribuição de Tarefas: Defesa da Vida e Estatuto do Nascituro: AJE, ABRAME e ABEE; Sistema Carcerário: AJE, ABRADE e ABEE. A proposta foi aprovada por unanimidade. II – Comissão de Saúde e Espiritualidade. (AME-Brasil, ABRAPE e OSCAL). Relator: Fabíola F. Zanetti de Lima – AME-Brasil/AME-DF. Participantes: Célio Alan Kardec de Oliveira – OSCAL; Denise Franco – AME-Brasil/AME-DF e Gilda – ABRAPE. A relatora expôs que, considerando as questões bioéticas prementes (Aborto/Eutanásia) de serem abordadas neste primeiro momento, em conjunto à Comissão de Direito e Acompanhamento Legislativo, optou-se pelos seguintes temas dos sugeridos: 1) Terminalidade (eutanásia, ortotanásia e distanásia). Como fazer? – Elaborar material sobre tema sob as visões médica e jurídica espíritas para servir de embasamento teórico e esclarecimento ao movimento espírita e a sociedade em geral. Propor seminários, palestras, workshops sobre o tema na visão das ciências médica e jurídica espíritas. Elaborar notas públicas sobre o tema na visão espírita quando necessário. Quando? Prazo para apresentação ao CNE: 180 dias. Quem? Participação: AME-Brasil, AJE, ABRAME, ABRADE, ABRAPE. 2) Dependência Química: – Como sugerido no programa AME-Brasil e parcerias (Prevenção da Dependência Química) sobre o tema: a) Fazer um levantamento para “identificação dos profissionais da área da saúde vinculados ao movimento espírita, através de um questionário distribuído às afiliadas, que atuem na saúde mental e suas experiências no campo das dependências químicas”. b) Fazer um levantamento para “identificação das Instituições Espíritas atuantes na área de saúde ou não, em cada estado da Federação, que tenham atividades quaisquer direcionadas para o dependente e sua família, com enfoque médico e espiritual, como dos responsáveis pelas mesmas”. A partir do levantamento dos dados da realidade e da análise dos mesmos elaborar propostas e ações num segundo momento. Prazo para apresentação no CNE: 01 ano (abril de 2014). Participação: AME-Brasil, AJE, ABRAME, ABRAPE, ABRADE, Pró-Saúde Mental (a confirmar). 3) Promoção da Saúde do Ser Integral: Considerando os temas sugeridos foi optado a 3ª área temática de atuação por considerá-la mais abrangente e ao encontro de um dos objetivos fundamentais da Comissão. a) Promoção da Saúde do Ser Integral da Concepção à Velhice: – Discutir ações específicas de amparo aos vários ciclos da vida. b) Estimular a 14
prática da Terapia Complementar Espírita nas diversas fases da vida como uma ação também de promoção de Saúde do Ser Integral. Prazo para apresentação no CNE: 02 anos (abril de 2015). Participação: AME-Brasil, ABRAPE, ICEP, OSCAL, Pró-Saúde Mental (a confirmar), ABRADE. A proposta foi aprovada por unanimidade. III – Comissão de Comunicação. Relator: Marcelo Henrique Pereira. – Integrantes: ABRADE/ABEE/CME. – Temas Prioritários: 1. Popularização das Técnicas e Ferramentas de Comunicação; 2. Visão Espírita da Notícia e Ética dos Veículos de Imprensa e Propaganda; 3. Manejo das Novas Mídias. Atividades a serem desenvolvidas: 1. Popularização das técnicas e ferramentas de comunicação. O que: Analisar o Manual de Comunicação Social Espírita da FEB (a partir da nova versão do documento, que está em fase de revisão ortográfica). Verificar o rol de técnicas e ferramentas de comunicação existentes no Manual e, se necessário, complementar com as faltantes, compondo material específico. Como: Disponibilizar produtos relativos às técnicas e ferramentas de comunicação, para download (via site da FEB-CNE), divulgando amplamente. Quem: Membros da Comissão e especialistas convidados. Utilizar a rede federativa (FEB-CFN-CNE) para divulgar as ações da comissão e colocar à disposição das Instituições Espíritas as técnicas e ferramentas de comunicação. Quando: Prazo de 180 dias (6 meses) para o levantamento e apresentação de resultados. 2. Visão Espírita das Notícias e Ética dos Veículos de Imprensa e de Propaganda. O que: Orientar o movimento espírita quanto à seleção dos assuntos divulgados pela Mídia. Monitorar os temas atuais e Disponibilizar textos explicativos conforme os princípios e fundamentos espíritas. Como: Elaborar o Manual de Ética na Comunicação Social Espírita. Disponibilizar ferramenta de consulta, do tipo “o visitante pergunta”. Quem: A Comissão irá elaborar a minuta do Manual. A Comissão irá solicitar espaço no site da FEB e receberá as consultas, selecionando os articulistas e publicando os textos. Quando: Prazo de 450 dias (15 meses) para apresentar a MINUTA do Manual. Prazo de 180 dias (06 meses) para definir a ferramenta de consulta, sua abrangência, definir os responsáveis pela seleção do material e para a coleta de artigos-respostas. 3. Manejo das Novas Mídias. O que: Informar ao Movimento Espírita sobre as novas mídias e seus alcances. Como: Produzir material informativo sobre as Novas Mídias. Quem: Grupo de Especialistas convidados, coordenados pela Comissão. Quando: Prazo de 720 dias (24 meses) para o levantamento e apresentação de resultados. A proposta foi aprovada por unanimidade. IV – Educação. (ABRARTE, ABRAPE, ICEB, OSCAL). Relator: Lucas de Pádua Mendes Gonçalves. O que vai ser feito (definir as prioridades): Tema Guarda-Chuva : “Vivendo Valores – Educação, Arte e Cultura”, abrangendo os temas: 1- Educação religiosa formal; 2- Humanizar: Infância, Juventude e Transcendência (valores); 3- Desenvolvimento de valores morais- desenvolvimento do ser integral; 4- Filosofia espírita da educação; 5- Espiritismo e sexualidade; 6- Amparo ao idoso; 7- Educação dos sentimentos: vivendo valores morais. Como: “Vivendo Valores – Educação, Arte e Cultura.”: 1- Trabalhar valores cristãos (FEB/UNICEF): Cooperação, Liberdade, Felicidade, Honestidade, Humildade, Amor, Paz, Respeito, Responsabilidade, Simplicidade, Tolerância, Unidade. 2-Diagnóstico (FEB/CFN). 3-Quais valores auxiliarão na dissolução do problema? Gerar matriz de valores x problemas. 4- Gerar 15
produtos que auxiliem nos trabalhos de educação: CDs, DVDs, Esquetes, Vídeos, Textos, Cartilhas, Seminários, Palestras, Festivais. QUEM: ABRARTE, ICEB, ABRAPE, OSCAL E PEDAGOGIA. 1- Trabalhar valores cristãos (FEB/UNICEF): Cooperação, Liberdade, Felicidade, Honestidade, Humildade, Amor, Paz, Respeito, Responsabilidade, Simplicidade, Tolerância, Unidade. 2-Diagnóstico (FEB/CFN). 3-Quais valores auxiliarão na dissolução do problema? Gerar matriz de valores x problemas. 4- Gerar produtos que auxiliem nos trabalhos de educação: CDs, DVDs, Esquetes, Vídeos, Textos, Cartilhas, Seminários, Palestras, Festivais. Quando: Diagnóstico = 30 dias. Minuta projeto= 90 dias. A proposta foi aprovada por unanimidade. Marcelo Henrique Pereira da ABRADE sugeriu convidar novas instituições especializadas para participar das reuniões, Kéops Vasconcelos ponderou primeiro fosse elaborado e aprovado o Regimento do novo CNE que deveria conter orientações sobre o assunto. A proposta foi aprovada por unanimidade. Dando continuidade à discussão da Pauta, colocou-se o item 4) Apresentação de produtos pela Entidade Especializadas de Âmbito Nacional. O acompanhamento que tem realizado junto ao Congresso Nacional em relação ao tramite de processo, manifestou-se Marcelo Henrique Pereira, da ABRADE, apresentando a TÁBUA DE MATÉRIAS DE INTERESSE
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Manifestou-se Hélio Ribeiro Loureiro, representando a AJE-Brasil apresentando o conteúdo do Seminário em Defesa da Vida: O Novo Código Penal e o Estatuto do Nascituro. “O Aborto: No CP em vigor, art. 125, tal crime é punido com detenção de 1 a 3 anos, quando provocado pela gestante, ou com consentimento dela. No Projeto do NCP, em seu art. 128, inicia-se com “não há crime de aborto”: I. Quando há risco à saúde da gestante; (E não à vida como no CP atual); II. Quando ha “violação da dignidade sexual”; III. Quando for detectada no feto, qualquer anomalia grave, incluindo a anencefalia; IV. O Aborto é livre até os 3 meses de gestação, bastando a vontade expressa da gestante e um atestado de um médico ou psicólogo, afirmando que a gestante não tem condições “psicológicas” de arcar com a maternidade. O Aborto dos Anencéfalos: I. Da Lei da Reencarnação e da Lei de Causa e Efeito; II. Da prova do 18
“Quase” nascer; III. Do fundamento jurídico equivocado da decisão do STF; IV. Da hipótese de, pelo mesmo fundamento jurídico (da dignidade da pessoa humana) abrir outras brechas para requerer novos atentados contra à VIDA. Posição da Doutrina Espírita: L.E. 358: “O Aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção?” Há sempre crime quando se transgride a lei de Deus. A mãe ou qualquer pessoa cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento. Eutanásia e Suicídio Assistido: Eutanásia e suicídio assistido: “Matar por piedade ou compaixão” (eutanásia) passa a ser um crime punível com prisão, de dois a quatro anos (art. 122), muito abaixo da pena prevista para o homicídio: prisão, de seis a vinte anos (art. 121). Porém, o juiz pode reduzir a pena da eutanásia a zero, avaliando, por exemplo, “os estreitos laços de afeição do agente com a vítima” (art. 122, § 1º). Também o auxílio ao suicídio, em tese punível com prisão, de dois a seis anos (art. 123), pode ter sua pena reduzida a zero, nos mesmos casos descritos para a eutanásia (art. 123, §2º). Posição da Doutrina Espírita: L.E. 944: “Tem o homem o direito de dispor da sua vida?” Resposta: “Não, só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntário transforma-se numa transgressão desta lei.” E.S.E. V, 28: “Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se-lhe alguns instantes de angústias, apressando-se-lhe o fim?” Resposta: “Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até à borda do fosso, para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar idéias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência não se terá enganado nunca em suas previsões? Ortotanásia: (RENÚNCIA AO EXCESSO TERAPÊUTICO). No artigo 122, § 2º, do Projeto do NPC, consta que o paciente pode renunciar a tratamentos desproporcionais aos resultados, que lhe dariam apenas um prolongamento penoso e precário da vida. A redação, no entanto, é infeliz: fala em deixar de fazer uso de meios “artificiais” para manter a vida do paciente em caso de “doença grave e irreversível”. Ora, a medicina é uma arte e todos os seus meios são artificiais. Do modo como está escrito, o parágrafo pode encobrir verdadeiros casos de eutanásia por omissão de cuidados normais devidos ao doente. O ESTATUTO DO NASCITURO: PROJETO DE LEI 478/2007: – Prevê o direito do feto que está sendo gerado em nascer, acabando com qualquer iniciativa de ser implantado o aborto no país; – O Estado estaria obrigado a dar apoio total, através da rede SUS, a gravidez, de risco ou não, implementando diversos programas que garantam o nascimento do nascituro, assim como a sua gestação. COMO ESTÁ A TRAMITAÇÃO? Já se encontra na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados para adequação orçamentária do orçamento da União, visando implementar, de fato, os direitos da grávida, assim como do nascituro. COMO PODEMOS INTERFERIR? Enviar e-mails para os senadores dos nosso Estado, requerendo que votem contra os artigos do Projeto do Novo Código Penal que autorizam a eutanásia, o aborto, o suicídio assistido, enviando também para os deputados de nosso Estado, e-mail requerendo que eles aprovem o Estatuto do Nascituro.” A seguir, Lucas de Pádua Mendes Gonçalves, da ABRARTE, distribuiu aos presentes, exemplar do livro “Dançando com a alma – 19
diálogos sobre a dança espírita” e o DVD “Senhor que arte queres que eu faça?”- Seminário de Haroldo Dutra Dias. A seguir, solicitou a palavra Cláudio Marins, Presidente da ABRARTE, expondo a todos o que consta na correspondência (ofício em anexo a esta Ata) e solicitando manifestação da FEB ou do CFN sobre o assunto. Roberto Fuina Versiani esclareceu que, como o assunto é de âmbito federativo, vai passar a correspondência ao presidente da FEB, para o qual está endereçada, e que este vai encaminhar aos Presidentes de Federativas para análise e manifestação e depois ao CFN de 2013 para decisão. Sem mais nada a ser tratado, agradeceu a presença de todos e, às 13 horas deu por encerrada a reunião solicitante a Fabíola de Fátima Zanetti de Lima que proferisse a prece de encerramento. Eu, CÉLIA MARIA REY DE CARVALHO, lavrei, datei e assinei a presente Ata. Brasília, 07 de abril de 2013…………

Grãos escolhidos na peneira do tempo


CONVERSANDO SOBRE EDER FAVARO


Ao invisível cabe o condão de desafiar o indivíduo com certa permanência, como ocorre quando alguém muito próximo dentre os próximos parte. Mesmo que haja anunciado com antecedência a possibilidade dessa partida, o momento em que a morte ocorre surge como águas precipitadas na cachoeira da vida.

