Confesso que me constrange ver espíritas fazendo apologia de si mesmos. Retorno ao assunto pelo fato de leitores me solicitarem a opinião sobre casos e pessoas específicas.
Não cabe aqui ficar nomeando este ou aquele, nem mesmo neste tipo de situação. Basta o constrangimento que nos causam. E de mais a mais eles estão aí, na imprensa espírita e nas redes sociais, podendo ser facilmente identificados.
Parece que entre os danos morais que a vaidade ocasiona está uma notória desfaçatez e uma incapacidade absurda de não perceber o nível a que descem.
Lembra-me Augusto Veiga, um velho solteirão de minha terra natal. Tinha ele uma vida estável por conta de sua condição social familiar, mas precisava falar ao mundo que existia e era uma pessoa útil à comunidade. Escrevia semanalmente no jornal da cidade, especialmente notícias sobre acontecimentos locais ou nas metrópoles e, por hábito, sempre terminava referindo-se a si mesmo como sujeito de atitudes importantes. Falava na terceira pessoa do singular. Dizia assim: o jornalista Augusto Veiga esteve presente representando o doutor fulano de tal. E transcrevia pronunciamentos que havia eventualmente feito. Ele, na verdade, era a notícia. O acontecimento narrado apenas servia de mote para introduzir a si próprio, atribuindo-se destaque. Era contumaz nesse tipo de comportamento. Ninguém no jornal lhe dava mais crédito e os leitores se acostumaram com essas notícias sem valor. Com o tempo, tornou-se figura de chacota nas conversas de esquina. (mais…)