Eder Favaro ao centro, Marcus Vinicius Ferraz Pacheco à esquerda e Wilson Longubuco à direita. Essa foi a primeira diretoria da ABRADE, sucessora da ABRAJEE, com Eder vice-presidente.

Viajávamos de automóvel para Bauru com o Eder Favaro e eu sentados no banco de trás e o Saulo Wilson dirigindo. Uma viagem de algumas horas desde São Paulo, mas que transcorria plenamente agradável, em especial pela contagiante capacidade de divertir do Eder e suas histórias, tendo por fundo o movimento espírita brasileiro, quase sempre. Fatos, personagens e situações inusitadas formavam o cenário das narrativas feitas com gosto e muito riso.

Conheci o Eder Favaro em 1972 no salão Bezerra de Menezes do antigo prédio da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP) da rua Maria Paula, na capital paulista. Deveria ele apresentar algumas aulas de caráter histórico sobre a vida de Jesus e eu, aluno, o observava com muita curiosidade. Falava sentado e utilizava-se de um vigor fonético pouco visto, de uma seriedade inquestionável, mas também introduzia alguns fatos pitorescos na narrativa sempre muito clara, o que descontraía o ambiente e fazia rir a muitos. Eder foi, talvez, o primeiro orador espírita, dos que assisti até então, a me despertar para o uso de bibliografia fora dos livros espíritas. Marcou-me muito aquela tarde de sábado. Eu tinha apenas 23 anos incompletos e ele já quase 42. Eu iniciante na doutrina e ele a meio caminho da vida, pouco menos. (mais…)

Em live, autor do livro Nem céu nem inferno esclarece sobre pontos controversos das polêmicas adulterações

Paulo H. Figueiredo diz o que pensa sobre as modificações introduzidas nos livros A gênese e O céu e o inferno, ambos de Allan Kardec, em encontro realizado virtualmente pelo canal da Abrade no dia 19 de outubro. Vale conferir.

É preciso mais do que contextualizar o espiritismo, afirma Paulo. Clique para assistir.

É preciso contextualizar Kardec, mas não basta essa contextualização para compreendê-lo. É preciso conhecer o pensamento da época e conectar esse pensamento com a atuação de Kardec. Essas e outras colocações puderam ser discutidas na entrevista ao vivo dada pelo autor do livro Nem céu nem inferno (e outros) à equipe da Abrade, tendo Marcelo Firmino na coordenação acompanhado por Luis Lira e Ivan Franzolim.

Em mais de duas horas de bate-papo, com alguns momentos intensos, Paulo H. Figueiredo tocou em pontos cruciais para o entendimento das questões que chamam a atenção do debate sobre as adulterações. (mais…)

Biógrafo afirma não acreditar que Bezerra de Menezes dirigiu a FEB com poderes discricionários

Ícone inconteste do espiritismo religioso, Bezerra, no entanto, confirma ter assumido a presidência da instituição com carta branca para decidir segundo suas conveniências.

 

Luciano Klein, à esquerda e à direita Marcelo Firmino (acima) e Luis Lira.

À espera do lançamento da biografia de Bezerra de Menezes, prometida para fins de setembro próximo, a Abrade, Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo, realizou entrevista ao vivo com o autor, Luciano Klein, que também é presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará, no último dia 14 de agosto. A transmissão ocorreu pela página da Abrade no YouTube – assista aqui.

Segundo Klein, o livro já se encontra em fase de edição, conterá 1.300 páginas e é o resultado de 30 anos de pesquisas. Seu lançamento fará parte das comemorações dos 190 anos de nascimento de Bezerra de Menezes, que ocorrem neste mês de agosto.

Um dos momentos mais destacados da entrevista foi a abordagem do autor a respeito da informação que comento em meu livro Ponto Final, o reencontro do espiritismo com Allan Kardec, de que Bezerra de Menezes (mais…)

Divaldo, Chico, direita e esquerda. Onde está o centro?

Para o espiritismo, como de resto para a sociedade em que a liberdade de pensamento e expressão é garantida constitucionalmente, não há cidadão imune à responsabilidade pelas suas opiniões.

 Quando o manifesto crítico a Divaldo Franco apareceu na lista da Abrade, afirmei que eu também assinaria embaixo. A questão, para mim, está clara: as opiniões exaradas pelo médium na entrevista que deu origem ao manifesto são absurdas do ponto de vista do bom senso que caracteriza a racionalidade espírita. Pouco importa assinalar se o manifesto contém pontos convergentes e divergentes, pois raros são os discursos críticos de qualquer natureza que não esbarram neste aspecto. O que é relevante é o fato de que é preciso colocar em discussão as opiniões, de quem quer que seja, quando estas ferem os princípios elementares do bom senso e da lógica que caracterizam a doutrina espírita, em especial, quando essas opiniões pertencem a líderes de expressão, como é o caso presente de Divaldo Franco, aqui, pelas repercussões elevadas à potência máxima que geram. Ora, o que está no foco das atenções é o conhecimento e suas interpretações, coerentes ou não, que repercutem na sociedade, na eterna dualidade do bem e do mal, do certo e do errado, da verdade e da mentira. Ao direito de opinião se opõe o direito da discordância, que mais não é que direito de opinião também. A liberdade de pensamento e expressão emerge das conquistas do ser ao longo de suas múltiplas experiências no corpo físico e se insere entre os direitos supremos, inalienáveis, como ensina Kardec.

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O flash e a imagem, ou divulgar nem sempre comunica com eficiência

A palavra evangelizar, por exemplo, não está presente no dicionário das obras básicas, sequer tem acento em O Evangelho segundo o Espiritismo, o livro de cunho moral em que Kardec estuda os ensinos de Jesus. Foi a divulgação que consagrou o termo evangelizar no espiritismo brasileiro.

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Esta série de imagens utilizadas na evangelização infantil espírita oferece uma boa ideia da centralidade do Evangelho nesta atividade e de como os espíritas entenderam o que deveria prevalecer enquanto atividade educadora.

Não muito tempo atrás, o estudo do uso do termo divulgar como sinônimo de comunicar causou furor e descontentamento nos meios abradeanos[i]. Sem ilusão e indo direto ao ponto: causou verdadeira divisão e teve consequências que até hoje se vê presentes. Teóricos da comunicação defendiam que a palavra divulgar não contempla o cerne da comunicação, ou seja, a possibilidade de diálogo como meio para o entendimento nas relações comunicativas que os espíritas pretendem estabelecer com a sociedade. Os práticos da comunicação entendiam, como ainda entendem, que a divulgação basta a si mesma.

E assim é. Divulgar está mais para o monólogo, como ação de convencimento do outro, de conquista de mentes e corações e, por que não, do proselitismo. Comunicar, pelo contrário, implica dialogar, ouvir, criar consciência, desenvolver pela reflexão a capacidade crítica e permitir-se despojar do sentimento de propriedade da verdade.

A divulgação está para o flash da câmera fotográfica assim como a imagem está para a comunicação. Ou seja, a imagem implica o diálogo enquanto que o flash apenas clareia a imagem.

Por exemplo. Uma ação publicitária mais do que comunicar pretende divulgar. A mensagem aí se vale de dois elementos completamente nocivos à comunicação dialógica se empregados como finalidade, ou seja, sedução e a persuasão. Por isso mesmo, a possibilidade de diálogo numa mensagem publicitária é zero, mesmo que ela se utilize de argumentos que aparentemente valorizem o diálogo e lhe dê foro de superioridade. A força da mensagem publicitária está na sua capacidade de persuadir e seduzir para o consumo, única verdade que lhe interessa.

No fundo é o seguinte: todo conhecimento só alcança verdadeiro efeito se construído pelo diálogo. O contrário também é verdadeiro: nenhum conhecimento será fundamentado somente pela divulgação. A divulgação não comunica, apenas informa sobre a existência do conhecimento. No entanto, se a divulgação se utiliza do elemento persuasivo, como no modelo publicitário, mais do que informar pretende convencer, mas o convencimento sem o diálogo é o caminho para a crença cega. Daí o confronto inevitável com a razão espírita.

Tomemos o termo evangelizar para reflexão. Trata-se de uma palavra que não tem presença na obra de Allan Kardec e aparece em toda ela uma única vez, na Revista Espírita de março de 1861, como menção ao trabalho dos missionários católicos junto às tribos indígenas. No entanto, o termo ganhou terreno no espiritismo brasileiro de tal modo que está presente na maioria dos centros e federações espíritas. Onde está a causa disso? Na divulgação intensa de seu emprego como expressão significativa da ação espírita junto à infância. Neste caso, a divulgação funcionou como a anticomunicação, ou seja, houve um convencimento altamente persuasivo de que evangelizar é uma ação imediata, necessária e urgente, e para designar tal ação emprega-se o substantivo evangelização.

Assim, quando se divulga o trabalho de educação infantil de um determinado centro espírita empregando-se a expressão Evangelização Infantil, ficam implicadas várias significações e a primeira delas é que a evangelização se assemelha àquela executada pelos jesuítas junto às tribos indígenas, com a diferença de que agora o livro base é O Evangelho segundo o Espiritismo. Um segundo significado é o de esconder uma verdade indiscutível: O Evangelho segundo o Espiritismo não existe fora de O livro dos Espíritos. Atribuir a ele, isoladamente, a função educadora pode significar, junto ao público-alvo, que o livro possui uma espécie de capacidade mágica de resolver o problema da educação do ser humano.

Se, em lugar de divulgar, houvesse a intenção de comunicar, provavelmente o termo evangelizar teria sido substituído por outro, que melhor expressasse esta ação de educar as crianças segundo as noções espíritas da vida. E foi este sentido que, intencionalmente, levou Kardec a abdicar deste e de outros termos para melhor comunicar a nova doutrina que entregou ao mundo.

De uma coisa se está certo: a divulgação não consegue ultrapassar os limites do simbólico, só a comunicação tem esse poder. É o símbolo que age persuasivamente, ferindo e marcando o público que pouco ou nada sabe sobre determinado conhecimento. Por isso, muita gente se coloca no campo da divulgação de crenças, utilizando interpretações particulares dos símbolos que lhe foram oferecidos, sem perceber a extensão real de suas ações e ilusões.

Entre as noções básicas da comunicação está a do emprego de termos em seu significado claro, preciso, de modo a não permitir confusões de sentido e dar à mensagem a objetividade necessária. O uso de palavras devastadas por muitos sentidos para designar um conhecimento novo implica em imensas dificuldades, às vezes intransponíveis, para informar e comunicar esse conhecimento. No meio do caminho se encontram as confusões entre os sentidos consagrados e os novos significados, que a boa comunicação evitaria com naturalidade.

Não se pode negar que houve um intenso trabalho de convencimento dos espíritas para o emprego do termo evangelizar, convencimento que estava atrelado à noção de que a ação por si só justificava o uso dessa palavra, mas que, no fundo, derivava da cultura herdada de velhas tradições religiosas.

Junto ao termo evangelizar se encontram outros, com semelhante situação, tais como templo, céu, inferno, umbral, alma, anjos, demônios etc., a depender de clareza conceitual sempre que empregados.

Recordando, quando das disputas estabelecidas pelos teóricos da comunicação da Abrade entre comunicar e divulgar, restou no final a incerteza e um imenso vazio. Os teóricos, sempre muito atrevidos, ficaram sem espaço e os práticos, na defesa insana da divulgação, ficaram sem a comunicação. O traço que existe entre os dois lados hoje não é de união, senão de separação e separação atada a uma cruel eternidade em sua duração.

[i] Refiro-me aos membros da Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo (Abrade).

Seara Bendita: um novo projeto para o Espiritismo brasileiro

Artigo publicado originalmente em 2009

CapaUma parcela, considerável, do movimento espírita brasileiro tem sérias divergências com a cúpula desse mesmo movimento. Por várias razões. Mas essa parcela não é uniforme quanto às divergências e por isso mesmo se divide em diversas tendências. Em vista disso, não é razoável imaginar a possibilidade de criar um “contra-movimento” capaz de aglutinar a todos. Tentativas feitas no passado sempre resultaram em grandes fracassos. Cada tendência espera ser contemplada por eventuais propostas novas, o que não é nada fácil. De qualquer modo, sempre que aparece uma novidade, idéias ou sugestões que de alguma forma vão ao encontro da parcela divergente, comentários e interesses são suscitados.

O livro Seara Bendita1 em boa medida cumpre esse papel. Não se trata de um livro novo, pois está completando cinco anos de publicação. Por ocasião do seu lançamento, a editora teve a gentileza de me remeter um exemplar, com certeza à espera de uma opinião a respeito, mas então eu estava comprometido com duas pós-graduações em comunicação, razão pela qual deixei guardado o livro. Nesse meio tempo, as suas teses ganharam visibilidade, muitos comentários positivos foram publicados, inclusive um movimento intitulado “Atitude de Amor” baseado no livro foi criado e está em pleno florescimento.

Suscitado por tais desdobramentos, mas também pelo compromisso de dar uma resposta respeitosa à editora, tomei o livro para análise e as reflexões a seguir dizem respeito às inúmeras observações que foram surgindo ao longo da leitura de suas 358 páginas. Inicialmente, devo esclarecer que a leitura estava contaminada pelos inúmeros elogios que a obra ganhou em todo esse tempo, de modo que o meu interesse imediato era constatar diretamente as teses aprovadas, a fim de estar familiarizado com elas e poder emitir uma opinião razoavelmente sustentada. Um aspecto em particular, no entanto, deve ser ressaltado. Logo que o livro surgiu estava em franco desenvolvimento uma salutar discussão em torno da ética da alteridade com base principalmente no pensamento de Emmanuel Lèvinas, introduzida nos meios espíritas pelo incansável e bom goiano Luís Signates e levado às listas de discussão da Abrade, Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo. Logo, as teses do livro foram identificadas com a proposta da ética alteritária, um movimento reforçou o outro e, em algum ponto, se fundiu com o outro, embora, deva se reconhecer, sejam propostas distintas. De modo objetivo, o livro Seara Bendita faz referência em algum momento à alteridade como proposta coerente dos dias atuais.

Feitos esses esclarecimentos iniciais, torna-se necessário acrescentar que os apontamentos a seguir são colocados na estrita observância da própria ética alteritária, que considera o total respeito aos médiuns e autores do referido livro, respeito – não é demais afirmar – às suas intenções, ao seu labor e sacrifício, bem como aos leitores e admiradores da obra.

Seara Bendita possui uma apresentação, um prefácio e 47 mensagens classificadas como Capítulos, assinadas por vários Espíritos, além de um apêndice onde aparecem outras dez mensagens também de diferentes personalidades desencarnadas, destacando-se em importância a última, que tem por título “Atitude de Amor”. Como autores espirituais são ao todo 35 Espíritos, 34 dos quais estão identificados, sendo que um teve sua identidade preservada pelos médiuns psicográficos. Entre os signatários há interessantes e curiosas ligações que podem fornecer indicações à análise do material: a maioria, quando encarnada, teve relação direta ou indireta com a Federação Espírita Brasileira e seis deles são seus ex-presidentes. Por outro lado, oito atuaram na União Espírita Mineira na condição de presidentes ou exercendo cargos de destaque no espiritismo do Estado, sendo necessário lembrar que a federativa mineira sempre somou ao lado da FEB. Mais à frente, esses detalhes demonstrarão sua importância para o conjunto do livro.

Uma constatação imediata é a de que a obra tem por objetivo indicar caminhos para mudanças consideradas fundamentais ao movimento de unificação capitaneado pela FEB, com explícito reconhecimento do valor do Pacto Áureo, um documento assinado em 1949 por dirigentes espíritas na sede da FEB, pelo qual se definiu o comando da organização administrativa do espiritismo brasileiro. Ao reconhecer o Pacto Áureo também reconhece implicitamente a legitimidade da FEB como organização gestora desse movimento. Nesse cenário, o Inede aparece como o espaço público onde as novas idéias são materializadas em discurso e oferecidas aos responsáveis pelo comando do movimento. Por isso mesmo, em lugar de iniciar a análise pela apresentação e prefácio, devemos dirigir nossas vistas para o Apêndice, a parte final do livro, aonde se encontra um texto de apresentação do Inede e a explicação de seus propósitos enquanto organização. Da curta página destaca-se o seguinte parágrafo:

“Visando o melhor esclarecimento dessa nossa programação àqueles tarefeiros que estão se juntando à mentalidade que o Inede abraça e também aos que tomarem contato com os trabalhos que faremos publicar em outros livros, divulgamos nesta apresentação dez mensagens de amigos espirituais, escolhidas dentre inúmeras que oportunamente serão editadas, para que reflitam nossa programação e visão, nossos sentimentos e concepções sobre unificação, nossas metas e estratégias de atuação junto aos centros espíritas e aos responsáveis e valorosos órgãos de unificação. Fiquem, portanto, queridos irmãos, com os amigos espirituais que nos emprestam suas idéias para comunicar ao movimento espírita as propostas de trabalho com as quais nos comprometemos, embora esse comprometimento obviamente se estenda também às percepções e ideais dos amigos espirituais registrados nestes quarenta e sete capítulos de Seara Bendita”.

Como se observa, o Inede se coloca como um espaço público de gestação de idéias renovadoras do espiritismo brasileiro, com propostas próprias partilhadas por Espíritos que pensam de acordo com ele. Esse detalhe não pode ser desprezado porque tem importância capital para o projeto do livro, ou seja, de forma pouco comum a organização deixa claro que possui uma posição firmada quanto ao caminho e ao processo em curso no movimento espírita brasileiro e fortalece essa posição com as mensagens psicografadas por seus idealizadores, assinadas por Espíritos que ostentam idêntica posição.

As mensagens que se seguem, em número de dez, à página de apresentação do Inede vão todas falar da necessidade de renovação do movimento de unificação, com um discurso que abrange a necessidade de uma mudança de atitude (questão de ordem moral) e uma mudança de mentalidade para que o movimento possa aspirar a uma permanência real. A rigor, a página de apresentação do Inede deveria vir já no início do livro, bem como as dez mensagens referidas deveriam estar distribuídas como capítulos em lugar de aparecerem no apêndice da obra. A sua colocação ali, contudo, parece ter por objetivo enfatizar, nesta ordem:

  1. Os propósitos do Inede enquanto organização decidida a atingir a meta específica de influir no movimento oficial de unificação;
  2. As ligações da organização com Espíritos voltados ao mesmo propósito;
  3. A similitude de idéias entre as duas partes.

Esta providência torna mais explícita a importância que a organização atribui à questão central e o apoio que ela recebe dos Espíritos. A ênfase funciona como elemento de convencimento para a justeza do empreendimento e das idéias que são apresentadas, ou seja, o Inede não está falando por si apenas, mas também por Espíritos desencarnados. O fato de vários de esses Espíritos virem de experiências reencarnatórias recentes no campo da unificação também se soma aí como fator a ser destacado. Entre os autores das dez mensagens do Apêndice, o único que não possui essa condição é Ermance Dufaux, mas ela tem a seu favor o fato de haver colaborado com Kardec, na condição de médium, quando da codificação do Espiritismo.

Há entre os Espíritos uma perfeita identidade de pensamento. Assim, Armando de Oliveira e Cícero Pereira afirmam que “vivemos um tempo de constantes necessidades de reciclagem” e clamam pela necessidade de repensar as relações entre os espíritas, enquanto Ermance Dufaux avisa que “o movimento espírita precisa ser redefinido em seu caráter conceptual e metodológico (…), pois do contrário a ausência de reciclagem torná-lo-á impotente aos apelos do homem espiritual do terceiro milênio”. Francisco Thiesen ressalta que “ainda há tanto por realizar, há tanto por construir e reconstruir, que seria uma ilusão de nosso comodismo acreditar que nossas dignas representantes de unificação teriam condições de realizar a obra sem essa parceria”, enquanto Antonio Lima observa que “o livre exame e a pluralidade de movimentos em torno de seus fundamentos devem ser percebidos com alegria e fraternidade”, em reforço à afirmativa de Camilo Chaves quando disse que “os modelos institucionais de nosso movimento espírita estão em crise”.

O encerramento do Apêndice, que é também o final do livro, apresenta a mensagem de autoria de Cícero Pereira intitulada “Atitude de Amor”. O sentido da colocação dessa mensagem parece claro: o Inede quis dar ao leitor o melhor vinho no encerramento da festa… Sobre essa mensagem falaremos detalhadamente mais à frente, visto que ela tem um significado especial e um peso diferente das demais.

Autores e conteúdo

Como dissemos no início, são 35 os autores do livro Seara Bendita (30 homens e 5 mulheres). Um deles teve seu nome omitido com a seguinte explicação: “A identidade espiritual de nosso companheiro foi resguardada com objetivo fraternal”. Restam, portanto, 34 autores sobre os quais se pode procurar construir um quadro analítico como medida de reforço da constatação da qualidade do livro. Neste ponto, vamos privilegiar dois aspectos: estilo e conteúdo. A razão é simples. Em análise desse tipo, em que o material disponível – no caso, o próprio livro impresso – não oferece senão essas duas possibilidades (por exemplo, não é possível contar com a identificação pelas assinaturas), comparar os estilos e avaliar a qualidade do conteúdo se mostram necessários.

Uma constatação inicial torna a identificação pelo estilo extremamente difícil: quase todos os discursos apresentam um estilo único, ou seja, obedecem praticamente à mesma forma, tipo de construção das frases, estética, como se tivessem sido escritos pelo mesmo autor, o que significa que não havendo diferenciação real entre os discursos não há, também, como identificar a sua autoria comparando o estilo de cada autor nas duas situações: enquanto encarnado e no pós-morte. Pode-se fazer um esforço de ler cada mensagem (como se viu, os capítulos nada mais são do que mensagens únicas) sem considerar a sua autoria e se perceberá que as mensagens conduzem à crença de que estamos lendo um único autor, tudo isso reforçado pelo tema geral (a unificação) e pelos apelos à atitude moral, presentes em todas elas. Já na leitura do Sumário essa constatação aparece. Os textos que se seguem aos títulos são trechos retirados aleatória e intencionalmente das próprias mensagens e servem de amostra do estilo quase uniforme que permeia todas elas. Mesmo quando a autoria é de um Espírito feminino não há grandes alterações. Benedita Fernandes, Célia Xavier, Ermance Dufaux, Yvone Pereira e Amália de Aragão não só apresentam traços semelhantes entre si como, também, para com os demais autores do livro. As diferenças, se as há, são sutis: um detalhe aqui, uma expressão ali, uma frase acolá, mas nada que possa marcar um estilo próprio reconhecível. E isso é muito difícil de ocorrer, para não dizer impossível, quando se trata de personalidades distintas abordando o mesmo tema. Se a identidade de pensamento é legítima e conduz à aprovação de uma linha central por parte de indivíduos diversos, o mesmo não ocorre quando esses indivíduos (e aqui estamos falando de 35 deles) desenvolvem o seu pensamento por escrito. Aí, inevitavelmente, eles apresentam estilo próprio, independentemente de quaisquer outras circunstâncias que os unam.

Em alguns desses Espíritos, a temática que os marcaram enquanto encarnados logo chama a atenção. Trata-se agora, porém, de uma abordagem inusitada e com algo em comum a todos estes autores: uma ênfase à própria temática, como se se desejassem marcar esse ponto identificador da personalidade. O inusitado fica por conta de um discurso singular, onde algumas contradições ou ambigüidades sobressaem, deixando claro o desencontro entre o discurso do Espírito e os do encarnado.

Vejamos os exemplos de Cairbar Schutel, Vinícius2 e Telles de Menezes, em que a temática consagrada em cada um é posta em relevo. São três bons exemplos de estilos distintos e característicos: quando encarnado Cairbar era viril, Vinicius era suave e Telles possuía um discurso mais empolado. A coerência era uma marca comum aos três. Aqui, porém, além da uniformidade de estilo entre personalidades distintas, os três assumem algumas posturas estranhas. Os recursos empregados para identificar Cairbar incluem a utilização de expressões que seriam próprias dele, mas aqui elas aparecem sem o mesmo brilho e de modo acintoso, repetitivo, forçado qual não ocorria quando encarnado. Por exemplo, são utilizadas cinco expressões latinas, todas como referência direta ou indireta ao clero católico, uma delas tomada para título da mensagem: Edictus Vaticanum. Cairbar, a partir de uma contundente análise do Catolicismo faz acerba crítica aos espíritas não-religiosos (ditos laicos), classificando-os como espíritos de ex-padres, que no plano espiritual combatiam os espíritas, mas foram dolorosamente doutrinados e, reencarnados, de um lado aceitam o Espiritismo e de outro se opõem ao Espiritismo-religião. Trata-se de um argumento ingênuo. Além disso, esse tipo de postura não é comum a este Espírito e não é habitual em outros de incontestável superioridade. Acusar e denunciar ao mesmo tempo não une, desune. Por mais firmes que os Espíritos superiores sejam, jamais se aliam a uma facção em detrimento de outra. Trata-se, isto sim, de uma postura política comum a certa classe de encarnados, mas não aos Espíritos esclarecidos. Ainda nesse texto de Cairbar encontramos outro ponto discutível. É quando analisa a vinda do Papa João Paulo II ao Brasil e afirma que ela foi positiva para o Espiritismo, por ter confundido os Espíritos católicos que o combatem através das influências que exercem a partir do plano espiritual. Eis a novidade perigosa que não possui senão o bom-senso como base de análise e, convenhamos, o bom-senso aqui não encontra lugar.

Vejamos agora Vinícius. Não fora pela temática e pelo emprego de determinadas expressões, diríamos que não há vestígios do conhecido espírita neste texto. Antes leve, doce, espirituoso, de um estilo sóbrio em que as idéias se encadeiam, se entrelaçam até alcançar o seu termo e deixar fluir de forma clara o pensamento central, ele aqui foge ao hábito que o consagrou nos oito livros publicados ainda em vida para adotar um estilo pesado, rude, direto e sem brilho, onde assume uma postura inédita de chamar a atenção do leitor em tom ameaçador: “Até quando guardaremos obstinadamente a nossa postura infantil de receber os benefícios de nosso Pai, sem nada oferecer em troca?” Neste Vinicius, tem-se a nítida impressão de que foi construído para reforçar com seu nome os fins da obra, em que se reivindica um naco na construção do movimento espírita oficializado pelo Pacto Áureo. Os mesmos recursos utilizados em Cairbar aparecem em Vinicius, ou seja, o emprego de expressões que poderiam fazer a ligação entre o homem encarnado e o Espírito liberto do corpo. A partir do título, os substantivos farândola e farandolagem ocupam lugar de destaque e aparecem repetidamente em um curto texto de pouco mais de duas páginas, dotando-o de extremo mau gosto. Assim, temos farandolagens religiosas (três vezes), farandolagens da hipocrisia, da vaidade, da teimosia, do despotismo, farândolas religiosas, farandolagens inconseqüentes, farandolagens enfermiças e farândolas pesadas. É preciso esclarecer que se o emprego de certas expressões e o gosto por determinados temas marcam o estilo dos seres humanos, a ponto de identificá-los, o estilo propriamente dito, porém, se caracteriza muito mais pela maneira, a forma, o modo como os autores empregam estes termos ou com eles constroem suas sentenças e discursos inteiros. O estilo pode ser identificado mesmo na ausência da temática preferida ou das expressões características, uma vez que não depende delas para se distinguir. Ou seja, expressões e temática são elementos acessórios do estilo.

Passemos a Telles de Menezes, o baiano pioneiro da imprensa espírita no Brasil. Novamente, aqui, a temática aparentemente preferida de Telles: o jornalismo espírita. Ressalte-se, porém, que quem determinou que essa temática era dele foram os espíritas, que lhe deram o justo epíteto de pioneiro da imprensa espírita. Telles sequer era dotado de uma visão técnica do jornalismo, mesmo considerando-se a época em que atuou. O que parece ter havido nele foi a coragem de utilizar o meio impresso para divulgar opiniões e conceitos do Espiritismo. Pois bem, vemos agora Telles discorrendo sobre as conquistas tecnológicas da comunicação para convocar os espíritas a utilizarem todas essas conquistas, porém segundo uma visão muito mais de deslumbramento que propriamente consciente da importância de uma postura crítica frente aos meios técnicos. Sem deixar de notar uma singela ingenuidade, como neste parágrafo: “A mídia eletrônica, através do tele-jornalismo, faz do fato a notícia, e as técnicas de cor e movimento impressionam com requintes os sentidos, fazendo que a informação se materialize o mais perto possível da realidade. Na mídia impressa, o jornal diagramado estrategicamente faculta conforto ao leitor na seleção do que lhe interessa”. Nem sequer lhe passa pela cabeça informar o leitor sobre os perigos e as possibilidades de uma mídia manipuladora, tão comum entre nós, e de tal forma sonhada que alguns espíritas desejam utilizá-la até mesmo por conta da presença desses elementos. Ou seja, em acordo com a doutrina da sociedade do espetáculo. O mais contraditório em Telles, contudo, é a ambigüidade com que trata a questão da verdade. De um lado, afirma que a verdade deve ser o “cerne” da notícia, de outro critica os jornais que analisam aquilo que chama de “ocorrências políticas de nossa Seara”. Assim, o discurso atribuído a Telles é pobre em matéria de conceitos e próprio de um estudante de jornalismo recém-aprovado no vestibular. Com todo respeito ao estudante. Quanto ao estilo, nada há que lembre o incrível espírita da primeira hora.

O vazio da desinformação

Outros autores sugerem-nos um certo estranhamento. Vejamos três deles: Armando de Oliveira Assis, Wantuil de Freitas e Francisco Thiesen. Os três, juntamente com Leopoldo Cirne, Ewerton Quadros e Bezerra de Menezes são ex-presidentes da FEB. Sobre Bezerra, falaremos ao final, quando da análise da mensagem “Atitude de Amor”. Ewerton e Cirne deixaremos para outra ocasião. Os seis, entretanto, assinam quinze das 57 mensagens contidas no livro. Os três primeiros, somados, exerceram a presidência da FEB por cerca de 60 anos. Wantuil foi quem deu a tessitura final ao Pacto Áureo, objeto importante do livro Seara Bendita. Armando o sucedeu e foi quem teve o período mais curto: apenas cinco anos como presidente. E Thiesen, também com um longo período à frente da instituição, foi, digamos, o artífice, o estrategista da FEB no sentido de reunir em torno dela as forças nacionais que lhe faltavam para que assumisse em definitivo o comando do movimento oficial, eliminando as principais resistências.

Nem Thiesen, Wantuil ou Armando dá qualquer sinal a respeito do período em que esteve à frente da FEB. Aqui e ali, esporadicamente, aparece uma que outra menção sobre mudança de visão da realidade no pós-morte. Objetivamente, porém, nada. O estranhamento ocorre, na verdade, porque estes três personagens estiveram no comando e, portanto, capitaneando todas as decisões que dizem respeito ao movimento espírita de 1940 até os dias atuais. Em Seara Bendita, os três passam a ter existência efetiva apenas a partir do momento mesmo em que começam o seu discurso e este discurso está desvinculado de qualquer fato ocorrido anteriormente. É como se nada tivesse existido antes, mas é exatamente isso que provoca certo desconforto em quem os lê a partir de uma ótica histórica. O Pacto Áureo encerrou um período político em que a autoridade da FEB era contestada e, do ponto de vista da coordenação do movimento, encontrava-se imobilizada. A assinatura do acordo, se não aplacou as resistências à FEB, deu-lhe respaldo e permitiu-lhe estabelecer a estrutura que lhe convinha politicamente. Wantuil vive este período decisivamente e vai deixar a FEB consolidada em 1970. Armando substitui-lhe e passa cinco anos em luta intestina, movido por idéias aparentemente novas, mas conservadoras na essência. Ainda assim, é vencido. Thiesen assume com mãos firmes e articula um plano político, vencendo um a um os conflitos que se formam até que a FEB também se consolida politicamente. Todos os três possuem, portanto, uma história a contar e muitas reflexões sobre o passado a fazer. Em Seara Bendita, onde o Pacto Áureo é reverenciado e ao sistema unificacionista é oferecida uma proposta de atualização, nenhum deles faz qualquer menção ao passado e a sua atuação. Sequer ao processo de amadurecimento de suas idéias ou às razões que os conduziram a repensar o que haviam feito. Dessa forma, a crer que a ordem das mensagens no livro obedece a uma cronologia, Armando é o primeiro dos três a aparecer, e o faz exaltando os 50 anos do Pacto Áureo comemorado no congresso da FEB em 1999, para então, a partir de um discurso moralista em que se coloca como autoridade no assunto, chamar para uma reflexão em torno de mudanças e atualizações. Wantuil de Freitas, por sua vez, nas duas mensagens que assina, além de não apresentar referências ao passado, seu e da instituição, mantém o tom moral e a postura de autoridade para aconselhar sobre o assunto. Por fim, Thiesen, aquele que mais recentemente retornou à vida espiritual, discursa no mesmo tom dos dois primeiros, ou seja, como autoridade que nada tem a considerar sobre o seu passado, mas possui todas as razões para apontar as falhas atuais e admoestar quanto ao futuro: “Quando os planos dos homens cerceiam os de Deus, então a Providência Divina entra em regime de exceção e age definindo e consolidando as premissas elementares à demanda”.

Falta a estes discursos, como aos dos demais autores, esse fio condutor das idéias capaz de lhes dar sustentação e proporcionar ao leitor condições de análise. A omissão generalizada ao passado constitui uma supressão das raízes dessas mesmas personalidades. A opinião, por exemplo, de que eles todos mudaram sua forma de pensar a respeito daquilo que constituiu boa parte de suas lutas mais recentes no plano dos encarnados não passa de frágil justificativa, uma vez que eles retornam ao campo de batalha para prosseguir, mas não apresentam razões para outro agir e pensar. Todos eles estão fortemente comprometidos com a situação atual, como artífices dela e, no entanto, não demonstram consciência disso.

Médiuns e produto mediúnico

Complexo, o fenômeno mediúnico se apresenta tendo como elementos integrantes o médium e o Espírito comunicante e como produto final a mensagem. Além disso, possui um contexto. Quatro aspectos indissociáveis, portanto. A análise de Seara Bendita, até aqui, considerou questões relativas aos autores espirituais e ao produto mediúnico, restando refletir sobre os médiuns-receptores e o contexto. Como o contexto em que os médiuns atuam nos é pouco conhecido, dar-lhe-emos menor atenção. Sabemos, por exemplo, que o Inede é uma instituição respeitável e idônea. Temos também as informações constantes da página de apresentação do Inede, referida anteriormente, inclusa na seção Apêndice e ainda algumas alusões que surgem em uma ou outra mensagem. Mas não podemos deixar de destacar novamente que este ambiente está envolto em uma atmosfera favorável ao tema do movimento de unificação, com expressiva influência, portanto, sobre os Espíritos manifestantes.

O livro carece de algumas outras informações que poderiam deixar mais claro o processo mediúnico e o trabalho de cada médium, o que nos daria maiores condições de análise. Por exemplo, as mensagens não informam sobre a data em que foram recepcionadas, bem como o médium que as recebeu, procedimento esse muito necessário para especificar a responsabilidade em cada caso. Apenas a mensagem que compõe o prefácio informa a data em que foi escrita, mas não o médium que a recepcionou. Em obras de autoria múltipla, detalhes dessa natureza costumam estar esclarecidos de forma a eliminar possíveis dúvidas e definir com clareza as responsabilidades. Um bom exemplo pode ser visto no trabalho de parceria mediúnica entre Chico Xavier e Waldo Vieira.

Atitude de Amor

Chegamos agora ao ponto culminante do livro. Como dissemos anteriormente, a mensagem final do livro Seara Bendita, intitulada “Atitude de Amor”, é o seu momento maior. Tem por objetivo instituir um novo período na história do Espiritismo, ao qual denomina ‘período da maioridade das idéias espíritas”. Seu autor é Cícero Pereira, mas a maior parte do texto é atribuída a Bezerra de Menezes. A observação é feita pela própria editora em nota de rodapé: “o texto que se segue é a descrição que o autor espiritual fez da palavra de Bezerra de Menezes”. O termo descrição está aí mal colocado. Melhor seria transcrição. Descrever é relatar, narrar com detalhes algum fato ou acontecimento. O que o autor faz na verdade é uma transcrição das palavras de Bezerra. Isto está muito claro. Observe como a transcrição começa: “Irmãos, Jesus seja a nossa inspiração e Kardec a luz de nossos raciocínios”. Até o momento em que passa a transcrever o autor de fato descreve um acontecimento. Daí por diante, outra personalidade assume a fala. Pouco antes do final, o autor retoma a descrição e apresenta suas conclusões. A utilização do termo descrição para a fala de Bezerra revela certa confusão que parece conduzir para além do simples equívoco terminológico. E aqui começam algumas estranhezas que merecem reflexões.

Assim como a redundante nota de rodapé reafirma o que já está claro, todo o texto aparece intercalado por subtítulos possivelmente criados após o fim da sua elaboração, mas criados não pelo autor e sim por um organizador alheio a ele. Porque são subtítulos cuja função máxima é chamar a atenção para o autor da fala, reafirmando, assim, a sua autoridade. São em número de cinco e todos eles repetem a expressão: “a palavra de Bezerra”. Isto não teria nenhuma importância se fosse um caso isolado, mas a verdade é que todo o livro se vale, repetida e ostensivamente, dos autores que assinam as mensagens, atribuindo-lhes um efetivo destaque, o que está assinalado na própria apresentação do livro.

Outras estranhezas se sucedem. Cícero inicia o relato referindo-se a uma reunião que teria ocorrido na primeira noite após o encerramento do Congresso Espírita de Goiânia, onde se comemorou os cinqüenta anos do Pacto Áureo. Mais de cinco mil pessoas foram convocadas a ouvir a palavra de Bezerra de Menezes. Havia representantes de vários continentes, sendo que todos os estados brasileiros também se fizeram presentes (com representantes encarnados, supõe-se) e na impossibilidade de apontar todos os nomes, o autor relaciona alguns. Para nossa surpresa, ao lado de Deolindo Amorim e José Herculano Pires lá está ninguém menos que Jean Baptiste Roustaing. Um impacto! E a surpresa não fica apenas aí. Quando Bezerra encerra o seu discurso, “um dos mais procurados para o abraço afetivo e a palavra amiga”, segundo o relato de Cícero, era ele, Jean Baptiste Roustaing, que se encontrava “em um canto discreto do salão (…) cercado por amigos da Itália e da França”. Como se vê, temos bastante material para refletir, antes mesmo de entrar em considerações sobre o discurso de Bezerra.

Anote-se: está se transformando em lugar comum as mensagens que fazem referência a reuniões portentosas do plano espiritual realizadas com o apoio dos Espíritos Superiores. Se verdadeiras ou não tais reuniões, não se tem como aferir. Em 1997, o médium e médico Antonio Baduy Filho disse ter recebido uma mensagem que se referia a uma dessas importantes reuniões havidas no plano espiritual, pela qual se comprovava que Chico Xavier era Kardec reencarnado. A mensagem de Baduy, contudo, não resiste a uma análise séria. Em Seara Bendita a principal mensagem tem como contexto uma dessas reuniões. Mas o que torna a questão suspeita nem é apenas a reunião, mas o peso a ela atribuída. Sabe-se perfeitamente que Espíritos Superiores jamais se servem de questões divisionárias em suas manifestações e menos ainda quando essas questões são secundárias, sem nenhum valor real para os destinos da humanidade. Que importância tem se Chico Xavier era ou não a reencarnação de Allan Kardec. Nenhuma. Entretanto, Baduy ficou plenamente convencido do valor da mensagem, concluindo que ela tinha o condão de pôr um ponto final à polêmica. Claro, a favor de sua própria opinião a respeito do assunto! “Atitude de Amor” segue por essa trilha com as referências a Roustaing. A centenária discussão acerca das teses roustainguistas continua presente em nossos dias. Com que finalidade Espíritos Superiores a alimentariam?

Outro detalhe estranhável é a referência ao encontro de Bezerra com Ermance Dufaux ao final da reunião. O relato é insosso. Cícero fica boquiaberto com a reação de Bezerra, que teria emudecido diante da ex-médium. Como alguém que não encontra palavras para se expressar. Mas isso dura pouco porque ele logo retoma o domínio de si, enaltece-a e espontaneamente lhe diz que providenciaria apoio para sua disposição de continuar a jornada pelo Espiritismo. Surgem lágrimas no rosto de Ermance, pois ela descobre que Bezerra havia lido seus pensamentos mais íntimos. Eis um bom final de folhetim.

“Atitude de Amor” procura ser uma espécie de gran finale do livro. Suspeita-se que não seja tão grande assim. Vejamos rapidamente o discurso de Bezerra, que ocupa quase noventa por cento de seu espaço. A mensagem contida no discurso é interessante: trata-se de estabelecer uma crítica a respeito do futuro do movimento de unificação, a partir da constatação de que as conquistas nesse terreno foram incontestáveis. O caminho, contudo, é longo. Todos fizeram o que puderam. Eis então que Bezerra se serve de um exercício matemático para dividir a história do Espiritismo em três períodos de setenta anos cada: o primeiro caracterizado, segundo ele, pela “consagração das origens e das bases em que se sustenta a doutrina”. Algo como uma luta para manter a sua integridade textual. O segundo período teria se encerrado por volta do ano 2000. Foi o “tempo da proliferação”, mérito das entidades da unificação. E o terceiro período, que terá pela frente cerca de sessenta e cinco anos mais, será o da “maioridade das idéias espíritas”, da ética do amor, ou melhor, da Atitude de Amor. Eis a razão para o título da mensagem.

Agora, vejamos. A divisão da história do Espiritismo em três períodos iguais de setenta anos só faz sentido para quem tem uma proposta, como o autor. Serve para justificá-la. E a proposta é justamente a de um terceiro período que se apresenta como um novo tempo a ser marcado pela ética do amor, garantido por reencarnações de peso já adrede programadas. Note-se este detalhe: reencarnações de peso adrede programadas. Tudo muito bom não fora alguns senões. Primeiro essa fixação em períodos rígidos, impossíveis de serem garantidos e sabiamente relativizados até por inteligências comuns entre nós. Segundo, o fato de que este novo tempo não passa de uma abordagem moral e a questão moral está presente no Espiritismo como um conteúdo decorrente de sua filosofia, portanto, ela é, em si mesma, a própria essência doutrinária. Apontá-la como motivo para um período novo é relegar a própria realidade. O que se apresenta como novo é de fato velho, mesmo sob o argumento de que chegou a hora de prática e discurso andarem juntos ou que o tempo novo é o tempo das atitudes. O exercício da ética só é possível através da atitude.

Todavia, é preciso considerar que a proposta do novo tempo mostra seu sentido real exatamente quando refletimos sobre a presença no texto dos quatro tópicos seguintes. No primeiro, o autor cuida de apontar o principal inimigo dos espíritas: o orgulho. Mas o orgulho aqui é tomado como entrave à aceitação de mudanças estruturais que o movimento espírita necessita, pois todo o livro é um esforço para convencer de que este movimento precisa de novos ares (do que não discordamos, em particular). Portanto, a não aceitação da proposta implica em deixar-se levar pelo orgulho. No segundo tópico se explora aquilo que se chama atitude primordial, que outra não é que “aprendermos a amarmo-nos uns aos outros”. Também aqui se pode concluir que em não se mudando, implicitamente também não nos amamos. O tópico seguinte, o terceiro, apresenta a diretriz insuperável, e mais uma vez trata-se de um conteúdo moral: a diretriz é o amor ao próximo, ou seja, em não se adotando as novas idéias se estará demonstrando falta de amor ao próximo. Finalmente, o quarto tópico, este, sim, provido de uma solução: a educação, que deve ser privilegiada pelos centros espíritas, os quais têm por dever permutar experiências entre si e constituírem-se em “cooperativas do afeto cristão”, instaurando o período da unificação ética a ser aceito e trabalhado pelas federativas que integram o Pacto Áureo. O Espírito se declara em campanha “pela renovação das atitudes”, contra as más atitudes, que são, segundo ele, um problema real.

Não há propriamente um projeto consistente. Não que se condene a proposta ética, nem que se veja na sua fusão com a ética da alteridade algo nocivo. Absolutamente. O aporte dos estudos da alteridade pelo Espiritismo só pode lhe fazer bem. Também não se coloca em dúvida muitas das críticas alusivas ao movimento espírita institucionalizado. A questão não é essa. O que se estranha é o uso de antigas mensagens e soluções como se elas constituíssem novidade. Talvez fosse bem melhor assumir as críticas, repetimos, muitas delas consistentes, sem o aporte das possíveis personalidades apresentadas como autores, pela razão mesma da impossibilidade de comprovar a autoria e pelas diversas estranhezas apresentadas.

Conclusão

Quando analisado em seus detalhes mais significativos, Seara Bendita demonstra possuir vícios insanáveis. Isso não é pouco. Se adicionarmos alguns argumentos tornados públicos, como o que estranha o pensamento de Bezerra de Menezes aí presente não corroborado através de outros médiuns, as dificuldades aumentam. Procura-se uma explicação razoável para o fato de Bezerra, por exemplo, não reforçar esse seu projeto quando se manifesta por Divaldo Franco nas reuniões do Conselho Federativo Nacional, ali, onde exatamente o Pacto Áureo se materializa. E mais, questiona-se sobre as razões pelas quais ele sequer faça menção a esse projeto naquelas manifestações, quando o apresenta como da mais fundamental importância, especialmente por apontar um novo período de sete décadas para o Espiritismo mundial.

Apesar disso, não está em jogo a idoneidade dos médiuns, nem se utiliza dessas reflexões para colocar em dúvida o esforço e a intenção daqueles que instituíram e conduzem o movimento “Atitude de Amor”. Lamenta-se, apenas, que não possamos emprestar ao livro todo o nosso empenho, especialmente ao seu esforço de convencer as lideranças espíritas para necessidades tão prementes, como aquela de encontrar um consenso capaz de reunir em um só conjunto de mentes toda a diversidade de pensamento presente no Espiritismo brasileiro e mundial, pois estamos, hoje mais do que antes, convencido de que o Espiritismo somente conseguirá ampliar significativamente sua influência social quando alcançar a maturidade da convivência respeitosa e solidária na diversidade. Para que tal ocorra, só necessitamos de um projeto de princípios mínimos e estes princípios não são outros senão os princípios básicos da doutrina, fora dos quais, sem dúvida, não há Espiritismo. No dia em que esses princípios constituírem a base da nossa convivência, toda a diversidade estará representada de forma digna e respeitosa. E o Espiritismo conhecerá um novo e coerente tempo.


 

1 Seara Bendita é uma publicação da Editora Inede, de Belo Horizonte, psicografia de Maria José C. Soares de Oliveira e Wanderley Soares de Oliveira, assinada por diversos Espíritos, 1a edição, ano 2000.

2 Sempre fui um admirador de Cairbar e Vinicius, estudando-os com grande interesse por longo tempo. Sou autor, com Eduardo Monteiro, de suas biografias, respectivamente “Cairbar Schutel, o Bandeirante do Espiritismo” e “Vinicius, Educador de Almas”.

A posse, o poder, o silêncio

 

A estratégia da FEB de dominação do Espiritismo brasileiro se consolida.

 

Estou estarrecido! Mas, antes, façamos uma digressão esclarecedora.

Quando a Abrade era, ainda, Abrajee, ou seja, Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas, uma manobra urdida na calada da noite e dada a conhecer quando o fato já estava consumado levou a Abrajee a integrar-se ao Conselho Federativo Nacional, o conhecido CFN da FEB (Federação Espírita Brasileira).

Todo aquele que se interessa pela história sabe do que estou falando. Todo aquele que entende a importância da preservação da liberdade de pensamento e expressão compreende as consequências do fato. A FEB estava, então, sob a presidência de Francisco Thiesen, o estrategista, que tinha como um de seus aliados o professor José Jorge e que encontrou em Américo de Oliveira Borges, presidente da Abrajee, o canal passivo e deslumbrado. Consequência: Américo redigiu uma carta que José Jorge rapidamente entregou a Thiesen que aceitou e encaminhou a aprovação. Se você quiser, pode entender melhor assim: Thiesen sugere a José Jorge que sugere a Américo que aceita a sugestão e, ato contínuo, percorre o caminho inverso.

Da surpresa ao estouro foi um passo. O estrategista da FEB dividiu os escritores e jornalistas espíritas, como quem sabia que reinaria após. Era previsível, como de fato ocorreu, que parte dos sócios da Abrajee reagiria com furor contra a arbitrariedade urdida, num ato sem precedentes que colocava a Abrajee, nascida do ideal de Deolindo Amorim e seus companheiros, sob a tutela da FEB. Ao tornar-se membro do CFN, por conta dos regulamentos deste, a Abrajee ficaria sem seu livre-arbítrio, sem sua voz, sem capacidade moral de opor-se aos desmandos naturais do ser humano e daqueles que detêm o poder, sequer teria condições para oferecer o conhecimento que, por ventura e eventualmente, estivesse na direção contrária das ideias defendidas secularmente pela FEB.

Logo aquela que nascera para se opor ao arbítrio da ditadura de Vargas e às pressões sociais que tinham por trás a Igreja, estava, agora, catapultada à FEB. Era toda uma história de lutas e de mudanças alcançadas sob a bandeira da liberdade de pensamento e expressão que estava sendo enterrada para atender aos que pensam o Espiritismo pela cartilha da opressão e da asfixia intelecto-moral.

Quando o primeiro Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas aconteceu, falar-se em congressos espíritas no Brasil, para discutir ideias e avançar conhecimentos era tido como ousadia inaceitável, que a FEB deveria, como de fato o fez, condenar. Mas Deolindo e amigos fizeram algo maior e de tal vulto que não havia como deter. Um congresso para demonstrar à sociedade a força moral do Espiritismo, o seu direito ao espaço e à voz se transformou, logo e felizmente, num espaço público permanente de discussão, algo só explicável se compreendermos os anseios daqueles que pensam a doutrina livre e sabem da importância da liberdade, anseios estes jamais contemplados publicamente, até então, em solo brasileiro.

O momento chegou e por vias transversas. Sólidos segmentos da sociedade brasileira, tendo ao lado o famoso DIP do governo Vargas, apresentavam sérias ameaças à continuidade do pensamento baseado nas obras de Allan Kardec. Deolindo e amigos pensaram um evento que tivesse repercussão e desta surgisse um dique de contenção a tais ameaças. Conseguiram mais. Ao juntar jornalistas e escritores, juntaram os segmentos de mais forte presença na defesa do livre pensar e do livre falar, que por sua vez seguiu uma rota que ultrapassou os objetivos iniciais, por descobrir que havia uma ação asfixiante nas próprias hostes espíritas e contra esta um congresso de seres humanos pensantes cumpriria um papel importante. O Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas constituiu o fator de libertação da mordaça e levou, desde cedo, grandes preocupações à FEB e aos seus anseios de dominação do pensar e do saber doutrinário.

A FEB levou 50 anos – exatamente, meio século, considerando-se que o ano de 1939 foi o do primeiro congresso de jornalistas e escritores espíritas – para realizar algo que se assemelhasse de leve a um congresso e quando o fez, a Abrajee já havia realizado nove congressos nacionais. E a FEB, até hoje, não conseguiu realizar um único congresso como se deve pensar um congresso, onde a tribuna seja entregue àqueles que têm o que dizer e não àqueles que dizem o que lhe dizem pra dizer, ou àqueles que, de tanto repetir o lugar-comum cavam um fosso entre o saber e o progresso, tornando-o intransponível.

Jornalistas e escritores, entretanto, pensam, escrevem e informam. Isso é perigoso para uma instituição que tem sua forma particular de ver e entender a doutrina. Thiesen, o estrategista, ardilosamente envolveu a direção da Abrajee, oferecendo-lhe um naco de poder, reproduzindo as experiências bem sucedidas com as quais ele havia logrado levar para a sombra da FEB outras inteligências espíritas.

Nunca mais – repito, nunca mais – a Abrajee conseguiu promover um outro congresso. O estrago estava feito, os espíritas da Abrajee já não mais se entendiam. Uma vez abrigada formalmente no cenáculo febiano, Thiesen tratou de jogar a chave porta afora. E mesmo estando a Abrajee reduzida a um quadro de sócios insignificante, seu nome continuou a figurar entre os representantes estaduais no CFN, com a diferença de que, submissos, os representantes das federativas podem entrar e sair do cenáculo a cada reunião, mas a Abrajee, essa não, lá permaneceu e lá permanece até hoje, presa no seu cárcere privado.

Após longas noites de inverno rigoroso, alguns espíritas conseguiram reunir os cacos da antiga Abrajee e fizeram-na retornar sob outra denominação: Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo (Abrade). Ainda assim não se encontrou a chave que pudesse devolver a liberdade aos jornalistas e escritores espíritas, pois que estes desapareceram e se diluíram na denominação generalista de divulgadores.

A Abrajee não foi só agente de renovação no Espiritismo brasileiro; foi, também, a primeira instituição especializada livre, cuja contribuição à história ainda não pôde ser avaliada convenientemente. Todas as que surgiram depois dela, apareceram muito depois e estão construindo ainda a sua história. A Abrajee teve e tem a sua história, sem, contudo, poder mostrá-la por sua involuntária submissão ao CFN.

Estou estarrecido e agora posso explicar porque!

A era pós-Thiesen é a era da consolidação da Estratégia Thiesen. E quem a consolida? Aqueles mesmos a quem ele um dia revelou as delícias do poder e atraiu para junto de si, polindo suas crenças e hábitos. A FEB é a Casa de Ismael, Ismael é o poder. A FEB é o Espiritismo, o Espiritismo é a FEB. O que mais quer um homem sonhador, que imagina o Espiritismo se entranhando na sociedade mundial e oferecendo as delícias do novo reino?

A Estratégia Thiesen está em franco desenvolvimento. Catapultada a Abrajee, as demais especializadas que apareceram no cenário não tiveram e não têm outro caminho senão se aliarem ao CFN. Assim foi, assim é.

A consolidação implica em rearranjo. As Especializadas, Abrade inclusa, foram informadas que não fazia sentido elas terem assento no CFN, uma vez que são entidades nacionais e o CFN é constituído por entidades estaduais. Ninguém percebeu a trama, ninguém questionou: mas só agora é dito isso? Pelo contrário, todos ficaram satisfeitos, convencidos, viram bom senso nisso, sentiram-se valorizados e respeitados.

Poder não se elimina, substitui. Sem o poder, o inimigo aparece. A FEB sabe-o bem e a Estratégia Thiesen é o instrumento e ao mesmo tempo o antídoto a isso. Vamos lá, as Especializadas, Abrade inclusa, vão formar o seu conselho e vão subsidiar a FEB com seus conhecimentos e suas experiências. E mais, terão plena liberdade para decidirem o seu destino, os seus programas, as suas aspirações. Ninguém perguntou pela Liberdade com L maiúsculo? Ora, nem é preciso, pois a resposta está dada: todos são livres no seu pensamento. Pra que questionar?

Eis, pois, que surge – atentem bem para o título imponente – o Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas da FEB. Estranhou? Mas por que? As Especializadas foram elevadas ao plano superior do Espiritismo brasileiro e são agora o CFN das Especializadas da FEB. Sim, não são Livres e não precisam ser. São da FEB, de Ismael, a voz máxima do Espiritismo no Brasil.

Mais do que isso. Acabam de aprovar um Regimento Interno impositivo avalizando a FEB no seu direito de orientar, até, o que deve ser uma Especializada, como deve proceder, que limites deve aceitar e que aspirações precisam aspirar.

A notícia me chega pelo Marcelo Henrique e chega nestes termos:

“Foi aprovada a minuta do Regimento Interno do referido CNE-FEB, o qual foi exaustivamente discutido entre os presentes, e que guarda simetria com o Regimento Interno do CFN, onde foi baseado, com pequenas distinções em relação à natureza do conjunto que formam as especializadas.” (O grifo é meu.)

O registro está feito: simetria com o Regimento Interno do CFN.

Marcelo, dirigindo-se aos membros da Abrade, esclarece:

“Na sequência, foi definido um período de 30 (trinta) dias, ou seja, até 12.11, para a apreciação do Regimento pelos membros das especializadas, razão pela qual estou encaminhando o texto em anexo. Destaque-se que eventuais alterações não poderão ser “de mérito”, ou seja, alterarem a “essência” de cada um dos dispositivos, sendo permitido, apenas, a correção ortográfico-gramatical, de sentido ou apontamentos visando facilitar a interpretação das normas. Após este prazo, o mesmo será submetido à Diretoria da FEB, para apreciação e homologação e, após, será dada ciência ao CFN e ao movimento espírita em geral. Peço, assim, especial atenção dos companheiros desta ambiência para apreciarem o texto e enviarem suas contribuições, caso necessário.”

Ou seja, Maria pode casar com quem quiser, desde que seja com João. Claro, o caminho seguido para a aprovação é o mesmo de sempre – e quem vai se incomodar com isso? – o das decisões intramuros, por um conselho de Cardeais, por ser desnecessário discutir com os membros de cada Especializada, visto que os Cardeais são suficientes em saber o que é bom, o que é melhor e o que todos devem fazer.

A prova da consolidação da Estratégia Thiesen vem evidenciada no texto do Regimento aprovado (com tal transparência que ninguém, absolutamente ninguém jamais tinha ouvido falar deste documento).

Vejamos algumas de suas partes, a começar pelo artigo 1º:

“O Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas, abreviadamente CNE-FEB, criado em consequência da Reunião Ordinária das Entidades Espiritas Especializadas na sede da Federação Espírita Brasileira, em Brasília-DF, nos dias 6 e 7 de abril de 2013, é o órgão de Apoio e Orientação Técnica da Federação Espírita Brasileira.” (Preciso, novamente, grifar, por óbvias razões.)

Ou seja, está explicitado, com clareza meridiana, que o conselho pertence à FEB e não às Especializadas que ali aderiram. O “da FEB” não significa, em absoluto, que as Especializadas vão dar apoio e orientação técnica à FEB. Pelo contrário, a FEB é que, do mais alto degrau da sua escada de Jacó, dará orientações ao movimento espírita pelo canal de comunicação denominado Especializadas.

O parágrafo único é único, de fato, além de bastante esclarecedor. Diz ele:

“Considera-se entidade especializada para os fins deste regimento interno aquela que atue com o caráter nacional, dentro de sua área de especialização, com vinculação à Doutrina Espírita e ao Movimento Espírita e cujo estatuto apresente os seguintes objetivos e finalidades.”

A série de itens que integram esse parágrafo é uma peça das mais bem elaboradas em termos de vestir toda e qualquer Especializada com a mesma roupa, ou como diríamos aqui no Nordeste, com a mesma farda, independentemente dos objetivos precípuos que cada uma deveria ter, uma absurda padronização inconcebível a qualquer mediano entendimento.

Vejamos:

“I – promover o estudo e a divulgação da Doutrina Espírita, fundamentados nas obras de Allan Kardec e complementares, mediante a análise e discussão de questões de sua especialidade e interesse do Movimento Espírita ou de instituições e movimentos sociais que, de qualquer modo, possibilitem este acesso;

II – contribuir para o aprimoramento moral e espiritual dos espíritas e demais interessados;

III – promover estudos, cursos, simpósios, seminários, conferências, congressos e publicações;

IV – contribuir, de modo efetivo, para o aperfeiçoamento da Sociedade;

V – manter plena consonância com o Movimento Espírita Brasileiro organizado, sempre de acordo com os princípios básicos da Doutrina Espírita, e defender os interesses e princípios desta junto a quaisquer órgãos ou instâncias, quando as circunstâncias assim exigirem.”

Evidentemente, um texto dessa natureza tem o dedo, a mão, a cabeça e o corpo inteiro da FEB, que o amarra dentro das suas conveniências e transforma as Especializadas em ponta de lança de suas ideias e concepções do que é o Espiritismo. Mais do que isso, o texto aperta os laços, sufoca e reafirma quem detém de fato o poder. Assim, é justo perguntar: que Especializada e quem dentre seus membros terá a ousadia de em algum momento levantar para opor-se na defesa da verdade “traída e conspurcada pela mentira”?

Seria exaustivo e desnecessário analisar aqui item por item acima transcrito. Manter “consonância com o Movimento Espírita Brasileiro organizado” é obedecer à organização ditada pela FEB, como o faz o CFN desde sempre, pois este, como o novo CNE, não se pertence, mas à FEB. Tudo o mais é mera ilustração, fogos fátuos, verniz.

O artigo 4º merece, pelo menos, uma menção, visto sua importância para a consciência daqueles que compõem o novo órgão. Ele está lavrado assim, para não deixar dúvida da posse que a FEB tomou das Especializadas, com a plena concordância destas.

“O CNE-FEB é composto:

I – pela Federação Espírita Brasileira, por meio de seu Presidente;

II – por Entidades Espíritas Especializadas admitidas no CNE-FEB e ratificadas pela Diretoria da FEB, por meio de seus representantes.

§ 1º – O Presidente do CNE-FEB, que será o Presidente da FEB, poderá convidar entidades espíritas especializadas a participar de reuniões do Conselho como observadoras.

§ 2º – O Presidente da Federação Espírita Brasileira será substituído, em seus impedimentos eventuais, por um Vice-Presidente da FEB por ele designado e, na ausência deste, pelo Secretário Geral do CNE-FEB.

§ 3º – O representante de cada entidade referida no inciso II deste artigo será o seu dirigente, podendo ser substituído, por indicação deste, por outro membro de sua diretoria.

§ 4º – O Presidente da Federação Espírita Brasileira e o representante de cada entidade referida no inciso II deste artigo poderão contar com assessores, os quais não terão direito a voto, na forma seguinte:

a)  Membros do Conselho Diretor e da Diretoria Executiva, da Federação Espírita Brasileira;

b)  Membros de cada Entidade Espírita Especializada.”

Todo o poder e toda a glória é dada ao chefe supremo do Conselho, o Sr. Presidente da FEB. Ele poderá, à revelia das Especializadas, convidar, desconvidar e decidir em nome de todas. Na ausência do Presidente da FEB, assume um dos seus vices, aquele que receber a sua bênção. Qualquer nova Especializada desejosa de obter um naco de poder na FEB deverá ter, também, a bênção do Presidente da FEB, pois, assim como no CFN, não são os espíritas que decidem, mas aqueles homens missionários ungidos por Ismael.

E pensar que um dia, o atual e o ex-recém-mandatário da FEB formaram entre os que eram a esperança de renovação do Espiritismo brasileiro, cuja origem no pujante movimento espírita paulista fortalecia as razões da esperança.

A primeira palavra é do Presidente da FEB, assim como a segunda, a terceira e a última. Qualquer nova Especializada deverá ajoelhar-se e rezar o credo febiano, esperar os trâmites burocráticos (imagine, entidade especializada nova deverá ter, antes de ingressar no novo órgão, representação em nove Estados brasileiros – qualquer semelhança com as normas legais para fundação de partidos políticos no Brasil não é mera coincidência). E se ela, por acaso, imaginar que há sinonímia entre religião e moral, melhor nem pisar na soleira do cenáculo brasiliense.

Toda burocracia a favor do poder e todo o poder nas mãos dos burocratas. Para manter o poder nada melhor do que especializar-se em normas, ou munir-se de especialistas no direito. Estamos no auge da Estratégia Thiesen e sua consolidação definitiva, portanto, próximos da morte dos ideais espíritas de liberdade. Se é que já não devemos enterrá-los imediatamente, por medida de profilaxia…

A glória assim se faça.

Para conhecimento, segue, na íntegra o

REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO NACIONAL DAS ENTIDADES ESPÍRITAS ESPECIALIZADAS DA FEB

 

CAPÍTULO I

Natureza – Composição – Fins

Art. 1º  –    O Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas, abreviadamente CNE-FEB, criado em consequência da Reunião Ordinária das Entidades Espiritas Especializadas na sede da Federação Espírita Brasileira, em Brasília-DF, nos dias 6 e 7 de abril de 2013, é o órgão de Apoio e Orientação Técnica da Federação Espírita Brasileira.

Parágrafo único – Considera-se entidade especializada para os fins deste regimento interno aquela que atue com o caráter nacional, dentro de sua área de especialização, com vinculação à Doutrina Espírita e ao Movimento Espírita e cujo estatuto apresente os seguintes objetivos e finalidades:

I – promover o estudo e a divulgação da Doutrina Espírita, fundamentados nas obras de Allan Kardec e complementares, mediante a análise e discussão de questões de sua especialidade e interesse do Movimento Espírita ou de instituições e movimentos sociais que, de qualquer modo, possibilitem este acesso;

II – contribuir para o aprimoramento moral e espiritual dos espíritas e demais interessados;

III – promover estudos, cursos, simpósios, seminários, conferências, congressos e publicações;

IV – contribuir, de modo efetivo, para o aperfeiçoamento da Sociedade;

V – manter plena consonância com o Movimento Espírita Brasileiro organizado, sempre de acordo com os princípios básicos da Doutrina Espírita, e defender os interesses e princípios desta junto a quaisquer órgãos ou instâncias, quando as circunstâncias assim exigirem.

Art. 2º –    O CNE-FEB, como órgão de apoio técnico do Movimento Espírita Brasileiro, exerce funções orientadoras, coordenadoras e integradoras no âmbito de suas atribuições e especialidades, preservadas a independência e autonomia das entidades que o compõem.

Art. 3º –    Todas as funções do CNE-FEB, no âmbito das matérias técnicas de especialização de suas entidades integrantes, são exercidas objetivando:

I – unificar e dinamizar o Movimento Espírita Brasileiro;

II – orientar, subsidiar, apoiar e prestar assessoria técnica e doutrinária à Federação Espírita Brasileira – FEB, ao Conselho Federativo Nacional – CFN, às Secretarias das Comissões Regionais e às Entidades Federativas Estaduais;

III – facilitar o intercâmbio, o inter-relacionamento e a discussão de problemas comuns às entidades que o compõem;

IV – promover a união, a confraternização, a concórdia e a solidariedade entre as instituições, para que se verifique completa harmonia de propósitos e unidade no estudo, na divulgação e na prática do Espiritismo.

Parágrafo Único – Os temas que dizem respeito aos objetivos definidos neste artigo serão, quanto possível, transformados em orientações escritas e publicadas, para conhecimento do Movimento Espírita.

Art. 4º –    O CNE-FEB é composto:

I – pela Federação Espírita Brasileira, por meio de seu Presidente;

II – por Entidades Espíritas Especializadas admitidas no CNE-FEB e ratificadas pela Diretoria da FEB, por meio de seus representantes.

§ 1º – O Presidente do CNE-FEB, que será o Presidente da FEB, poderá convidar entidades espíritas especializadas a participar de reuniões do Conselho como observadoras.

§ 2º – O Presidente da Federação Espírita Brasileira será substituído, em seus impedimentos eventuais, por um Vice-Presidente da FEB por ele designado e, na ausência deste, pelo Secretário Geral do CNE-FEB.

§ 3º – O representante de cada entidade referida no inciso II deste artigo será o seu dirigente, podendo ser substituído, por indicação deste, por outro membro de sua diretoria.

§ 4º –                   O Presidente da Federação Espírita Brasileira e o representante de cada entidade referida no inciso II deste artigo poderão contar com assessores, os quais não terão direito a voto, na forma seguinte:

a) Membros do Conselho Diretor e da Diretoria Executiva, da Federação Espírita Brasileira;

b) Membros de cada Entidade Espírita Especializada.

 

CAPÍTULO II

Dos Membros

 

Art. 5º – São consideradas regulares as representações de todas as entidades que compuserem o CNE-FEB na data da aprovação deste Regimento Interno.

Art. 6º – A admissão de novo membro do CNE-FEB (Art. 4º inciso II) ocorrerá nas seguintes hipóteses:

I – mediante requerimento da entidade interessada, acompanhado da documentação de sua constituição e da decisão de sua administração que deliberou a respeito, dirigida a seu Presidente. O Presidente designará um representante de alguma das entidades integrantes para emitir parecer sobre o pedido e o encaminhará à deliberação do plenário do Conselho. Após aprovação por maioria simples dos representantes das entidades integrantes do CNE-FEB, em reunião ordinária ou extraordinária, o requerimento será submetido à aprovação da Diretoria da FEB, na forma de seu Regimento Interno;

II – mediante convite formulado pelo seu Presidente, de ofício ou por indicação de alguma entidade integrante do CNE-FEB. Formulado o convite e aceito pela entidade convidada, a proposta será submetida à deliberação do plenário do CNE-FEB e da Diretoria da FEB, na forma explicitada no inciso anterior.

Parágrafo Único – Somente serão admitidas como integrantes do CNE-FEB entidades especializadas espíritas de âmbito nacional, sendo como tal consideradas as que tiverem representação ou associados com atuação em, pelo menos, 9 (nove) Unidades da Federação.

Art. 7º –    A entidade-membro do CNE-FEB será desligada nos seguintes casos:

I – a pedido;

II – por demonstrar desinteresse em fazer parte do Conselho, ausentando-se por mais de três reuniões ordinárias consecutivas;

III – por conduta incompatível com a Doutrina Espírita.

§ 1º – Nas hipóteses previstas nos incisos II e III, o Presidente do Conselho nomeará previamente Comissão Especial, constituída de três de seus próprios membros, a qual apurará os fatos e apresentará relatório conclusivo ao Presidente, em 150 (cento e cinquenta) dias, prorrogáveis por igual período;

§ 2º – O aludido relatório será apreciado e deliberado pelo Conselho, na reunião subsequente, garantidos o contraditório e a ampla defesa, a juízo da maioria simples dos seus membros;

 

§ 3º – A decisão pelo desligamento será submetida à deliberação da Diretoria da FEB.

Art. 8º –  São direitos das entidades que compõem o CNE-FEB:

I – participar das reuniões do Conselho;

II – ser informadas das atividades realizadas em nome do CNE-FEB;

III – apresentar sugestões de interesse geral que visem dinamizar e atualizar o Movimento Espírita Nacional, no âmbito das matérias de sua especialização;

IV – ter vista de qualquer processo ou proposição, pelo prazo que lhe for deferido pelo Presidente;

V – votar os assuntos submetidos à deliberação do CNE-FEB, sendo possível justificar o voto;

VI – discutir assuntos doutrinários de interesse do CNE-FEB.

Art. 9º –       São deveres das entidades que compõem o CNE-FEB:

I – comparecer às reuniões do Conselho ou justificar, antecipadamente, sua ausência;

II – orientar-se pelos princípios e preceitos da Doutrina Espírita em todas as ações e finalidades objetivadas pelo CNE-FEB e por este Regimento Interno;

III – exercer, com zelo e dedicação, os encargos e atribuições que lhe forem conferidos;

IV – comunicar ao CNE-FEB todas as alterações estatutárias que ocorram em suas administrações;

V – comunicar ao Presidente do CNE-FEB a composição de suas Diretorias e a duração de seus mandatos, bem como as alterações ocorridas.

 

CAPÍTULO III

Das Reuniões

Art. 10 –    O CNE-FEB reunir-se-á ordinariamente uma vez por ano, convocado por seu Presidente. A convocação, por escrito, com antecedência mínima de 60 (sessenta) dias, informará o dia, a hora e o local da reunião, contendo a pauta dos trabalhos.

§ 1º – Considera-se instalado o CNE-FEB no dia e hora constantes da convocação, quando verificada a presença mínima de metade de seus membros e em segunda convocação, com intervalo mínimo de 30 (trinta) minutos, com qualquer número de membros.

§ 2º – Em cada reunião ordinária será fixada a data da reunião ordinária do ano seguinte.

Art. 11 – O CNE-FEB reunir-se-á extraordinariamente tantas vezes quantas se fizerem necessárias, nos seguintes casos:

I – por convocação do Presidente;

II – por solicitação da maioria dos membros do Conselho, em reunião Ordinária;

III – por requerimento escrito, ao Presidente, de pelo menos 1/3 (um terço) de seus membros, no qual seja justificado o motivo do pedido da reunião;

IV – por solicitação de 2/3 (dois terços) da Diretoria da FEB, em requerimento justificado ao seu Presidente.

Art. 12 – O início e o término das reuniões serão precedidos de uma prece.

Art. 13 – Os assuntos sujeitos a deliberação nas reuniões serão os da pauta previamente definida e comunicada aos membros do Conselho.

Art. 14 – O Presidente conduzirá as reuniões de forma a manter a ordem e a harmonia, sendo de sua competência conceder o uso da palavra e interferir ou suspendê-la quando inconveniente ou não pertinente.

Art. 15 – As deliberações do CNE-FEB serão tomadas por maioria simples de votos dos representantes presentes às reuniões, cabendo ao Presidente o voto de qualidade.

Parágrafo Único – Poderá ser objeto de deliberação virtual qualquer matéria de interesse do CNE-FEB constante de pauta previamente divulgada, seja em sistema de fórum eletrônico por meio de programas especializados, seja por correio eletrônico.

Art. 16 – O Presidente designará, nas reuniões, dois secretários para os trabalhos do CNE-FEB, os quais poderão ser representantes, assessores ou membros da Administração da FEB.

Art. 17 – De cada reunião lavrar-se-á ata, que será lida e aprovada pelo Conselho, após ser apreciada na reunião subsequente.

Parágrafo Único–Será dispensada a leitura da ata quando o Conselho dela já tiver tomado prévio conhecimento.

Art. 18 – No uso da palavra, as questões de ordem terão precedência sobre as demais.

Parágrafo Único –O Presidente zelará pela ordem e disciplina dos debates, evitando os apartes quando não autorizados.

Art. 19 – O Conselho poderá nomear Comissões ou Grupos de Trabalho constituídos por representantes das entidades que o integram, para estudo e sugestões sobre assuntos específicos submetidos à sua apreciação.

 

CAPÍTULO IV

Da Administração

Art. 20 – A Administração do CNE-FEB é exercida por seu Presidente, com apoio da Secretaria Geral do CNE-FEB, que será composta pelo Secretário-Geral, Primeiro e Segundo Secretários, que serão eleitos dentre os indicados pelas entidades que o compõem.

§ 1º – O Secretário-Geral, o Primeiro e Segundo Secretários terão mandato de dois anos, permitida uma recondução para o mesmo cargo.

§ 2º – Nas ausências e impedimentos do Secretário-Geral, este será substituído pelo Primeiro-Secretário e, na impossibilidade deste, pelo Segundo-Secretário.

§ 3º – Para as atividades administrativas e de apoio ao CNE-FEB e à sua Secretaria Geral, a Federação Espírita Brasileira designará um Secretário-Executivo.

Art. 21 – Compete ao Presidente do CNE-FEB, além das atribuições constantes deste Regimento Interno:

I – indicar seu substituto eventual para presidir Reuniões Ordinárias e Extraordinárias do Conselho;

II – nomear os integrantes das Comissões ou Grupos de Trabalho instituídos por deliberação do CNE-FEB;

III – comunicar à diretoria da FEB as deliberações do CNE-FEB;

IV – resolver os casos omissos, submetendo ao CNE-FEB os que forem de sua competência.

Art. 22 – À Secretaria Geral, sob a orientação do Presidente, compete:

I – proceder a todos os atos necessários à realização das reuniões do CNE-FEB;

II – garantir apoio administrativo necessário às reuniões do CNE-FEB;

III – cumprir as determinações do Presidente no que concerne ao funcionamento do CNE-FEB;

IV – apoiar e acompanhar o trabalho das Entidades Especializadas no desempenho das respectivas atividades;

V – coordenar, preparar e selecionar o material de apoio ao Movimento Espírita deliberado pelo CNE-FEB, bem como coordenar eventos (cursos, encontros, seminários, entre outros) destinados à formação e ao aperfeiçoamento de multiplicadores e trabalhadores espíritas em âmbito especializado;

VI – coletar, organizar e preservar o registro e a memória dos fatos importantes das atividades espíritas especializadas;

VII – coordenar e acompanhar todas as atividades de comunicação para manter as Secretarias das Comissões Regionais do CFN, as Entidades Federativas Estaduais e os Centros Espíritas informados a respeito das atividades espíritas especializadas;

VIII – manter os membros informados das atividades realizadas pelo do CNE-FEB;

IX – enviar notícias e notas para as mídias impressas e eletrônicas da FEB;

X – expedir e cuidar da correspondência relativa ao CNE-FEB.

 

CAPÍTULO V

Disposições Gerais

Art. 23 –    As instruções que se fizerem necessárias à execução de serviços internos do CNE-FEB serão expedidas por seu Secretário-Geral, supervisionadas por seu Presidente.

Art. 24 – Nenhum membro do CNE-FEB poderá dar publicidade a trabalho seu, subscrevendo-o como membro do Conselho, salvo se o trabalho for previamente lido e aprovado por este.

Art. 25 – Os atos e orientações do CNE-FEB serão assinados por seu Presidente.

Art. 26 – Todos os cargos e funções referidos neste Regimento serão exercidos sem remuneração.

Art. 27 – O CNE-FEB indicará dois representantes para participar das reuniões do Conselho Federativo Nacional.

Art. 28 – A presença de pessoas estranhas às reuniões do CNE-FEB só será permitida com prévia autorização do Presidente.

Art. 29 – Este Regimento Interno, aprovado pelo Conselho Nacional de Entidades Espíritas Especializadas da Federação Espírita Brasileira, nesta data, entra em vigor após sua aprovação pela diretoria da FEB.

 

O QUASE INÍCIO DESTA HISTÓRIA

 

Reproduzo, a seguir, um documento datado de 2005, contendo a proposta original de constituição do Conselho das Especializadas, proposta feita pela Abrade. Vale perceber as diferenças entre a proposta e o desfecho dela, oito anos após.

ENTIDADES ESPECIALIZADAS DE ÂMBITO NACIONAL

RELATÓRIO

Relatório da Comissão designada para estudar o processo de integração das Entidades Especializadas de Âmbito Nacional no Conselho Federativo Nacional, elaborado com base na análise e conclusões ocorridas na reunião realizada em 17 de junho de 2005, em Brasília.

Presentes: Gezsler Carlos West, representando a ABRADE – Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo; Zalmino Zimmerman, representando a ABRAME – Associação Brasileira de Magistrados Espíritas; Jorge Pedreira de Cerqueira, representando a CME – Cruzada dos Militares Espíritas e o ICEB – Instituto de Cultura Espírita do Brasil; Marlene Rossi Severino Nobre, representando a AME-Brasil Associação Médico-Espírita do Brasil; e Nestor João Masotti, representando a FEB – Federação Espírita Brasileira.

Da análise realizada concluiu-se que:

a) As Entidades Federativas Estaduais tem por propósito atender às necessidades do Movimento Espírita no território do seu Estado, dando prioridade, naturalmente, às necessidades de aprimoramento, fortalecimento e multiplicação dos Centros e demais Instituições Espíritas, por se constituírem na unidade fundamental do Movimento Espírita;

b) As Entidades Especializadas de Âmbito Nacional, por sua vez, têm por objetivo atender a uma faixa de atividade própria, vinculada a um determinado segmento social especializado, e voltada, prioritariamente, ao trabalho de reunir espíritas, interagir com o meio espírita, elaborar material, divulgar e realizar eventos, em âmbito nacional, compatíveis com os objetivos específicos para os quais foram criadas;

c) As reuniões do Conselho Federativo Nacional são realizadas dentro do propósito de atender aos interesses do Movimento Espírita Nacional dando prioridade, naturalmente, às questões relacionadas com as Entidades Federativas Estaduais para que cada vez melhor possam realizar as suas atividades;

d) A despeito de os assuntos tratados nas reuniões do CFN atenderem aos interesses do Movimento Espírita em geral, onde as Entidades Especializadas tem contribuído eficazmente na solução cios assuntos tratados, e a despeito, também, de a referida reunião ter se constituído em uma oportunidade de congraçamento dos espíritas de todo o país, fortalecendo os laços de união indispensáveis ao trabalho ele difusão doutrinária em que nos encontramos, os representantes das Entidades Especializadas sentem a necessidade de terem uma reunião própria onde possam avaliar com mais profundidade os assuntos que lhe são comuns, com vistas a permutar informações e experiências, estabelecer uma colaboração recíproca e somar esforços para melhor atender aos seus objetivos estatutários.

Em face do exposto, e com vistas a um adequado encaminhamento do assunto, concluiu-se pela conveniência de enviar à consideração do Conselho Federativo Nacional a seguinte proposta:

1 – Que as Entidades Especializadas de Âmbito Nacional se reúnam, ordinariamente, uma vez por ano, de preferência em dias que antecedem a reunião elo CFN, para tratar ele assuntos de interesse elo Movimento Espírita Brasileiro que requisitem a atividade conjunta dessas Entidades, reunindo-se, também, extraordinariamente, sempre que se fizer necessário.

2 – Que outras Entidades Especializadas de Âmbito Nacional sejam convidadas, oportunamente, a unir-se às atuais nesse trabalho conjunto, desde que desenvolvam suas atividades dentro dos princípios doutrinários contidos nas obras básicas de Allan Kardec que constituem a Codificação Espírita.

3 – Que fique consagrado, de conformidade com os princípios doutrinários que norteiam o trabalho de união dos espíritas e de unificação do Movimento Espírita, que as Entidades Especializadas de Âmbito Nacional que participarem desse trabalho conjunto, manterão, naturalmente, a sua autonomia, independência e liberdade de ação, compreendendo que esse vínculo de união ao trabalho conjunto tem por fundamento e objetivo, tão somente, a solidariedade e a fraternidade.

4 – Que para facilitar esse trabalho conjunto das Entidades Especializadas de Âmbito Nacional propõem a criação e manutenção de uma Secretaria de Apoio por parte da Federação Espírita Brasileira.

5 – Que as Entidades Especializadas de Âmbito Nacional, sejam convidadas a estar presentes nas reuniões do Conselho Federativo Nacional, não mais como Entidades a ele pertencentes, mas sim como entidades de finalidades específicas que – conscientes da imperiosa necessidade da união operacional e fraternal dos espíritas para a difusão da Doutrina e com base no conhecimento de que são portadoras, inclusive em decorrência da sua própria especialização -, colaboram com suas sugestões, esclarecimentos e orientações, na solução dos assuntos cada vez mais complexos, de interesse do Movimento Espírita nacional, que cabe àquele órgão deliberar.

6 – Que o esquema de trabalho proposto seja colocado em prática, em caráter experimental, independentemente de alteração do Estatuto e do Regimento da Federação Espírita Brasileira, pelo prazo de cinco anos, tempo que se acredita necessário para avaliar o resultado do seu funcionamento.

Brasília – DF, 10 de novembro de 2005.

(ass.)

ABRADE Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo: Gezsler Carlos West

ABRAME Associação Brasileira de Magistrados Espíritas: Zalmino Zimmerman

AME-Brasil -Associação Médico-espírita do Brasil: Marlene Rossi Severino Nobre

CME Cruzada dos Militares Espíritas: César Soares dos Reis

ICEB Instituto de Cultura Espirita do Brasil: César Soares dos Reis